28/08/2017 às 08h15min - Atualizada em 28/08/2017 às 08h15min

Santo Agostinho

Antonino Luiz Rodrigues Lopes

Aureliano Agostinho nasceu em Tagaste, província romana localizada na África, tendo falecido em Hipona, no mesmo Continente, onde atualmente se localiza a Argélia. Viveu entre os anos 354 e 430 d.C., tendo ocupado, em Hipona, o Cargo de Bispo da Igreja Católica. Estas despretensiosas linhas são, pois, escritas, não com o escopo principal de dar visibilidade a aspectos históricos da vida deste respeitável Santo da Igreja Católica, embora sua Biografia mereça destaque, mas sim a nuances relativas a seu pensamento filosófico.

No âmbito da Filosofia Cristã, da Idade Média (Idade das Trevas), Agostinho pertenceu à Linha Patrística de pensadores, tendo se envolvido com diversos temas controversos, colecionando renomados oponentes ideológicos, como, por exemplo, o importante Teólogo Pelágio.

Entre as principais Obras Filosóficas de Santo Agostinho, podemos citar “A Cidade de Deus” e “Confissões”, sendo certo que, desta última, ousamos extrair o seguinte fragmento:

“O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas são dotadas dum certo atrativo. O prazer de conveniência que se sente no contato da carne influi vivamente. Cada um dos sentidos encontra nos corpos uma modalidade que lhes corresponde. Do mesmo modo, a honra temporal e o poder de mandar e de dominar encerram também um certo brilho, donde igualmente nascem a avidez e a vingança. (...)

A vida neste mundo seduz por causa duma certa medida de beleza que lhe é própria, e da harmonia que tem com todas as formosuras terrenas. Por todos estes motivos, e por outros semelhantes, comete-se o pecado, porque, pela propensão imoderada para os bens inferiores, embora bons, se abandonam outros melhores e mais elevados, quais sejam, a Vós, meu Deus, à vossa verdade e à vossa lei.”

Observa-se, então, que um dos aspectos filosóficos que mais intrigaram Santo Agostinho, foi a questão que envolve a liberdade humana e o pecado. Ele entende que a vontade é uma força que dá impulso à vida, sendo ligada ao corpo, mas, ainda assim, não é uma função ligada ao intelecto, que seria, segundo o filósofo, “a capacidade de discernir entre o Bem e o mal” (a alma). Como Agostinho também proclamava ser a “alma” superior ao corpo, tem-se que a liberdade humana de agir (Livre Arbítrio), é própria da vontade (corpo) e não da razão (alma). Todas as vezes que um homem cede aos anseios da sua vontade (corpo), em detrimento das ações consideradas melhores, comete o pecado, sendo que, segundo Agostinho, “pecar é afastar-se de Deus”.

Agostinho ainda afirma que o homem não tem Direito de ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar livremente sobre sua conduta. Entretanto, tendo-se em vista que o que conduz os atos do homem, muitas vezes, é a vontade (ligada ao corpo) e não a razão (ligada à alma), o homem pode desejar, sim, praticar o pecado, e por esta razão, irá necessitar da Graça de Deus, aliada ainda às suas boas ações, para então poder alcançar a Salvação.

Mas estas modestas linhas, que já foram qualificadas acima como sendo despretensiosas, não possuem de modo algum o objetivo de enfrentar profundamente o tema, mas simplesmente levar o leitor a pensar, já que filosofar é pensar. Sem mais. “Ser simples não é o mesmo que ser simplório.”

(*) Antonino Luiz Rodrigues Lopes -Mestre em Planejamento Regional e em Gestão de Cidades-Especialista em Direito Processual Civil-Especialista em Direito Civil-Graduado em Direito-Advogado inscrito na OAB MG sob o nº 75.535 -Professor de Direito Tributário das Faculdades Doctum de Leopoldina-Professor de Filosofia do Colégio Imaculada Conceição de Leopoldina 

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