01/03/2017 às 11h28min - Atualizada em 01/03/2017 às 11h28min

Carnaval é carnaval, outra coisa é outra coisa.

O tradicional bloco caricato Bão Igual Bosta encerrando carnaval no final da tarde desta terça na Praça do Urubu. (Foto: João Gabriel Baía Meneghite)
Por Luciano Baía Meneghite

“Mudaram toda a sua estrutura... Te impuseram outra cultura... e você nem percebeu...”

(Agoniza, mas não Morre – 1978 - Nelson Sargento)

Super Escolas de Samba S/A... Super-alegorias... Escondendo gente bamba... Que covardia !
(Império Serrano – 1982 -Bum bum paticumbum prucurundum/Beto SemBraço, Aloísio Machado)

“Vejam só... do jeito que o samba ficou (e sambou)... Nosso povão ficou fora da jogada...Nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar”
(São Clemente -1990 – E o samba sambou/Helinho 107 / Mais Velho / Nino / Chocolate)

Muita gente parece não ter ouvido as duras críticas ao processo de descaracterização do samba e do carnaval nas últimas décadas.    Nos grandes centros houve uma reação positiva nos últimos anos com o crescimento dos blocos de rua. Em cidades como Leopoldina, ainda há uma mentalidade de que basta entreter o povo com qualquer coisa que siga os modelos impostos pela grande mídia. E aí vale tudo. Pouco importa as autênticas manifestações carnavalescas e populares da cidade. O negócio é encher a praça com um público acostumado a não exigir muito, colocar qualquer coisa pra tocar e dizer que estão promovendo a cultura.

O carnaval, as festas juninas, entre outras manifestações, vão se pasteurizando, liquidificando e virando tudo uma coisa só; sem identidade.

Geralmente quem vai a um baile funk, quer ouvir funk, não samba enredo. Quem vai a um forró não quer ouvir pagode. Do mesmo modo, quem é realmente carnavalesco, no carnaval quer ver seu bloco ou escola ativo. Quer ver os compositores da cidade compondo, os cantores cantando e os músicos tocando. Ver os ensaios movimentando os bairros, os gritos de carnaval, os bailes e matinês nos clubes, os concursos de rei, rainha e fantasias. As novas marchinhas sendo tocadas pelas rádios e não ignoradas ou boicotadas. As ruas da cidade bem decoradas, iluminadas e cheias de gente de todas as cores e classes misturadas; não formas veladas de segmentação ou segregação.

Quem é carnavalesco mesmo, também quer ver afastados das agremiações os oportunistas que só visam o próprio bolso.

De quem é a responsabilidade por essa mudança? De todos. Do poder público, dos carnavalescos, do comércio, da imprensa.

Viva aos que com ou sem apoio ainda insistem em promover o autêntico carnaval!


 
 
 
 
 


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