05/06/2017 às 10h09min - Atualizada em 05/06/2017 às 10h09min

Espiritismo, o consolador prometido por Jesus

Maurício Teixeira
Após a publicação de meu artigo sobre o codificador do espiritismo, recebi um e-mail, no qual o autor me questionava sadiamente sobre uma frase minha, onde eu afirmava ser, a doutrina espirita, o Consolador prometido por Jesus.
 
Fiquei muito feliz por saber que minhas palavras foram lidas com atenção e, como esta dúvida pode ser a de outros também, creio que este artigo será muito esclarecedor.

N’O Evangelho de João, nos capítulos de 14 a 16, vemos o Senhor Jesus prometendo a vinda de outro consolador, que nos ensinaria tudo o que ele não ensinara (por não estarmos ainda em condições de aprender) e nos lembraria de tudo o que ele (Jesus) nos dissera.

No capítulo 2 do livro “Atos dos Apóstolos”, Lucas faz menção de um fato ocorrido no dia de Pentecostes, festa religiosa Judaica, também conhecida como Festa da Colheita ou Sega - no hebraico hag haqasir. (Ex 23.16), Festa das Semanas - no hebraico, hag xabu´ot. (Ex 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10)ou Dia das Primícias dos Frutos - no hebraico yom habikurim. (Nm 28.26).

Neste episódio, quando Jerusalém estava repleta de estrangeiros e de Judeus que moravam nas mais diversas localidades do mundo conhecido e que se dirigiam até a cidade santa para comemorarem a importantíssima data do calendário Judeu, os discípulos de Jesus iniciaram prédicas sobre o Evangelho, às quais o público não Judeu, segundo o relato, ouvia em seu idioma natal, num fenômeno chamado de xenoglossia, ou a capacidade de falar língua estrangeira totalmente desconhecida do orador em estado de vigília.

Some-se ao acontecido, a colocação do Evangelista Lucas de que havia como que línguas de fogo sobre as cabeças dos apóstolos.

Segundo a teologia tradicional, o que ocorreu neste episódio, foi a vinda do Consolador prometido por Jesus, o Espírito Santo.

Senão vejamos: Segundo o capítulo 1, versículo 3, de “Atos dos Apóstolos”, Jesus permaneceu junto com os discípulos, antes de ser elevado aos céus, por 40 dias.

Pentecostes, em bom grego, quer dizer: “festa dos cinquenta dias” e ocorre, não por acaso, cinquenta dias após a páscoa e é a festa que comemora esta passagem tão emblemática do povo de Israel.

Fazendo uma simples conta:

Se Jesus permaneceu por 40 dias, após sua ressurreição, entre os discípulos e se a festa de pentecostes acontece 50 dias após o domingo de páscoa, quando o Senhor ressuscitou, faziam exatamente 10 dias do retorno do Mestre às paragens de luz, donde viera.

Compulsando atentamente os textos citados acima, sobre as promessas de Jesus, como se explicaria o Consolador, que viria para, dentre outras, nos lembrar do que Jesus dissera, ter vindo após se passar somente10 dias após a ida do mesmo para o plano celeste? O que poderia ter sido esquecido em período de tempo tão curto?

De duas, uma: o Senhor Jesus se equivocou sobre uma das funções que o Consolador teria, ou o Consolador não veio naquela ocasião!

Como entendemos ser Jesus o Espírito superior por excelência, o Ser mais perfeito que já encarnou na Terra e o Governador de nosso orbe, eleito por Deus e, por sua estatura espiritual, segundo as palavras do espírito São Luiz, na Revista Espírita, não estar mais propenso a erros, obviamente entendemos que o que ocorreu no Pentecostes, não foi a vinda do Consolador!

Para entender melhor a função do Consolador, Allan Kardec, no Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, intitulado: O Cristo Consolador, explica que:

“Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores. Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.”

Mas como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras.

O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma.

Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até o termo do caminho.

Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.”

Com estas palavras do mestre lionês, esperamos ter respondido ao questionamento que originou este artigo.

Entregando-nos à vontade de Deus, agradecemos a inspiração do alto, que nunca nos faltou e suplicamos bênçãos de luz para todos.
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