20/11/2017 às 20h49min - Atualizada em 20/11/2017 às 20h49min

Reunião debate o futuro da segurança pública em Leopoldina e região

6ª Cia de Polícia Militar Independente de Leopoldina corre risco de ser rebaixada para simplesmente Companhia

Texto e fotos João Gabriel B. Meneghite
O prefeito José Roberto de Oliveira liderou uma reunião nesta segunda-feira, 20 de novembro, às 16:00 horas, no Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira, onde foi discutida a intenção do Governo do Estado de Minas Gerais em realizar algumas modificações relacionadas à 6ª Companhia de Polícia Militar Independente de Leopoldina com o risco de ser rebaixada para simplesmente Companhia.
 
Segundo os termos do convite distribuído pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Leopoldina a vários segmentos da sociedade leopoldinense, “a reunião se justificou em razão da existência de um estudo por parte do Governo do Estado de Minas Gerais que visa a reorganização da Polícia Militar sendo que uma das estratégias é a extinção de Batalhões e Companhias Independentes, a fim de diminuir a presença de policiais na administração dos quartéis com a justificativa de emprega-los nas atividades de rua”.
 
Ainda de acordo com o convite distribuído à sociedade pelo prefeito José Roberto, “com a reorganização a 6ª Companhia de Polícia Militar Independente de Leopoldina será rebaixada, podendo até mesmo ser fechada, voltando a ser subordinada ao 21º Batalhão de Ubá, correndo o risco de perder policiais e viaturas. Em razão disso, com o objetivo de fortalecer a defesa, convido a todos para nos unirmos em uma mobilização para a finalidade de rechaçarmos tal intenção inaceitável do Governo do Estado de Minas Gerais”, finalizou o prefeito José Roberto no convite.
 
O convite teve grande repercussão e conseguiu mobilizar prefeitos e lideranças políticas de toda região da área de abrangência da 6ª Companhia de Polícia Militar Independente de Leopoldina, entre as quais representantes de Dona Euzébia, Cataguases, Laranjal, Itamaraty de Minas, Santo Antônio do Aventureiro, Recreio, Argirita, Astolfo Dutra, além de representantes de diversos segmentos da sociedade como empresários, servidores públicos e entidades de classe.


Manifestação do Poder Legislativo Leopoldinense.
 
O Presidente da Câmara Municipal de Leopoldina, Pastor Darci José Portela (foto) informou que na Casa Legislativa houve debates sobre o tema e que os vereadores demonstraram preocupação e união para fazerem uma representação junto ao Governo do Estado. "Queremos uma cidade segura, onde as pessoas possam andar nas ruas com tranquilidade", manifestou.


Prefeitos da região abraçam a causa
 
O prefeito do município de Argirita, Carlos Aurelio Carminate Almeida, demonstrou sua indignação e pretende empenhar para que isso não ocorra. "Perto já é difícil de administrar, imaginem longe? Desejo que a 6ª Cia Independente de Polícia Militar continue instalada em Leopoldina e que possa cada vez mais representar nossos municípios", comentou.
 
O prefeito de Recreio José Maria André de Barros, outro município que integra a região da 6º Cia. Ind. PMMG disse que desejaria viver em um país que necessitasse de apenas a metade do contingente que tem hoje. Ele informou que em Recreio tem 10.500 habitantes, com uma extensão territorial de 200km2.  "Há diversas ocorrências em virtude do número baixíssimo de policiais - apenas oito. É difícil entender essa lógica de extinção de uma unidade de comando, quando o importante para todos nós, é essa proximidade, para termos soluções mais rápidas. Estou unindo com prefeitos de nossa região em torno da manutenção de nossa Companhia Independente que tem sido muito útil para toda nossa região, trazendo mais segurança pela proximidade do comando e é isso que estamos aqui para propor junto com os demais prefeitos de nossa região: a sua manutenção ", asseverou.

Carlos Aurelio Carminate Almeida, prefeito de Argirita.

As explicações da 6º Companhia Independente de Polícia Militar do Estado de Minas Gerais
 
Representando o comandante da 6ª Companhia de Polícia Militar Independente de Leopoldina, Tenente Coronel Giovani do Carmo Ramos, esteve presente na reunião o Major Alexandre Leal, que esclareceu alguns pontos quanto a reclassificação da unidade. "A Polícia Militar tem como um dos principais quesitos a transparência. Esse evento foi antecipado pelas notícias que ocorreram na imprensa. Ela [a instituição] pretendia fazer isso de forma transparente para a sociedade", justificou.
 
Ele informou que ainda não há nenhuma diretriz formal e que a proposta está na seara de estudos, não sabendo informar quando isso ocorrerá. "Seria ilógico qualquer mudança ir contra os anseios da sociedade", disse Leal. Ele admitiu que a proposta pode ser acolhida quanto a reclassificação de 'Companhia Independente' para simplesmente 'Companhia'. "Isso significa que não haverá redução de efetivo", exemplificando que existem 'Companhias' muito maiores do que outras 'Companhias Independentes'. "Isso depende de índice criminal, de realidade de cobertura territorial. Estudos são feitos para alocar efetivo, bem como recursos para torná-lo mais eficiente", explicou.
 
O militar salientou que o estudo mede a capacidade de absorção administrativa de pessoal e de recursos. "A reclassificação visa tornar mais fácil a gestão operacional, mais efetiva e eficiente, colocando mais gente na rua e mais recursos operacionais", esclareceu.

Major Alexandre Leal

José Roberto demonstra indignação e disse que vai lutar até o fim
 
Em seu discurso, o prefeito de Leopoldina disse que o objetivo de chamar o comando da Polícia Militar para uma reunião foi com o propósito de esclarecer e mobilizar a população. "Fiquei sabendo dessa notícia de reclassificação nas ruas e isso me indignou bastante. Nós que estamos à frente de uma cidade não podemos tomar conhecimento de algo tão grave na porta de um botequim. Tenho um respeito muito grande pela Polícia, haja vista que fui militar e sei como funcionam as regras e hierarquias", comentou.

José Roberto recordou de seu primeiro mandato como prefeito, informando que naquela ocasião procurou dar mais conforto aos policiais que trabalhavam em um ambiente inadequado, cedendo o espaço onde funcionou o Laboratório de Análises de Solo do antigo DNER para abrigar os militares. "A prefeitura paga aluguel perto da exposição [sede do 1º Pelotão da 6ª Cia PM Ind de Leopoldina], paga combustível, peças e reformas dos carros, que neste ano contabilizaram cerca de R$137.000,00. É uma ajuda substancial e a Polícia Militar tinha que reconhecer isso, principalmente o Governador", relatou.
 
O prefeito demonstrou insatisfação de não ser informado que havia uma modificação em curso. "Quando soube, fui ao comando da 6ª Cia Ind. e conversei com o Cel. Ramos, posteriormente fui em Juiz de Fora falar com o Cel. Nocelli, que explicou a situação, mas discordo. Indaguei quantos policiais administrativos haviam em Leopoldina [apenas 17 trabalham no quartel] e quantos irão para as ruas, sendo informado que talvez de três a quatro e o restante ficaria no quartel", informou José Roberto o teor da conversa com o comandante da 4ª Região da Polícia Militar, coronel Alexandre Nocelli. O prefeito criticou a decisão e disse que vai discordar até o final. "Posso perder, mas não vamos aceitar essa posição", esbravejou.

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