22/12/2015 às 09h52min - Atualizada em 22/12/2015 às 09h52min

Precisamos de soluções para o meio rural

Somos grandes produtores mundiais de alimentos, madeira, celulose e outros produtos ligados ao agronegócio e a agricultura familiar.  Quem  salva o Brasil e sua balança comercial, diferença entre o que se exporta e o que se importa, é o agronegócio.  A agricultura familiar basicamente sustenta o nosso cardápio diário, alimentos para duzentos milhões de pessoas. Mas além de solos, sementes, máquinas, produtos para controle de pragas, doenças e plantas invasoras, irrigação, as plantas não crescem e não se desenvolvem sem os fertilizantes. Elementos como nitrogênio, fósforo e potássio são fundamentais para que as plantas se desenvolvam  e apresentem altas produtividades.

Em 2014 o Brasil produziu 8,8 milhões de toneladas de fertilizantes mas importou 24 milhões de toneladas, ou seja, mais de 73% dos fertilizantes utilizados no país foram importados. Mas do ano passado até agora, em 2015, o dólar subiu mais de 120% e estes fertilizantes são cotados em dólar. Por conta disto houve uma queda na importação de fertilizantes  que contabilizou até outubro deste ano 13,3% de redução. Adubos mais caros elevam o custo de produção do produtor rural. O milho por exemplo: segundo a Companhia de Abastecimento, a CONAB, em 2014 para comprar uma tonelada de fertilizantes  era necessário investir 65,6 sacas de milho, como se fosse uma troca de produtos. Em 2015 para se comprar a mesma tonelada de fertilizante o produtor tinha que gastar 71,7 sacas de milho, apertando ainda mais a sua margem de lucro.

Qual a saída para o Brasil? Temos potencial para sermos auto suficientes na produção de fertilizantes ou não? O Brasil não possui grande jazidas minerais de fertilizantes ou sistemas de produção industrial mas, infelizmente o país não atenta para as fontes alternativas que poderiam ajudar, e muito, a reduzir esta dependência externa de fertilizantes. O lixo urbano, por exemplo: cidades de porte médio, com 500 mil habitantes podem produzir até 600 toneladas de resíduos por dia. Considerando metade lixo orgânico, temos 300 toneladas. Em cidades que apresentam coleta seletiva eficiente teremos um lixo orgânico mais limpo. Depositando este resíduo em aterros sanitários, extraindo o biogás durante a fase de decomposição deste material que dura alguns meses e utilizando-o na produção de energia, teremos após algum tempo um material decomposto, estabilizado e humificado, rico em nutrientes minerais e sem contaminantes biológicos.  

Este material poderia ser extraído do aterro e utilizado na fertilização das lavouras e das pastagens. O mesmo poderia ser feito com os resíduos orgânicos de milhares de industriais e agroindústrias espalhadas pelo Brasil e de cidades de grande porte. Desenvolvi um projeto com as empresas de processamento de granito e rochas ornamentais mostrando que os resíduos gerados no processo eram ricos em fósforo, potássio, cálcio e outros elementos. São centenas de empresas apenas no Espírito Santo gerando mais de 150 toneladas diárias de resíduos ricos em nutrientes mas que são descartados em aterros e até mesmo em rios da região.
O Brasil tem alternativas para reduzir a dependência da importação de fertilizantes, mas enquanto não existir uma política clara de pesquisa e desenvolvimento para os setor estaremos a mercê das importações e torcendo para que o dólar não dispare novamente.  
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