11/11/2014 às 15h44min - Atualizada em 11/11/2014 às 15h44min

Kung Fu de Leopoldina ganha medalhas em mundial na China

Equipe conquista duas de bronze e marca presença com um quarto lugar

Leonardo Cirino
Betinho e a equipe de Leopoldina na Muralha da China.( Acervo pessoal/Roberto de Oliveira )

Após meses de  intensa dedicação, viagens para treinamentos, os esforços foram compensados. A equipe de Kung Fu da Associação Tan Lan chegou a Leopoldina neste domingo, 2 de novembro, com duas medalhas de bronze (uma pelo kati de lança e outra pelo bastão) e a conquista de um quarto lugar na categoria mãos livres no Campeonato Mundial. Liderado por Roberto dos Santos de Oliveira, o Mestre Betinho, o grupo voltou de Pequim com a sensação de dever cumprido.

Em toda Minas Gerais, somente quatro atletas foram selecionados. Três são da Associação Tan Lan: Fernanda Cruz Lima, Carlos Augusto Santos Nunes e Braz Heverton de Oliveira Mota. Além dos leopoldinenses, mais uma participante da cidade de Ouro Preto, Tayná Oliveira, representou o Estado. A massacrante maioria da delegação brasileira veio de São Paulo.

Segundo Betinho, as marca obtidas são devidos ao trabalho sério e disciplinado dos membros da equipe: “Nada foi fácil, pois tivemos que nos deslocar várias vezes a outras cidades para treinamentos oficiais, pré-seleções e várias outras questões. Mas os esforços valeram muito a pena pois, além dos resultados vistos, todos nós trouxemos uma grande experiência de vida. Nem as 32 horas que enfrentamos de avião não foram suficientes para nos desanimar. Ficaríamos até mais, caso fosse necessário. Por sinal, este foi o menor dos nossos problemas.”, diz.

Betinho também destaca que só se tornou realidade com a participação de muitos envolvidos (leia entrevista). Para ele, foi fundamental o de pessoas como seu Mestre Joilson que, há muitos anos, contribuiu para a filiação da Associação Tan Lan na Confederação Brasileira de Kung Fu: “Assim como Mestre Cido, com quem treinei durante muito tempo, Mestre Joilson me ajudou bastante, com várias questões burocráticas. Ele esteve agora com a delegação brasileira na China, e posso dizer que foi excelente. Lembrei a ele da importância que ele teve em estarmos todos ali.”

As pessoas interessadas em informações adicionais ou mesmo em praticar Kung Fu ou mesmo Sandá (boxe chinês) devem contatar os telefones 9119-5105 ou 8463-7029 ou mesmo dirigirem-se à Associação Tan Lan, no ‘escadão’ da rua Cotegipe, próximo à esquina com a rua Tiradentes.

Leia entrevistas com Betinho e um dos participantes de Leopoldina a seguir.

Sifu Betinho

Líder da equipe de Kung Fu

- Qual foi sua primeira impressão ao chegar à China?

Foi um choque, pois parecia que estávamos em outro mundo. O povo chinês foi muito acolhedor. A cultura é muito diferente: a comida, por exemplo, é muito boa, mas nada parecida com a que temos por aqui. O hábito de tomar chá a toda hora também é muito curioso. Acabei aprendendo muito com eles, apesar de ter ficado lá por somente 15 dias.

- E sobre a organização do evento?

Excelente. Imagine que, no grupo, havia mais de 60 pessoas, entre competidores, técnicos, chefes de equipe... Foi o maior grupo brasileiro já enviado. E, por incrível que possa parecer, ouvi comentários do organizador Renato Feijó que este foi o ano em que não houve nenhum problema. Houve companheirismo entre todos.

- Como foi o relacionamento com as outras delegações?

Muito boa. Claro que tem grupos que não são tão abertos, mas isto é normal. Mas percebi que entre brasileiros, franceses, chineses e indianos, houve maior comunicação. Até troca de camisas entre os grupos aconteceu.

- Como você avalia a qualidade técnica dos brasileiros em relação à de outras equipes?

