04/04/2015 às 13h23min - Atualizada em 04/04/2015 às 13h23min

Hoje eu acordei me sentindo mal...

A sensação não é  boa, parece que nada vai dar certo, que todo o esforço é em vão.

Um menino de 10 anos, o Eduardo de Jesus, foi morto no Complexo do Alemão. A suspeita recai sobre a polícia. Poderia ser sobre qualquer um, a barbaridade continuaria a mesma. Chama atenção o fato de que uma corporação, que em tese seria responsável pela segurança de todos nós, pode ter sido a responsável pela morte de uma criança de 10 anos, foi e será pelo extermínio de muitos outros.

Um batalhão da PM do Rio carrega o símbolo da morte na farda e brada em alto e bom som: “CAVEIRA!”. Tempos estranhos em que cristãos vestem verde oliva, marcham fazendo saudações ao “altar” e se prontificam para a guerra, seja ela qual for.

Diziam-me que o pior sentimento de um ser humano pelo outro é o desprezo. Já não sei se é assim. Parece que por essas terras de um povo tão pacífico, como gostam de dizer, ultrapassamos o absurdo, o horror. Não só há aqueles que desprezam a morte de mais esse garoto, como há alguns que comemoram e pedem que outros tantos morram ou apodreçam nas masmorras as quais chamamos de prisão, cadeia ou presídio. A “indignação” é direcionada aos negros e pobres.  Isso acontece na internet, na TV, no rádio, nas ruas e no Estado. Fascistas dizem o que querem nessa nossa democracia. Lambuzam-se, até a nossa indigestão, com aquilo que tanto rejeitam nesse regime.

Se há um aparente aumento nas manifestações de amor e atenção dispensados aos animais, não sei se posso dizer que o mesmo ocorre entre nós humanos – pelo menos não tem o mesmo apelo e se tem ele é ofuscado pelas tragédias cotidianas e pelo ódio que sentimos uns pelos outros. Uma coisa não é incompatível com a outra. Para mim, no amor cabem todos, no amplo sentido da palavra. É por pensar assim que sinto um grande desconforto quando vejo a frase “Quanto mais eu conheço o ser humano, mais eu amo meu cachorro”.  Sei lá, parece que já não nos damos muita importância.

Para vencer o ódio, só o amor. Geralmente não titubeamos em ofender  alguém, mas sentimos uma vergonha imensa em dizer que amamos aqueles que estão a nossa volta. Seria bacana experimentar o contrário, nem que fosse uma vez na vida. 

Link
Tags »
Leia Também »
Comentários »