17/02/2015 às 14h25min - Atualizada em 17/02/2015 às 14h25min

DIA DO IMIGRANTE ITALIANO

Luja Machado e Nilza Cantoni

Desta vez o Trem de História deixará os trilhos para lembrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, criado pela Lei Federal nº 11.687, de 02.05.2008 e comemorado no próximo dia 21 de fevereiro.

E o faz para prestar uma justa homenagem aos imigrantes italianos que se instalaram no município de Leopoldina a partir de 1880, aos que viveram na Colônia Agrícola da Constança e a todo oriundi que ajudou a transformar a economia da cidade, abalada pelo fim da escravidão e do ciclo do café.

Uma necessária interrupção da história que se conta para avivar um pouco mais a desses imigrantes. Dessa gente simples e constantemente esquecida pelos livros de história tradicional/oficial da cidade.

Alguns aqui chegaram depois de um breve tempo residindo em diferentes núcleos de colonização do país. Outros, em número bem maior, vindos diretamente de uma hospedaria, do Rio de Janeiro ou, de Juiz de Fora, onde foram contratados por fazendeiros daqui. Houve, ainda, aqueles que escolheram Leopoldina por alguma razão especial, como cartas de parentes ou amigos que já se encontravam no município. Todos, com vontade e disposição férrea de vencer. De realizar, com o suor do rosto, o sonho de adquirir liberdade trabalhando em terra própria. Porque para o italiano, ser dono da terra onde trabalhava era sinônimo de liberdade, de ser dono do próprio nariz. E para isto não poupava esforços. Ainda mais quando o possuir terra lhe possibilitava trazer para perto de si o parente ou agregado menos afortunado.

E é bom que se diga que o interesse inicial pela pesquisa sobre a imigração em Leopoldina, especialmente a italiana, não teve outro objetivo senão o de tirar o pó que recobre a história desta gente trabalhadora e importante para a cidade. Um interesse que surgiu com o estudo sobre as antigas famílias que viveram por aqui, quando se observou nos livros das paróquias, entre os anos de 1872 e 1930, uma frequência assídua de sobrenomes não portugueses entre os noivos, os pais e os padrinhos das crianças.

Nesta pesquisa e no texto que dela resultou – A Imigração em Leopoldina vista através dos Assentos Paroquiais de Matrimônio – constatou-se que 10% dos noivos do período de 1890 a 1930 eram imigrantes. E destes, 9% eram italianos e o 1% restante era formado por portugueses, espanhóis, sírios, açorianos, franceses, egípcios e nativos das Ilhas Canárias. Um contingente significativo, carente de um estudo melhor sobre suas vidas e importância para o município, estatisticamente com forte presença de descendentes daqueles imigrantes que, chegados no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e muito contribuíram para o desenvolvimento econômico e social. Entretanto, não se tem notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória destes conterrâneos por adoção.

Foi, inclusive, neste sentido que há alguns anos foi encaminhada à Câmara Municipal de Leopoldina uma sugestão para nomear como “Caminho do Imigrante” parte do trajeto que eles faziam quando, de seus lotes na Colônia Agrícola da Constança, demandavam a cidade. Uma forma simples e barata de perpetuar a nossa gratidão a estes bravos. Mas nossos vereadores da época talvez não tenham entendido o significado da proposta. Da mesma forma, por ocasião das comemorações do Centenário da Colônia Agrícola da Constança e dos 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, falou-se na inclusão do dia 21 de fevereiro como data comemorativa no calendário da cidade, mas ao que parece a ideia morreu recém-nascida.

Perderam-se, assim, duas oportunidades de homenagear este pessoal que, com muito trabalho e dedicação, conseguiu galgar os degraus mais elevados da escala social e colocar seus descendentes em posições de destaque como médicos, advogados, professores, empresários, comerciantes, etc.

Registre-se mais uma vez, para encerrar, que o Trem de História não é conduzido por historiadores, mas apenas por dois apaixonados por Leopoldina e sua história, dotados de ousadia para vez por outra escrever sobre estes “silêncios”, estes fatos que ficaram “abandonados” ou, esquecidos pelos historiadores.

Em verdade o assunto merece outros vagões. Mas o Trem de História precisa voltar aos trilhos e seguir a viagem sobre A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1979 e 1899 no próximo Jornal. Até lá. 

Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de fevereiro de 2015

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