15/03/2014 às 13h36min - Atualizada em 15/03/2014 às 13h36min

DE VOLTA AO JARDIM DA FÉLIX MARTINS

Primeiro para dizer que no tocante ao corte das árvores do Parque, melhor mesmo é acreditar ter sido uma ação correta do poder público.

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No artigo anterior, escrito à moda de um papo de barbearia que procura tratar as coisas sérias de maneira simples, se abordou aqui alguns problemas relativos à política de preservação da fauna e flora, tomando o Jardim da Félix Martins como um dos temas. Hoje o desejo é continuar dedilhando a mesma tecla.  

            Primeiro para dizer que no tocante ao corte das árvores do Parque, melhor mesmo é acreditar ter sido uma ação correta do poder público. No mínimo porque é princípio de direito conceder ao réu o benefício da dúvida. E como há dúvida quanto ao acerto da derribada daquelas "árvores inimigas", o jeito é imitar a velhinha de Taubaté do Luís Fernando Veríssimo e acreditar ter sido uma decisão pensada e adotada por servidor público que deve entender da função para a qual foi nomeado. E se isto não foi o sucedido, resta ao cidadão comum lamentar o estrago e seguir em frente, porque é sabido que não há como remediar um desmatamento senão replantando alguma coisa no lugar ou, deixando desertificar a área, o que não parece ser do interesse geral.

            E se não interessa a ninguém um terreno baldio naquele lugar, o melhor é reunir as pessoas esclarecidas e de bom senso para evitar que se faça ali, algo que torne aquela Praça ainda mais feia do que está. Mesmo sabendo ser praticamente impossível alguém conseguir a façanha de piorar ainda mais a pobre Félix Martins.

            É evidente que uma cidade que sempre se orgulhou pelo fato de ser uma das mais limpas e bem conservadas da região; de ter tido bons colégios e contar ainda com boa rede escolar e universitária; e, de ter recebido o título de "Athenas da Zona da Mata" pelo seu zelo com a educação, já deveria ter aprendido a preservar as coisas do seu passado e a ser mais cuidadosa com o seu presente. Já deveria ter aprendido que é de todo incompreensível, por exemplo, na cidade que deu nome a uma das maiores e mais importante ferrovias do País, não existir uma máquina "Maria Fumaça" ou, pelo menos um único pedaço de trilho da Estrada de Ferro da Leopoldina preservado. Isto sem discutir a derrubada da estação ferroviária para em seu lugar criar um ponto de táxi, com todo o respeito devido aos bons taxistas da cidade.

            Mas voltando à reconstrução do Jardim da Félix Martins, é de se pensar que não sendo desejo de ninguém a manutenção das atuais catacumbas existentes naquele lugar, é chegado o momento de se pensar em construir ali alguma coisa mais bonita e significativa para a cidade.

Talvez a partir de uma troca de ideias da Prefeitura com todos os engenheiros, arquitetos, paisagistas e outros profissionais da área, leopoldinenses ou aqui residentes, de onde se buscaria tirar um projeto simples e viável para o lugar mais importante da cidade.

            Nada parecido com os jardins suspensos da Babilônia, tidos como uma das maravilhas da antiguidade. Nada faraônico. Nada além do normal para uma cidade do porte de Leopoldina, mas que seja agradável aos olhos. Nenhum jardim do Palácio de Buckingham, de Londres, por demandar grandes verbas que até poderão ser prometidas nos palanques que se montarão por ali este ano, mas que nunca chegarão à cidade. Mas algo como, por exemplo, alamedas para caminhadas, canteiros baixos e gramados, algumas pérgulas ou caramanchões. Coisas simples e de manutenção fácil, mas criadas por pessoas de bom gosto. Plantas aclimatadas à região e, talvez, se os profissionais aprovarem, pequenas áreas com pés de acerola e jambo ou, exemplares de pés de café para recordar a importância da cafeicultura para o crescimento da cidade.

Mas necessariamente um Jardim possível de ser mantido conforme a lição da história ou lenda de um visitante extasiado com a beleza de Buckingham que teria indagado do jardineiro sobre o segredo para se ter jardins tão bonitos, ao que ele respondeu:

- Muito simples. Você demarca os canteiros, coloca neles esterco, planta a grama e as flores que desejar. Depois, é só regar e cuidar deles durante muitos anos.

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