15/08/2014 às 08h41min - Atualizada em 15/08/2014 às 08h41min

PORQUE TANTOS EM TÃO POUCO TEMPO

A IMPRENSA EM LEOPOLDINA (MG) ENTRE 1879 E 1899 - V

Luja Machado e Nilza Cantoni

Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de agosto de 2014

Nesta viagem sobre a Imprensa em Leopoldina o leitor deve ter observado que o Trem de História corre por trilhos imaginários que ligam os periódicos que circularam durante um determinado recorte de tempo - entre 1879 e 1899. No artigo de hoje a viagem continua. Agora, para falar da razão de tantos periódicos em período tão curto.

E o princípio da conversa é a afirmação de Nelson Werneck Sodré, em “A História da Imprensa no Brasil”, de que durante o Império houve uma interiorização da imprensa através da publicação de periódicos nas pequenas cidades como forma de compensar a dificuldade de transporte e do serviço de Correio, os quais embaraçavam a chegada às cidades menores dos jornais da Corte e das capitais de província.

Por este modo de pensar os periódicos da cidade teriam proliferado num vazio deixado pela falta ou, deficiência do transporte para o interior do país. 

Tudo leva a crer que esta não seria a melhor justificativa para a profusão de folhas que se lançaram em Leopoldina nas duas últimas décadas do século XIX. Até pelo simples fato de que a cidade poderia ser considerada uma privilegiada pela proximidade do Rio de Janeiro. Além de a Estrada de Ferro da Leopoldina já existir, a análise de Rodolpho Jacob no livro “Minas Gerais XX Século” e as tabelas do movimento de transporte ferroviário publicadas no Almanaque Laemmert entre 1879 e 1889 registram que era significativo o movimento diário de carga que chegava a Leopoldina, aí incluída a correspondência. Em verdade Leopoldina contava com o trem e uma boa troca de interesses com a capital.

Outro argumento utilizado para tentar explicar a grande quantidade de jornais na segunda metade do século XIX é a disseminação das ideias republicanas, mencionada por Sodré, na sua obra já citada.

Por este caminho o surgimento do grande número de periódicos publicados em Leopoldina decorreria da necessidade de disseminar tais ideias, o que também não parece tese de fácil defesa. Isto porque a leitura destes jornais não conduz à certeza de que teriam sido criados com o objetivo de divulgá-las ou rebatê-las a qualquer pretexto.

Mas o mesmo autor apresenta um outro motivo que parece adequar-se melhor ao que ocorreu em Leopoldina. Argumenta ele que as últimas décadas do século XIX não representam apenas uma grande época política. Foi também uma época literária, o que parece ser a causa mais provável para o lançamento de tantos jornais em tão curto espaço de tempo. Um motivo que melhor se amolda à Leopoldina daquele tempo e, à dos anos posteriores ao período estudado, quando a cidade se destacou culturalmente e contou com um dos melhores colégios da região.

No próximo Jornal o Trem de História continuará a viagem puxando o vagão que vai nominar e contar um pouco da história dos vinte e um periódicos que circularam no município de Leopoldina no período estudado. Tem jornal para todo gosto. 

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