28/04/2016 às 10h17min - Atualizada em 28/04/2016 às 10h17min

Tchau querida

 “A copa do mundo é nossa; com o brasileiro, não há quem possa; êh, eta esquadrão de ouro, é bom no samba, é bom no couro”.
Eram necessários 342 votos a favor do prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O artigo 171, na linguagem do Código Penal Brasileiro, é estelionato, mas, na linguagem popular, 171 é ladrão. Só mesmo um brasileiro  para  descobrir, num átimo de tempo,  que  171 mais 171, na matemática,  dá 342. Bobagem, mas  se houver, como há, desenhos com Dilma e Lula trajando “uniforme de presidiário”  com o número 171 a lhes ornar o peito, acaba ficando revoltante para uma das torcidas e engraçado para a turma do outro lado.

Por razões sentimentais, detive-me defronte a TV para ver a votação. Que show, que astros, que exibição digna de um goleador time campeão de Copa do Mundo.
Ao invés de apresentarem argumentos  convincentes, votaram pelo papai, pelo titio, pela priminha. Há dias, perguntei ao Pachá se ele conhecia alguma coisa melhor que neto e ele foi taxativo: “eu conheço, dois netos !”.  Então, vá lá que muitos tenham mencionado neto (a)  na hora de votar contra a Dilma.

Certo, porém, seria que cada um votasse pelo eleitorado que representa e nunca  em nome de A, B ou C.
Se eu lá estivesse,  e se para votar tivesse que mencionar algum destinatário, eu votaria por meu amigo Paulo Celestino, pedindo que ele se afaste da política antes que a política o afaste de todos nós que o admiramos muito.

No fundo, apesar de ser ofendido de muitos modos, inclusive com uma violência acachapante contra a língua portuguesa, acabei me divertindo. Quanto “papagaio de pirata”,  uns que podem até ter se ornado com fraldas geriátricas para, mesmo em caso de incontinência urinária, conseguir se manter firme, durante horas,  à frente da câmera (não confundir com Câmara).

Três votos se destacaram dentre os mais de quinhentos.
Disputaria o “moto-rádio”, prêmio que se dava antigamente ao melhor jogador da partida, um deputado, desconhecido meu, que afirmou “fora TV Globo, fora Temer, fora Eduardo Cunha !” E quando pensei que ele iria gritar “Viva Dilma, abaixo o golpe”, ele, talvez até por engano, vociferou  “Meu voto é sim”.Do microfone se retirou, pulando como cabrito, fazendo palhaçada como se o plenário fosse seu picadeiro preferido.

O outro voto que certamente se encravou na memória de todos foi o da deputada  lá do nordeste mineiro. Ela, alegrinha, alegrinha, afirmou “este Brasil tem jeito”e com orgulho mencionou o esposo, prefeito de Montes Claros,  como exemplo de administrador honesto. Coitada, quando chegou da sessão política, não  conseguiu comemorar seu voto com o marido, eis que ele havia sido levado preso pela Polícia Federal  por estar sendo acusado de favorecer hospital familiar em detrimento de hospitais públicos.  Ela citou o marido como exemplo de honestidade e então se pode deduzir, como muito bem salientou minha filha Valéria, cada vez  mais politizada, “é mais uma pessoa que não sabia de nada”.

De onde é não mentalizei, mas um disse claramente que estava votando sim porque o Lula afirmara  que acabaria com o DEM. “Em boca fechada não entra  mosquito” e é por isso que quem está na política deve pensar muito antes de falar bobagens, ofendendo o interlocutor.

Motivadamente, acompanhei toda a votação para ver dois votos. Um, o do garoto gordinho em quem votei sem  sequer tê-lo visto de perto uma única vez na vida, deputado Misael, filho do Lael e sobrinho do Gersinho Varella.

Fiquei também à espera do voto da deputada Flávia Moraes, que  é filha da leopoldinense Maria Emília Carreiro e do recreense Dr. Paulo Carrano Albuquerque. É Moraes por causa do sobrenome do marido. Flavinha sempre foi muito querida por nós desde criancinha, mercê da convivência fraterna que sempre norteou o relacionamento de minha família com os pais dela.

Carlos Lupi, presidente do PDT, está ameaçando de expulsão quem votou contra a determinação partidária. Nas próximas eleições, a deputada federal Flávia Moraes, independente da sigla a que esteja filiada, deverá ser reeleita, repetindo as consagradoras votações anteriores, a primeira como majoritária em todo o Estado de Goiás. Os votos foram dados a ela, não ao PDT. Então, afirmo: “duvideodó que,  quando chegar o momento da decisão, o PDT tenha coragem de punir quem mostrou personalidade, que o PDT tenha coragem de dizer  a ela, a Flávia Moraes, a expressão Tchau querida !
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