O Cantinho Musical desfilará neste espaço as canções de dois cantores e compositores que têm em seus corações o símbolo da “ Águia Portelense “ e que contribuíram com suas obras para o enriquecimento do mundo do samba , ora cantando , ora compondo lindas músicas que hoje fazem parte do cancioneiro da MPB : “ LUIZ AYRÃO e AGEPÊ “ .
Luiz Gonzaga Kedi Ayrão é um cantor e compositor brasileiro , nasceu no bairro do Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro , no dia 19 de janeiro de 1942 . Aos 20 anos, através de seu tio compositor, conheceu vários artistas de renome . Nesse ambiente, Ayrão desenvolveu o gosto pela música e seus cadernos, cheios de composições, faziam sucesso . Nessa época, veio morar no seu bairro, aquele que iria se tornar o maior ídolo da então chamada Música Jovem: Roberto Carlos, surgindo então uma grande afinidade. Em 1962 teve sua primeira composição gravada, "Só por Amor", interpretada por Roberto Carlos , que logo depois, também viria a gravar, no ano de 1966, "Nossa Canção", considerado o primeiro sucesso romântico do cantor.
“ ..... O samba fez milagre / Reabriu meu coração para a Portela entrar...”
A partir de agora desfilaremos algumas canções de Luiz Ayrão em uma breve seleção dentro da coletânea de seu cancioneiro . Iniciaremos com uma composição de Sidney da Conceição , Lourenço e Augusto César que fez grande sucesso na voz de Ayrão com um tema em que há um pedido de reconciliação de uma paixão que se esvaiu no tempo , sendo também uma demonstração de todo desejo que circula a vida de “ OS AMANTES “ . [ “ / Qualquer dia, qualquer hora / A gente se encontra / Seja onde for / Pra falar de amor / (bis) / Pra matar a saudade da felicidade / Dos instantes que juntos passamos / E promessas juramos / Reviver os momentos de sonhos e de paixão, / Das palavras loucas, vindas do coração / Meu amor / Ah! Se eu pudesse te abraçar agora / Poder parar o tempo nessa hora / Pra nunca mais eu ver você partir / (bis) . “ ] .
Esta canção de composta por Luiz Ayrão aborda um tema de infidelidade amorosa e a resistência de alguém que rejeita totalmente a oferta de um amor proibido para evitar conseqüências que ocorrerão em situações perigosas de “ BOLA DIVIDIDA “ . [ “ / Será que essa gente percebeu, que essa morena desse amigo meu / Tá me dando bola tão descontraída, só que eu não vou em bola dividida / Pois se eu ganho a moça eu tenho o meu castigo / Se ela faz com ele, vai fazer comigo / E vai fazer comigo exatamente igual / E ela é uma morena sensacional / Digna de um crime passional / E eu não quero ser manchete de jornal / (Por isso é que eu pergunto:) / Será que essa gente percebeu que essa morena desse amigo meu / Tá me dando bola tão descontraída / Só que eu não quero que essa gente diga / Esse camarada se androginou / A moça deu bola a ele / E ele nem ligou / . “ ] .
Uma das glórias musicais de Luiz Ayrão está expressa nesta obra que foi um enorme sucesso na voz do rei Roberto Carlos e que fala sobre uma canção que simbolizará o amor depois da partida da amada , enfatizando toda paixão através da “ NOSSA CANÇÃO “ . [ “ / Olhe aqui, presta atenção / Esta é a nossa canção / Vou cantá-la seja onde for / Para nunca esquecer o nosso amor / Nosso amor / Veja bem, foi você / A razão e o porquê / De nascer esta canção assim / Pois você e o amor que existe em mim / Você partiu e me deixou / Nunca mais você voltou / Pra me tirar da solidão / E até você voltar / Meu bem eu vou cantar / Essa nossa canção/ . “ ] .
Aproveitando a linda homenagem que a Portela dedicava às mulheres do Brasil , Luiz Ayrão , nesta canção , expressa seu verdadeiro sentimento, criando uma obra que fez muito sucesso , dedicando um belo canto onde usa uma intertextualidade de outras canções sobre elas , exaltando e valorizando , verdadeiramente , em cada verso da música , a importância e a beleza da “ MULHER À BRASILEIRA “ . [ “ / Coisa linda, maravilhosamente bela / É o tema que a Portela esse ano escolheu / Mulher: avó, a mãe, a irmã, a companheira / Branca, negra, índia, guerreira / o carnaval é seuLinda morena, loirinha, dos olhos claros de cristal / mulata que o cabelo que não nega / são as rainhas do meu carnaval / Lá, laiá... / No campo ou nas cidades, / no morro ou no asfalto / nas mais diversas atividades / a mulher vai falando mais alto / com raça, talento e um jeitinho à brasileira / faz muito mais que fez oculta a história inteira / por ontem, por hoje, por amanhã / coisa linda o Brasil é seu fã / Vai, vai, Portela / mais charmosa e mais faceira / exaltar na passarela / a mulher brasileira / . “ ] .
