02/04/2016 às 12h43min - Atualizada em 02/04/2016 às 12h43min

Composição da câmara

A maioria, mais de 60%, das pessoas que votaram, deram uma prova de argúcia. Nove !, nove ! , nove !, foi o grito consciente de mais da metade das pessoas  que se manifestaram na enquete sobre a quantidade ideal de cadeiras na Câmara Municipal de Leopoldina. A voz do eleitorado, porém, não possui qualquer resultado prático, nem deverá produzir. 

Dos 15 vereadores no final do milênio passado se chegou a 11, mas, tão logo se abriu a possibilidade de o número de  edis leopoldinenses subir novamente para 15, a Câmara de então foi célere e se apressou em permitir o salto para 15. Se a autoridade eleitoral autorizasse 25 vereadores ou mais, certamente se chegaria a tal máximo, pois o instinto de sobrevivência se sobrepõe a qualquer outro critério.

A elevação de 11 para 15 foi gerada por qual raciocínio? Todo projeto de lei é acompanhado de uma justificativa e eu não tive acesso a ela (na verdade, nem tentei obtê-la). Perde antecipadamente qualquer aposta quem não cravar “quanto mais vereadores, mais chances de reeleição”.“É elementar, meu caro Watson”. Passar de 15 para 9 os vereadores, diminui em 40% o número deles. Embora tal diminuição seja a certeza de economia financeira para os cofres públicos, esta não seria de 40%, porque existem gastos fixos. Câmara, com nove vereadores ao invés de quinze, gasta menos auxiliares, menos lanches, menos consumo de energia, menos telefonemas, menos coquetéis para entrega de títulos honorários.

Será verdade que a verba “despesas legislativas” não sofre  acréscimo de acordo com o aumento do número  de vereadores e que a mesma cota se dividirá tanto para nove  quanto para quinze? Em resumo: qualquer que seja o número de vereadores, as despesas são as mesmas no total? A uma Câmara com nove vereadores se permite discussão mais aprimorada de todos os assuntos que estiverem em pauta. Uma Câmara com nove vereadores leva eleitores conscientes a se preocupar para que, pelo menos, alguns dos eleitos não o sejam com gastos mirabolantes na campanha. Se houvesse menos vagas, talvez quem possa ter o hábito de “comprar votos”, diante dos riscos de derrota, venha a refletir se vale a pena o desonesto investimento.

Somente os vereadores da atual  legislatura poderão reduzir para nove o número de vereadores. Assim, é zero a possibilidade de eles acatarem  o desejo da maioria dos que opinaram na enquete. É colocar “lenha na fogueira”, mas algum repórter poderia entrevistar os atuais vereadores, saber-lhes a posição, anotar-lhes as razões  e publicá-las. O somatório de 78% que não são favoráveis a 15 vereadores  deveriam ser levados em conta, mas “a voz rouca das ruas” nunca será capaz de sensibilizar os atuais vereadores para que reduzam  o números dos edis leopoldinenses na próxima legislatura para 9 (nove) vereadores, atendendo assim os 58% que julgam ser este o número atual.

Não se pode recriminar que um vereador atual prefira a manutenção de 15 cadeiras na Câmara.  Para os atuais, votar pró-alteração é  atirar contra o próprio pé, pelo menos para a maioria. De cara, seis dos quinze, na melhor das hipóteses, estariam alijados do rol dos eleitos no próximo  pleito.É justo, é humano, é racional, um vereador decretar seu suicídio político? Sem pestanejar, você, mesmo estando entre os que preferem nove, votaria,  se vereador fosse,  para reduzir suas chances de reeleição, votaria para deixar de receber os valores dos atuais subsídios, que,  pelos padrões leopoldinenses, são generosos? Pena que os mais de 77%  contra o número de 15 vereadores não sejam em um plebiscito.
 
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