Estamos no mesmo nível que qualquer outra equipe do mundo. Até mesmo dos chineses, que inventaram esta arte marcial. E o desempenho dos brasileiros mostra isso, em diversas modalidades. Mesmo se não tivéssemos ganhado nenhuma medalha, por exemplo, já seria suficiente para mostrar que podemos nos igualar a qualquer outro país.

- Falando nos criadores do Kung Fu, o que você percebeu de específico no jeito de os chineses praticarem?

Já tinha assistido a muitas demonstrações pelo Brasil. Por lá, percebi o mesmo que já tinham mostrado por aqui: eles conhecem profundamente as artes marciais e têm muita disciplina. Isto vale para todas as idades. Vi senhores e senhoras praticando Tai Chi Chuan normalmente, como parte do dia a dia. Isto é o que faz a diferença e foi o que eu mais queria ver.

- O que foi mais marcante em toda a viagem?

Justamente comprovar que estou no caminho certo, pois comprova que fiz a escolha certa ao me dedicar ao Kung Fu. Ir aonde ele nasceu foi um sonho que se tornou realidade. Voltar com marcas tão boas foi a coroação de tudo isso. Conhecer o o País foi incrível, pois é tudo muito especial: Pequim, a Cidade Proibida, a Muralha... Isto tudo só foi possível porque tivemos o apoio das pessoas que confiaram em nós, participaram das nossas campanhas de rifas, do almoço beneficente, fizeram depósitos... Agradeço muito à Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Leopoldina, na pessoa de Jussara Thomaz, ao prefeito José Roberto de Oliveira, enfim, a todos que fizeram parte deste grande projeto. E, claro, parabenizo os membros da delegação brasileira e, em especial, da Associação Tan Lan. Espero levar mais participantes de Leopoldina numa próxima oportunidade!

Leia abaixo uma conversa com Carlos Nunes, medalhista de Leopoldina.

- Você fez uma ótima participação no Mundial. Comente sobre a(s) modalidade(s) em que participou e sobre as dificuldades, nervosismo (se houve), além do resultado obtido.

Carlos Nunes - Eu tive a oportunidade de observar o primeiro dia de competição , com isso tirei algumas dúvidas em questão das áreas. No segundo dia meu grupo foi bem de manhã, o frio atrapalhou um pouco mas tive um resultado bom para o primeiro campeonato fora do país. No mesmo dia, tive minha segunda oportunidade no final da tarde, o vento estava forte mas eu tinha que ser mais. E com essa determinação e apoio de amigos da Seleção eu conquistei o terceiro lugar na categoria Qiangshu (Lança).

 

- Como foi a recepção especificamente do povo chinês e também dos organizadores do evento?

Carlos - Os chineses  são pessoas bem receptivas e educadas, se você os cumprimenta com um tchau feliz  eles te retribuem feliz. Os organizadores do evento também foram bem educados , até interagiram com as Seleções cantando e descontraindo .
 

- Qual a primeira impressão da China? O que mais gostou?

Carlos - Nossa! Foi uma loucura ver aqueles prédios enormes com letreiros. O que eu mais gostei foi da cultura diversificada e os locais onde fomos visitar .
 

- Com o que foi mais difícil se adaptar?

Carlos - Em primeiro lugar , foi a comida , muito apimentada . E em segundo foi adaptar a respiração com os treinos no local.
 

- Você percebeu algum desnível entre a qualidade da delegação brasileira e o padrão internacional?

Carlos - Não, a Seleção Brasileira Wushu  tem um padrão de ótima qualidade em questão de treinamento para estar competindo com as demais delegações .
 

- Como foi o entrosamento com a delegação brasileira e com as outras?
Carlos -
Nos primeiros dias todos estavam focados na adaptação e treinamentos , mas depois,  a maioria das delegações estavam interagindo, nós até jogamos futebol com as delegações da África do Sul, Ucrânia, Turquia e alguns chineses .

- Quais os próximos eventos dos quais pretende participar?

Carlos - O próximo evento é o Campeonato Brasileiro que será na cidade do Leme-SP. E no ano que vem participar do 1º Pan-Americano de Kung-Fu Wushu que será realizado de 7 a 13 de julho de 2015 na cidade de Santo André-SP.

 

           


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