Encerrando esta triagem musical de Luiz Ayrão ,apresentaremos um maravilhoso samba onde ele abre seu coração portelense , em uma demonstração de carinho e muito amor pela escola de sua paixão : “ PORTA ABERTA “ . [ “ / Pela porta aberta / De um coração descuidado / Entrou um amor em hora incerta / Que nunca deveria ter entrado / Chegou, tomou conta da casa / Fez o que bem quis e saiu / Bateu a porta do meu coração / Que nunca mais se abriu / E por isso / Por isso a nostalgia tomou conta de mim / Mas um amigo percebeu e disse assim : / Para que tanta tristeza? Rapaz / Acabe com ela e vem comigo conhecer / A Portela, Portela / Fenômeno que não / Se pode explicar / Portela, Portela / Uma corrente faz a gente sem querer sambar / É ela, é ela / O novo amor a quem eu quero / Agora me entregar / O samba fez milagre / Reabriu meu coração para a Portela entrar / O samba fez milagre e reabriu meu coração a Portela entrar / . “ ] .
Abriremos agora o espaço para identificação desse cantor e compositor reconhecido e admirado no mundo do samba : “ AGEPÊ “ .
Nome artístico de Antônio Gilson Porfírio, nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de agosto de 1942 , falecendo em 30 de agosto de 1995, foi um cantor e compositor brasileiro. O nome artístico decorre da pronúncia fonética das iniciais do nome verdadeiro "AGP". A carreira fonográfica teve início em 1975 quando lançou o compacto com a canção “ Moro onde não mora ninguém “ , mas a confirmação artística veio na verdade nove anos depois, com o estrondoso sucesso de “ Deixa eu te amar “ , que fez parte da trilha sonora da telenovela Vereda Tropical . Foi integrante da ala dos compositores da Portela, contendo um repertório eclético, e teve no compositor Canário o mais frequente parceiro. Era o símbolo do som romântico, quase empregando letras maliciosas ou abertamente eróticas, de cunho sutilmente machista. Considerado brega, era desprezado pelas rádios FM, ridicularizado pela crítica e hostilizado por roqueiros e intelectuais.
“ MORO ONDE NÃO MORA NINGUÉM “ .
Passemos agora a apresentação de algumas canções que fizeram sucesso na interpretação de AGEPÊ . Iniciaremos com uma composição de Agepê , Canário e Zé Catimba cujo tema é uma declaração apaixonada em que é mesclado o desejo da carne com o sentimento amoroso expressos em cada passagem da canção na certeza de que amará “ DE TODAS AS FORMAS “ . [ “ / Me dê a posse do teu corpo / Descobre o rosto / Tira o véu / Pra dar mais vida a minha vida / Me dê sua boca com gosto de mel / Eu te amarei de todas as formas / E amar assim meu bem / É um mar de rosas (2x) / É te ver tão dengosa me dando carinho / Ó doce musa felina da minha paixão / É paixão / É paixão, uma força estranha me faz delirar / O desejo me chama querendo te amar / És a dona sozinha do meu coração / (BIS) / . “ ] .
Outra canção que rotula verdadeiramente Agepê é uma parceria com Ismael Camillo e Mauro Silva apresentando em seus versos uma linda declaração amorosa , exaltando , com expressões metafóricas , um belo sentimento em que compara alguns lindos fenômenos da natureza com a beleza da mulher desejada , daí o pedido apaixonante de “ DEIXA EU TE AMAR “ . [ “ / Quero ir na fonte do teu ser / E banhar-me na tua pureza / Guardar em pote gotas de felicidade / Matar saudade que ainda existe em mim / Afagar teus cabelos molhados / Pelo orvalho que a natureza rega / Com a sutileza que lhe fez a perfeição / Deixando a certeza de amor no coração / Deixa eu te amar / Faz de conta que sou o primeiro / Na beleza desse teu olhar / Eu quero estar o tempo inteiro / (bis) / Quero saciar a minha sede / No desejo da paixão que me alucina / Vou me embrenhar nessa mata só porque / Existe uma cascata que tem água cristalina / Aí então vou te amar com sede / Na relva, na rede, onde você quiser / Quero te pegar no colo / Te deitar no solo e te fazer mulher / Quero te pegar no colo / Te deitar no solo e te fazer mulher / Deixa eu te amar / Faz de conta que sou o primeiro / Na beleza desse teu olhar / Eu quero estar o tempo inteiro / . “ ] .
