22/04/2015 às 08h20min - Atualizada em 22/04/2015 às 08h20min

SALVE 23 DE ABRIL, DIA NACIONAL DO CHORO, CHORINHOS E CHORÕES

Dentre todas as dádivas que Deus concedeu aos jovens de 3ª. Idade está o poder de navegar ,por suas memórias, as belas imagens de recordações de um passado que se torna presente através da harmonia, do ritmo e da melodia que as boas músicas lhes proporcionam. Rememorar os lindos momentos de felicidade e amor que tiveram nas 1ª. e 2ª. idades ,através da ponte musical, é algo que somente acontece com quem conserva na alma a beleza da vida. E é justamente o motivo que ocupamos este espaço para falar  um pouco sobre o cancioneiro da música popular brasileira.

              Iniciaremos desfilando, historicamente, o mais genuíno ritmo brasileiro : O CHORINHO. Como estamos no mês de abril , quando se comemora no dia 23 o  “DIA DO CHORO “, na mesma data em que se comemora o “ DIA DE SÃO JORGE “ , quando ,  no PAÇO DA IGREJA DO SANTO GUERREIRO no bairro de Quintino , no Rio de Janeiro , reúnem-se várias RODAS DE CHORO , uma tradição que se iniciara com o saudoso flautista CAMUGUELA , onde se desfilam verdadeiras jóias de LINDOS CHORINHOS , executados pelas maestrias dos  MAGNÍFICOS CHORÕES .

             Por volta de 1880, no Rio de Janeiro, nas biroscas do bairro Cidade Nova e nos quintais dos subúrbios cariocas, surgiram os primeiros conjuntos de CHORO, gênero da música popular brasileira que, provavelmente, se originou dos ritmos estrangeiros como a polca, valsa, lundu. Na época os músicos utilizavam, entre outros instrumentos, violão, flauta, cavaquinho, bandolim e clarinete , que dão à música um aspecto sentimental, melancólico e “ choroso “.

             O nome CHORO pode ter sido derivado da palavra  XOLO , que era um tipo de baile que os escravos negros faziam no período colonial, ou talvez, pela maneira chorosa que os músicos amaciavam com certos ritmos de sua época.

              O CHORO foi o recurso que o músico popular utilizou para tocar, do jeito dele, a música importada que era consumida a partir da metade do século 19, nos salões e bailes da sociedade. Com isso, o CHORO populariza-se nos salões de dança e nas festas da periferia carioca.

               Um dos primeiros CHORÕES – nome dado aos integrantes desses conjuntos – foi o flautista Joaquim Antônio da Silva CALADO que compôs o choro  “ FLOR AMOROSA “ , obra que abriu as portas para criação de outras pérolas musicais.  Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga criaram as primeiras composições que fizeram o CHORO como gênero musical com características próprias.

            ERNESTO NAZARETH emoldurou a linguagem do gênero , extrapolando os limites entre a música popular e a erudita , presentes em suas composições como ODEON , BREJEIRO , APANHEI-TE  CAVAQUINHO obras que só foram integradas ao repertório básico dos CHORÕES , através das gravações  de Garoto e Jacob do Bandolim , nos anos 40 e 50 .

            Na inicial edificação musical desse gênero genuinamente brasileiro ,  CHIQUINHA GONZAGA  escreve para uma opereta o cateretê  CORTA-JACA ,  contribuindo , com muita maestria , para o enriquecimento do repertório do choro.

          Na década de 30, impulsionado pelo rádio e pelos investimentos das gravadoras de disco, o CHORO torna-se um sucesso nacional. Uma nova geração de CHORÕES  organiza-se em conjuntos chamados regionais e introduz a percussão nas composições. Esses primeiros músicos improvisados encontravam-se completamente ao acaso e não tinham nenhuma regra para o número de figurantes ou para o tipo de composição instrumental.

              Nos anos seguintes, surgem vários músicos, como Canhoto e seu regional, que tinha como integrante Altamiro Carrilho ; conjunto Época de Ouro ; Luperce Miranda ; Garoto ; Zequinha de Abreu ; Jacob do Bandolim ; K- Ximbinho  ; Luiz Americano ; Raul de Barros ; Benedito Lacerda . O principal nome do período foi PIXINGUINHA , autor de um tesouro musical que suas pérola são preferidas e muito executadas nas rodas de choro . Eis algumas jóias de seu repertório :  CARINHOSO , ROSA , LAMENTO , UM A ZERO , FALA BAIXINHO , VOU VIVENDO, CHORAS PORQUE QUERES  e outras peças maravilhosas . Destacavam-se , mais tarde, Valdir Azevedo, autor de BRASILEIRINHO , o maior sucesso da história do gênero e  JACOB DO BANDOLIM  com suas preciosas obras , como NOITE CARIOCA , DOCE DE COCO , ASSANHADO , VIBRAÇÕES , e outras geniais criações. Atualmente , o gênero é preservado por excelentes músicos e compositores , criando e executando com perfeição, em  respeito à tradição musical , um repertório de CHOROS  e  CHORÕES de primeira qualidade .

             Hoje, no espaço da Lapa, Rio de Janeiro, encontramos várias rodas de CHORO , preservando o gênero genuinamente BRASILEIRO, e , felizmente, podemos encontrar, em toda Zona da Mata Mineira, grandes e maravilhosos grupos de chorinho e , com toda  tradição e sentimento musical de nosso povo, Leopoldina começa a abraçar a ideia de reviver momentos sublimes desse gênero de música chamado CHORINHO, através do esforço, do comprometimento , do carinho, da dedicação  e do abrilhantamento dos músicos que compõem o  grupo   “ AMIGOS DO CHORO  “.

WALDEMAR PEDRO  ANTONIO                 e-mail  :  [email protected]

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