28/11/2015 às 22h08min - Atualizada em 28/11/2015 às 22h08min

Senador na cadeia. Fruto da lei anticorrupção

O assunto mais comentando no meio político, atualmente, é a prisão do senador Delcídio  Amaral (PT), acusado de interferir nas apurações da Operação Lava Jato. Além do senador, foi preso também o banqueiro André Esteves. Ambos tentam silenciar o delator Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema do “Petrolão”.

Por falar no banqueiro, o medo de muitos políticos é que ele entre em detalhes a respeito das doações que fizeram a diversos partidos e políticos.  Entre 2010 a 2014, o grupo doou mais de R$ 50 milhões. O PMDB lidera as doações, recebeu   R$ 17,2 milhões. Em segundo lugar vem o PT, que recebeu  R$ 13,1 milhões,  sendo  R$ 9 milhões para a campanha de Dilma.  O PSDB vem na terceira colocação, recebendo  R$ 11,8  milhões para o  PSDB, sendo 7,5 milhões para a campanha de Aécio. E até mesmo Marina Silva, que na época estava no PSB,  recebeu R$ 1 milhão para sua  campanha.

Como o leitor pode notar, o dinheiro circulou  nas mãos de vários grupos e partidos. Porém, parte da  mídia e a oposição,  fazem de tudo para passar a imagem que somente o PT foi favorecido.  

Falando em doações empresariais,  o governo Dilma será lembrado na história como o governo em que  as doações foram proibidas. . Na verdade, não foi só mérito do Governo, que vetou o projeto que autorizava as doações,  mas principalmente do  STF, que colocou fim na participação das empresas nas campanhas. .  

Apesar da proibição do financiamento por parte das empresas, não temos muito que comemorar. Afinal,  estão liberadas as doações de pessoas físicas, ou seja, dos donos das empresas. Logo, nossa política continuará sendo  influenciada pelo capital privado. A solução para acabar de vez com essa problema é  aplicar o financiamento público. Mas isso é tema para outro artigo.

Voltando a prisão do Senador Delcídio Amaral, foi a primeira prisão de um político em pleno exercício, desde a publicação da constituição.  Constituição que garante foro privilegiado para os políticos com mandatos.  Essa proteção visa garantir a liberdade de expressão e política. Para entendermos melhor esse mecanismo, temos que recorrer ao passado, no  período da Ditadura Militar. Naquele tempo, o Brasil era comandado por ditadores, que não aceitavam oposição. Com isso, prendiam, cassavam,  perseguiam e até mesmo matavam os políticos  opositores. Visando garantir a liberdade política, foram criadas   leis que garantem  proteção ao parlamentar.  

Mas os tempos são outros. Hoje, vivemos o maior período democrático da história do país.  Temos por parte do governo a garantia  da liberdade de expressão e política. Como comprovam as diversas manifestações contra o governo, inclusive, pedindo sua saída. Com direito a bonecos infláveis ironizando a presidente e outros  políticos. Os jornais, revistas  e programas de TV com total liberdade de expressão, inclusive,  publicando várias mentiras, tendo a todo momento reconhecer o erro.   Logo, tal proteção não faz mais sentido. Com isso, teremos mais prisões de políticos.

Foi época em que os processos eram engavetados. Que tínhamos o Engavetador Geral da República - era FHC.  Foi época em que opositores eram silenciados, perseguidos, mortos e torturados – era  Ditadura Militar.  Pegando emprestado a frase  ex-presidente Lula: “Nunca antes na História desse país”  tivemos um período tão democrático.

Essa liberdade  está enraizada nas instituições, como a Polícia Federal, Procuradoria da República e os diversos tribunais. O que garante que um político importante, como o Senador Delcídio  Amaral, além de vários empresários sejam presos.

A prisão desses corruptos são os frutos colhidos pelas diversas leis aprovadas no Governo Dilma: Lei  de Organização Criminosa, Lei Anticorrupção e Colaboração Premiada (delação). Pegando novamente emprestada a frase do ex-presidente Lula: “Nunca antes na História desse país” se combateu tanto a corrupção.

Espanta-me quando ouço pessoas querendo o impeachment da presidente Dilma por causa da corrupção. Sendo que temos pouquíssimos casos registrados no governo dela. Os casos citados, como o Petrolão, são de governos passados, iniciado na década de 90, passando por vários governos, inclusive do PT, no caso governo Lula.

O fato de Dilma  ser do mesmo partido do ex-presidente não significa que ela responde pelos atos praticados naquele governo.  Não pode alguém querer tirar Dilma por causa de um crime que aconteceu em governos anteriores ao seu. Da mesma forma,  Dilma  não  responde pelos atos praticados pelo senador Delcídio Amaral.  O fato de  Delcídio Amaral ser do filiado ao PT, ser líder do governo, não significa que tem ligação com Dilma. Na verdade, Delcídio nunca foi petista de fato. Está na política a décadas.  Participou de vários governos. No Governo de Itamar Franco foi Ministro de  Minas e Energia, começando ali o envolvimento com a Petrobras. Fato que ficou mais nítido no Governo de FHC, quando Delcídio fazia parte do PSDB, e foi Diretor de Gás e Energia da Petrobrás. Foi nesse período que conheceu Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Uma pergunta para o leitor,  você realmente acredita que Delcídio, que desde 1994 mantinha ligações com a Petrobras, não se envolveu com um esquema e que tal fato só ocorreu depois que ele foi para o PT? Seja honesto, alguém acredita que naquela época não havia  corrupção?

A ida de Delcídio Amaral ao PT aconteceu em 2001, quando foi secretário estadual de Infraestrutura e Habitação do governo de Zeca do PT, no Mato Grosso do sul, onde, em 2002, se elegeu senador no PT.  Ou seja, a ligação de Delcídio com a Petrobras vem da era FHC.   

A prisão do senador  é o marco de uma nova era. Essa prisão entrará para o currículo da Dilma. Que entrará para a  história com o governo em que mais se combateu a corrupção.

Entenda mais sobre a aprovação e o funcionamento das leis criadas por Dilma no combate a corrupção.

 

 

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