31/01/2016 às 15h26min - Atualizada em 31/01/2016 às 15h26min

Carnaval !?

Carnaval!?

Paulo Lucio – Carteirinho

O carnaval está chegando. Junto com ele, o velho discurso conservador de algumas pessoas que são contra o carnaval. Muitos  tentam impedir a realização dessa importante festa popular. Pegam carona na crise econômica e política fazendo campanhas sensacionalistas, apelando para a fragilidade do setor público em algumas áreas, como a saúde e a educação , criando um Fla x Flu, uma disputa entre o carnaval e essas áreas, exigindo do setor público o cancelamento do carnaval e o envio de  recursos para outros setores. 

Em ano de eleição, essas campanhas ganham força, já que muitos governantes e políticos, da oposição à situação, acabam sendo influenciados por essas campanhas contra o carnaval  visando ganhar votos. Porém, da mesma forma que tem gente que é contra, tem gente que é a favor, sendo muito mais a favor do que contra, logo, ser contrário ao carnaval não é  uma boa tática eleitoral. É um tiro no pé. 

Deixar de investir no carnaval e destinar os recursos para outras áreas públicas, a princípio pode ser até uma boa ideia. Porém, se analisarmos a longo prazo, deixar de realizar o carnaval pode trazer grandes prejuízos para a cidade. 

Como o setor público arrecada dinheiro? Através de impostos. Diretos e indiretos. Como IPTU, IPVA, alvarás, multas, licenças... mas principalmente impostos sobre os produtos. Quando você compra algo, parte do valor desse produto vai para o Estado. Afinal, todos os produtos têm impostos.  Logo, quanto maior for o consumo, maior será a arrecadação do Estado.

O carnaval acaba sendo uma forma do setor público arrecadar mais. Assim como em outras datas:  Natal, Ano Novo, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia dos Namorados, Páscoa... . Esses dias comemorativos  fazem com que as pessoas gastem dinheiro. Fazendo a economia funcionar. Distribuindo renda. Automaticamente, gerando empregos.

Vamos ao exemplo na prática. Muitas pessoas aproveitam o feriado prolongado para viajarem. Alguns vão de ônibus, gerando emprego e renda  nas empresas de ônibus e rodoviárias. Outros vão de veiculo próprio, claro, revisados, gerando emprego e renda nos postos de gasolina e oficinas.   

Durante a viagem, param para comerem algo. Gerando emprego e renda nos restaurantes, bares e lanchonetes, e até mesmo, vendedores ambulantes espalhados rodovia à fora.

Ao chegarem na cidade, os visitantes ficam hospedados nos hotéis ou casas alugadas, gerando emprego e renda no setor hoteleiro e imobiliário. Outros preferem casa de amigos e familiares. Durante a estadia,  eles se alimentam (café da manhã, almoço, lanche e janta) gerando emprego e renda no setor alimentício (mercados, bares, restaurante, lanchonetes, açougues, padarias... ).

Os visitantes não saem de suas casas para ficarem dentro de outra casa. Eles aproveitam  para passear.  Conhecer a cidade. Sua natureza, flora, fauna e seu acervo histórico. Para isso, utilizam  taxi, mototaxi, ônibus.  Gerando emprego e renda no transporte  da cidade.  Muitos acabam  comprando algumas   lembrancinhas,  gerando emprego e renda no setor de artesanato. 

Durante o dia aproveitam o que a cidade tem para oferecer. A noite vão para a folia. Brincando nos bailes de carnavais. Gerando emprego e renda.

Muitos dos visitantes, acabam retornando mais vezes a cidade. Outros gostam tanto da cidade que acabam ficando. Alguns deles empresários, que  abrem empresas gerando emprego e renda.   

Até agora  citei apenas a rotina dos dias do carnaval. Sendo que o carnaval vai além de uma semana. Afinal, um carnaval bem planejado mexe com economia da cidade  durante o ano todo. Falo isso por experiência própria, tendo em vista que faço parte de uma escola de samba – Dragões da Vila Reis/ Cataguases, que durante o ano realiza diversas atividades  visando arrecadar recursos financeiros.  Realizamos  bingos, feijoada, venda de camisas,  encontro de som, roda de samba, festa junina, ... além dos ensaios. 

Todos  esses eventos geram emprego e renda. Cito o exemplo da roda de samba. Para a realização desse evento é necessário contratar  um grupo de samba, gerando emprego e renda para os músicos. Para ter música é preciso de sonorização e iluminação, gerando emprego e renda nesse setor.   Visando a tranquilidade do evento, contratamos seguranças, gerando emprego e renda  . Contratamos também banheiros químico, gerando emprego e renda para as empresas que fornecem.  Fora  comidas e bebidas que são adquiridas no comércio local, gerando emprego e renda para muitos desses setores. 

Olham quantos empregos e renda um simples evento desse cria. Agora multiplique por vários eventos, realizados durante o ano, sendo por várias outras escolas e comunidades.

Destaco também a geração de empregos  e renda na produção de fantasias e alegorias. São necessários materiais (tecido, plástico, tinta, isopor, papel, ferro, borracha, cola, purpurina....) e profissionais (costureiras, soldadores, artistas,dançarinos, … ). 

Como podem notar, o carnaval é uma grande indústria. Uma máquina de fazer dinheiro.  Gera emprego e renda para a cidade o ano todo. Agora imagina se o setor público deixar de investir no carnaval o que vai acontecer? A resposta é simples: o setor público vai deixar de gerar emprego e renda. Logo, deixará de arrecadar. Automaticamente, terá menos dinheiro para investir em outras áreas, como saúde e educação.

A cidade que deixa de investir no carnaval num ano, terá menos recurso nos anos seguintes. Além de que vai ter mais gastos. Afinal de contas, quando você gera emprego e renda,   as pessoas passam a depender menos do Estado, com isso o gasto do setor público  é menor. Uma pessoa que tem um emprego e está se sentindo mal, pode recorrer a um médico particular e comprar remédio na farmácia. Agora, uma pessoa desempregada vai depender do setor público e do remédio fornecido pelo governo. Logo, deixar de fazer o carnaval é aumentar os gastos do setor público, aumentar a dependência do povo ao Estado. 

O setor público vai gastar muito mais com a saúde caso não realize o carnaval. Dessa forma, quem faz campanha contra o carnaval está prejudicando a saúde, educação, segurança... . Além da  geração de emprego e renda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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