09/04/2015 às 10h51min - Atualizada em 09/04/2015 às 10h51min

AGORA É A VEZ DE NOEL ROSA

Agora ocupamos este espaço  do Cantinho da Música  para desfilar as magníficas canções e a problemática vida de NOEL  ROSA. Inicialmente , cabe aqui uma pergunta :  É  NOEL  DA  VILA   OU  É  A VILA  DE  NOEL  ?  A  exaltação  ao  bairro de Vila Isabel , através  de  suas canções,  tornou   aquele reduto conhecido  como terra do samba. Quando os cariocas ouvem o nome Vila Isabel , eles pensam em Noel  Rosa.  Essa simbiose AUTOR / BAIRRO  eternizou o rótulo de ambos   . NOEL  é , com plena  certeza,  um dos maiores compositores da música popular brasileira.
                 Noel Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910 na rua Teodoro da Silva. No seu nascimento houve algumas complicações  médicas  e , em conseqüência , uma atrofia no queixo. Quando tinha 13 anos, começou a tocar  bandolim e violão. Dominando os instrumentos , fazia serenata pelo bairro de Vila Isabel. Com fama  de bom violonista, foi convidado por Almirante e Braguinha para juntar-se ao grupo musical Flor do Tempo. Noel  teve paixões por mulheres que se tornaram musas inspiradoras de seus sambas.
               Com 18 anos  já havia composto 29 músicas  e entrou para  o Bando de Tangagrás. A música mais importante da banda foi   “ COM QUE ROUPA “  que ele compôs. A inspiração para essa música foi que, certa vez, Noel  iria a uma festa, a mãe não deixou e escondeu suas  roupas,  ele , com pressa, perguntou :  COM QUE ROUPA EU VOU ?
                                          “   Agora vou mudar minha conduta  /  Eu vou  pra luta / Pois eu quero me aprumar  /
Vou tratar você com força bruta  /  Pra poder me reabilitar / Pois esta vida não está sopa  / E eu pergunto :  com que roupa  que eu vou / Pro samba que você me convidou ?
           Outro motivo de belas composições  foi a história conhecida como “  polêmica “ entre Wilson Batista (compositor de vários sucessos ) e Noel Rosa . Tudo começou quando Wilson Batista compôs “ Lenço no Pescoço “ , uma ode à malandragem, expressão que Noel   rejeitava.
Meu Chapéu do lado / Tamanco arrastando / Lenço no pescoço / Navalha no bolso / Eu passo gingando / Provoco e desafio  / Eu tenho orgulho /  Em ser tão vadio .
         Noel Rosa respondeu logo com  “  Rapaz  Folgado “
Deixa de arrastar  o teu tamanco /Pois tamanco nunca foi sandália / E tira do pescoço o lenço branco /  Compra sapato e gravata / joga fora essa navalha  que te atrapalha.
       Em seguida , Wilson se saiu com   “  Mocinho da Vila  “
Você que é mocinho da Vila / Fala muito em violão, barracão e outros fricotes mais /  Se não quiser perder o nome /  Cuide do seu microfone e deixe /  Quem é malandro em paz.
      Noel contrapôs o antológico  “   Palpite Infeliz  “
Quem é você que não sabe  o que diz ?  / Meu Deus do céu , que palpite infeliz /  Salve Estácio, Salgueiro ,Mangueira/
Oswaldo Cruz e Matriz / Que sempre souberam muito bem / Que a vila não quer abafar ninguém  / Só quer mostrar que faz samba também.
Wilson apelou na gozação com o queixo para dentro de Noel  e fez   “  Frankenstein  da Vila” .
Boa impressão nunca se tem / Quando se encontra um certo alguém /  Que até parece um  Frankenstein.
Então Noel  e Vadico criaram  “ Feitiço da Vila  “
Quem nasce lá na Vila / Nem sequer vacila / Ao abraçar o samba / Que faz dançar os galhos/ do arvoredo e faz a lua /
Nascer mais cedo .
       E,  finalmente , Wilson respondeu  com um lindo  “ Conversa   Fiada  “
É  conversa fiada dizerem que o samba na  Vila tem feitiço / Eu fui ver para crer e não vi nada disso / A Vila é tranquila porém  eu vos digo : cuidado !  /  Antes de irem dormir deem  duas voltas no cadeado.
         A “ polêmica “ entre Wilson Batista e Noel Rosa  nada mais foi do que uma grande gozação entre os dois sambistas , condizente  com o estilo carioca de ser, com bom humor, leveza e farta dose de genialidade. 
          Foi dos cabarés da Lapa, dos botequins de Vila Isabel  e do morro de Mangueira que Noel Rosa tirou inspiração para seus sambas.  Numa noite de São João, Noel  conheceu Ceci , DAMA DO CABARÉ , por quem se apaixonou e inspirou uma bela canção cujo nome  é “ A Dama do Cabaré “.
Foi num cabaré na Lapa / Que eu conheci você /Fumando cigarro , / Entornando champanhe no seu  soirée .
        Mais tarde, já tomado pela tuberculose,  Noel  teve grande decepção com a amada , quando a encontrou com outro. Como  todo condenado ,antes da morte, tem seu  “ ÚLTIMO DESEJO “ , Noel compôs essa maravilha de sua galeria musical.
Nosso amor que eu não esqueço / E que teve seu começo / Numa festa de São João / Morre hoje sem foguete / Sem retrato sem bilhete / Sem luar e sem violão / Perto de você me calo / Tudo penso nada falo / Tenho medo de chorar/ Nunca mais quero seu beijo / Pois meu  ÚLTIMO DESEJO / Você não pode negar.
    O espaço é mínimo para falar das composições  de Noel Rosa que é , verdadeiramente, um  expoente da MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, mas todos nós guardamos na memória  músicas e letras como :  Conversa de Botequim , Fita Amarela ,  Gago apaixonado , Três Apitos , Filosofia , Feitio de Oração, Pierrot Apaixonado, O Orvalho vem caindo e mais centenas de jóias raras que representam  o sustentáculo da nossa MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.
           
WALDEMAR  PEDRO  ANTONIO   --   e-mail :  [email protected]

 

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