16/12/2014 às 08h42min - Atualizada em 16/12/2014 às 08h42min

Atuação do MPMG preserva a memória do poeta Augusto dos Anjos

Por meio de um Inquérito Civil, MPMG conseguiu manter viva a memória do poeta em Leopoldina, local onde faleceu há um século

As peças originais do Inquérito Civil no Memorial do Ministério Público de Minas Gerais.

As peças originais do Inquérito Civil que constatou o valor histórico, arquitetônico e turístico do imóvel onde residiu e faleceu, em 1914, o poeta paraibano Augusto dos Anjos e que buscou meios para proteger o bem que está localizado no município de Leopoldina, na Zona da Mata mineira, fazem parte agora do Memorial do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

A inclusão dos documentos no rol de objetos que contam um pouco da história da instituição foi realizada na tarde desta quinta-feira, 12 de dezembro, em solenidade realizada na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), em Belo Horizonte, evento prestigiado por diversos integrantes da casa. A iniciativa faz parte do projeto Memória em destaque, que mensalmente busca destacar e expor objetos, documentos, fatos ou biografias no ambiente e nos veículos de comunicação do MPMG.

Graças ao trabalho de preservação do patrimônio da comunidade leopoldinense, que se iniciou em 2007 com a instauração do inquérito pelo promotor de Justiça Sérgio Soares da Silveira, o que poderia representar uma memória morta na história do município hoje é um museu tombado, chamado de Espaço dos Anjos.

No local onde o poeta passou os seus últimos meses de vida, estão expostos objetos pessoais, fragmentos de cartas, fotos e jornais do início do século XX, além de objetos ligados à história de Leopoldina. O imóvel também possui sala para oficinas de poesia e pintura e um anfiteatro.

Mais do que a preservação da casa e do acervo, Sérgio Soares expressou o sentimento de quem, como morador do município, contribuiu para o acerto de uma dívida de mais de um século com o poeta. “Leopoldina não tinha prestado o devido reconhecimento a Augusto dos Anjos, artista de um trabalho singular, reconhecido, inclusive, fora do país”, destacou.

O coordenador do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), promotor de Justiça Luciano Badini, por sua vez, fez questão de enaltecer o trabalho e a importância que o Inquérito Civil pode ter para a solução dos problemas. “Hoje, essa ferramenta tem um fim em si mesma e representa uma nova forma de atuação do Ministério Público, preocupado em resgatar o diálogo, se aproximar da sociedade, em solucionar o conflito, e não fomentá-lo”.

Sérgio Soares revelou que, apesar das dificuldades para obter documentos e o compromisso dos gestores municipais para a adequação de um local que recebesse o acervo, definiu exatamente essa linha resolutiva de atuação, descartando a judicialização por temer que a memória de Augusto dos Anjos e a história de sua passagem pela cidade fossem perdidas. “O resultado foi melhor do que o esperado. Conseguimos a reforma completa do imóvel e a abertura de um museu”.

O Espaço dos Anjos está localizado na rua Barão de Cotegipe, 386, no Centro de Leopoldina.

O poeta
O poeta simbolista Augusto dos Anjos nasceu na Paraíba em 1884. Formou-se em Direito e foi professor no Rio de Janeiro e em Leopoldina, onde faleceu aos 30 anos, vítima de uma pneumonia. Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos e, em 1912, publicou seu único livro: Eu.

Com um estilo literário peculiar, o artista foi intitulado “poeta da morte”, pois possuía uma obsessão pelo tema, com ênfase na negação da vida material e das vontades próprias. Sua obra apresenta características dos dois estilos literários da época, o Parnasianismo e o Simbolismo, principalmente no rigor na forma e no conteúdo metafórico.

Segundo o escritor e crítico Ferreira Gullar, os poemas de Augusto dos Anjos possuíam um estilo pré-modernista, com características expressionistas, que o caracterizavam com uma singularidade no estilo da época.

Memorial
O Memorial do MPMG foi criado com o objetivo de recuperar, conservar e divulgar os testemunhos materiais e imateriais representativos da trajetória e da história da instituição.

A Sala de Exposição Permanente do Memorial destina-se à exibição da coleção principal representativa do patrimônio histórico do Ministério Público. O espaço fica na rua Dias Adorno, 367, pilotis, Santo Agostinho, Belo Horizonte.
 

Fonte: Ministério Público de Minas Gerais-Superintendência de Comunicação Integrada- Diretoria de Imprensa

 

 


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