15/08/2014 às 08h45min - Atualizada em 15/08/2014 às 08h45min

DIA DAS MÃES

Perguntaram a uma criança  qual seria, na sua opinião, a maior invenção. "Minha mãe, respondeu".  

Hoje é dia de homenagearmos as Mães.   A minha se chamava  Cinira, que possuía todos os atributos e defeitos de uma boa mãe.  Era uma tremenda "coruja", que dizia que não me superprotegia, que não me tratava como filho único, etc,  o que talvez não fosse muito verdadeiro.  Quantas vezes, ao chegar em casa de madrugada, encontrei-a à minha espera : "Meu filho, como foi a festa? Tem café no bule, leite na geladeira, e fiz  uns biscoitinhos para você, que estão no armário da copa".  Eu questionava: "Mamãe, são quatro horas da madrugada, você  deveria estar dormindo".   "Eu estava sem sono, acordei quando você entrou", respondia ela, negando que estivesse aguardando minha chegada.  Nunca apanhei . Usava  técnicas extremamente eficientes para disciplinar e estabelecer limites . Exemplificamos. Uma noite, eu e meu primo Eduardo, filho do Ormeu Botelho, , fomos dar uma volta. Tínhamos em torno de seis anos. Ao passarmos em frente ao cinema, tomamos conhecimento que o filme daquela noite se chamava o "O Ouro Escondido", e era estrelado por Tom Mix, um de nossos ídolos.  Estávamos namorando o cartaz quando fomos convidados pelo  dentista da família para assistir ao espetáculo.  A sessão acabou às nove horas da noite.  Ao chegarmos à casa, nossas famílias estavam transtornadas, e já haviam nos procurados por toda a cidade.  Eduardo morava em frente à minha casa.  Minha mãe levou-me para a varanda do segundo andar, e ali fiquei durante uma hora, ouvindo os berros do meu amigo, que estava sendo devidamente castigado.  Ao terminar o choro, minha mãe simplesmente disse "Pode ir dormir". Nunca mais fugi.  Costumava ficar horas recostado no  seu colo, conversando,  até que eu  adormecesse.  Hoje vejo o mesmo quadro, protagonizado por  meu filho Luis Felipe e minha esposa Beth.  Costumo dizer-lhe "Não tenho inveja, porque tive uma mãe igual à sua". Já sexagenário, minha mãe ainda me chamava de "filhote", como se eu fosse uma criancinha. Ao visitar seu túmulo, logo após sua morte, acercou-se de mim um amigo  e disse-me: "Nunca vi uma mãe amar tanto um filho, como a D. Cinira amou o senhor". "Eu também não", respondi-lhe.  Graças a você e ao meu pai tive uma infância feliz e dela sempre me recordo com saudade.

Por que a mães merecem esse reconhecimento por parte dos filhos? Por vários motivos. No início da vida, mãe e filho são "dois seres numa só pessoa", o que deu origem  à frase,   "carne de minha carne".   É ela quem recebe o nosso primeiro olhar,  primeiro sorriso,  primeira gracinha e a primeira palavra que pronunciamos é  "mamã".  O amor é uma via dupla entre mãe e filho, que começa antes do nascimento, pois  o feto já é sensível às emoções maternas, já tem capacidade de sentir-se amado ou rejeitado.  Cortado o cordão umbilical, essa união continua de tal forma que hoje são reconhecidas duas gestações: uma intrauterina e outra extrauterina, tal a dependência da criança de sua mãe, nas primeiras semanas e meses de vida.  Dela receberá o alimento necessário para o seu corpo - o leite e para  sua alma - o afeto. De "dois seres em uma pessoa", passa a ser "um só ser, em duas pessoas". 

Em torno do amor materno é que se organizarão as relações afetivas da criança, primeiro com ela, em seguida com os outros membros da família. Embora   amar seja seu papel primordial,  a mãe ainda é a grande responsável pelo crescimento físico e pelo desenvolvimento mental e emocional dos filhos, sem queremos negar o importante papel desempenhado pelo pai.  O amor materno é benevolência, ternura e compreensão, ou seja, amor de intuição, de manifestação e de aceitação;   sua característica mais forte é ser incondicional, não exigir nada em troca.  Com a  segurança e a estabilidade constitui os pilares  essenciais  para o  bom desenvolvimento emocional dos filhos. E a  mãe é quem   mais contribui na família para que  o filho  cresça em um ambiente em que existam estas três condições..  Entretanto, convém lembrar que a sua influência sobre os filhos depende mais do que ela é, do que  ela diz;  fazer e ser é, na verdade, muito mais importante do que dizer, principalmente na formação dos valores, dos princípios, do denominado "berço".  Embora seja uma atribuição do casal, a mãe, por sua convivência mais estreita e amorosa com o filho, tem mais oportunidades de ensinar-lhe os valores - honestidade, sinceridade, auto-estima, limites, disciplina, fidelidade, lealdade, respeito, amor, generosidade, cordialidade, justiça e perdão.  Minha mãe soube ensinar-me tudo isso com ternura, com carinho, com palavras e principalmente com atos.  E por que os pais devem  ensinar  valores aos  filhos?   Por ser  a melhor e mais eficiente maneira de assegurar-lhes uma existência feliz.

Dedico sempre  minhas lembranças às mães de minha vida: D. Sinhazinha, minha avó, Cinira, minha mãe, Lelena, minha vizinha que me tratava como filho, Judith, minha primeira professora, Therezinha, minha primeira esposa.  Minha homenagem a todas às mães que se dedicam de corpo e alma a cuidar de seus filhos, com um único objetivo: de que eles sejam felizes    Meu carinho para Beth, minha esposa, que soube tão bem cuidar do Luis Felipe, dos enteados e meus filhos, Antonio Marcio, Antonio Carlos, Marcia e Claudia, e dos meus netos.

 

Membro da ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes

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