Agepê interpretou uma linda canção composta por Toninho Geraes e Serginho Beagá que fala da perda de uma paixão que foi se formando pouco a pouco em uma linguagem figurada e , diante do quadro formado pela separação , pede ao vento uma aproximação da mulher amada : “ ME LEVA “ . [ “ / Tudo nasceu de brincadeira / Nas cordilheiras da ilusão / Veio num vento sem destino / Amor menino fez paixão / Foi me invadindo pouco a pouco / Me deixou louco de prazer / Depois sumiu no mesmo vento / Fiquei aos poucos sem você / Deixou marcado o seu sorriso / Que não me deixa te esquecer / E me tirou do paraíso / Sem um sentido pra viver / Me leva / oh, vento / Me leva pra ela / Me leva / Me faça ficar junto dela / É desse amor que eu preciso / Preciso e não posso esquecer / Eu faço de tudo no mundo / Pra não te perder / . “ ] .
Apresentaremos agora outra composição de Agepê e Canário que fez muito sucesso nas paradas musicais . O tema dessa canção é a descrição minuciosa de um lugar tranquilo , demonstrando , com detalhes em cada verso , os quadros de um ambiente calmo e belo para viver em contato com a natureza onde impera a paz perfeita : “ MORO ONDE NÃO MORA NINGUÉM “ . [ “ / Moro onde não mora ninguém / Onde não passa ninguém / Onde não vive ninguém / É lá onde moro / E eu me sinto bem / Moro onde moro ..../ Não tem bloco na rua / Não tem carnaval / Mas não saio de lá / Meu passarinho me canta a mais linda / Cantiga que há / Coisa linda vem do lado de lá / Coisa linda vem do lado de lá / Moro onde moro ... (eu também moro...) / Uma casinha branca / No alto da serra / Um coqueiro do lado / Um cachorro magro amarrado / Um fogão de lenha, todo enfumaçado / É lá onde moro / Aonde não passa ninguém / É lá que eu vivo sem guerra / É lá que eu me sinto bem / . “ ] .
Encerrando a apresentação musical desse cantor e compositor portelense , escolhemos uma canção que expressa linda ternura em uma declaração amorosa , tornando a música altamente sentimental onde impera em cada verso o pedido apaixonante e delicioso através de manifestações verbais líricas : “ MOÇA CRIANÇA “. [ “ /O seu andar tem jeito de moça criança / A sua trança negra tem fita amarela / Me amarro nela, pelo seu olhar / Me ligo no sorriso dela / Que faz a minha tristeza ter fim / Me amarro nela, pelo seu olhar / Me ligo no sorriso dela / Que faz a minha tristeza ter fim / Ai! Quem me dera se ela gostasse de mim / Eu seria seu, dando o meu melhor amor / Por toda vida milhões de alegrias teriam de ser / Diferente a gente iria viver / Mas pra quê sonhar, viver no mundo de esperança / Se ela é que nem criança, usa trança / E não quer me amar / “ ] .
O Cantinho Musical selecionou alguns sucessos dessa dupla portelense baseado nos temas que expressavam um lirismo amoroso quer dedicado à mulher amada quer dedicado à escola de seus corações , na esperança de que a triagem agradaria aos que curtem as canções desses dois intérpretes !
“ UMA DAS TEMÁTICAS DESENVOLVIDAS NOS SAMBAS VERSA SOBRE O AMOR EM VÁRIAS CIRCUNSTÂNCIAS : PERDA DO RELACIONAMENTO AMOROSO ; TRAIÇÃO CONSUMADA ; LIRISMO DESCRITIVO DA BELEZA DA AMADA ; PEDIDO INCARECIDO E HUMILDE DO REATAMENTO DE UMA PAIXÃO DESFEITA . NAS CANÇÕES COMPOSTAS E INTERPRETADAS POR LUIZ AYRÃO E AGEPÊ , ESTES CARACTERES ESTÃO PRESENTES COM MUITO SENTIMENTO EM CADA VERSO CRIADO E CANTADO POR ELES !!! “