22/09/2017 às 08h03min - Atualizada em 22/09/2017 às 08h03min

Relíquias, ou “aquilo que existe como peça preciosa, ...”

Ana Cristina Miranda Fajardo (*)


Tudo tem início com uma típica atitude dos séculos passados: uma filha expulsa do lar por estar gerando um ser fora do casamento. Priscila, a filha abandonada, mas não derrotada, gera Isabel, que gera Letícia, que se apaixona por Teófilo.

Relíquias, de Ronald Alvim Barbosa, é uma obra marcada por encontros, e é no encontro entre Letícia e Teófilo que todos os outros encontros se dão.

É uma obra também marcada por citações, sejam elas autorais ou populares. “Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.”, Nietzsche. “A felicidade se resume na modesta ambição de ser feliz.”, sabedoria popular.

Em meio a encontros e citações, revisitamos a nossa história, tendo Petrópolis como pano de fundo. Lei Áurea, Independência e Segunda Grande Guerra são alguns dos episódios rememorados.

Sendo Dr. Ronald um apreciador de sonetos, também encontramos sonetos transcritos, convenientemente, ao longo da obra. O palhaço, de Padre Antônio Tomás; Só, de Jaime Caetano e um de Shakespeare, que versa sobre amor eterno.

Em meio a tanta diversidade artística, aparece Enrico, o protagonista da obra. Irmão de Letícia, ele recebe da família de Teófilo, então namorado e futuro marido de Letícia, um violoncelo Stradivarius. A partir daí, dá-se início a sua trajetória artística. Vai estudar no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, onde conhece o professor Walther, que o insere de vez na vida artística.

Do Rio, Enrico parte para Nápoles, onde estuda e conhece Graziella, com quem se casa. A nova família vem morar no Brasil, durante a Segunda Grande Guerra. Aqui, Graziella tem seu primeiro filho, André. Na maternidade, conseguiram fazer uma foto histórica: André, Enrico, Isabel e Priscila. Eles pertenciam a quatro gerações da família de Enrico.

Ao retornar à Itália, para visitar os pais de Graziella, Enrico é estupidamente agredido por ser brasileiro. Ódio gerado pós-guerra. Volta ao Brasil para se recuperar. Durante esse período de recuperação, ele decide ir para Nova York. Lá, vive seus primeiros conflitos. O espancamento deixa sequelas, pequenas ausências mentais, as quais o deprimem e preocupam-no. Segue seu caminho, mas transfere seus sonhos para o filho André, que já despontava para a música.

Enrico ou André, quem trilhará o caminho musical? Leia e surpreenda-se.

(*)Ana Cristina Miranda Fajardo é Professora de Português e Membro da Academia Leopoldinense de Letras e Artes  


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