28/03/2015 às 20h53min - Atualizada em 28/03/2015 às 20h53min

Câmara Municipal debate situação da saúde em Leopoldina

Hoje, a CCL faz uma média mensal de 3.800 atendimentos ambulatoriais, 300 internações e mais de 70% desses atendimentos são do SUS.

Fernanda Espíndola
Os administradores da Casa de Caridade Leopoldinense (CCL), Vera Maria do Vale Pires e Wolney Aguilar.

Em uma demorada audiência pública, a Câmara Municipal de Leopoldina discutiu quinta-feira, 26 de março,  os problemas e soluções do serviço de saúde pública no município. Na audiência solicitada pela Comissão de Saúde da Casa, os vereadores buscaram saber dos administradores da Casa de Caridade Leopoldinense (CCL), Vera Maria do Vale Pires e Wolney Aguilar; e da secretária municipal de Saúde, Lúcia Gama, quais medidas estão sendo tomadas para a solução urgente de problemas que vão desde a não realização de cirurgias no Hospital de Leopoldina à qualidade de atendimento ao usuário nos PSfs do município.

                                   

Membro da Comissão de Saúde e um dos autores do requerimento para a audiência pública, o vereador Edvaldo Franquido relatou que a referida comissão percorreu todos os PSFs do município e fez visitas surpresas à Casa de Caridade Leopoldinense onde, segundo ele relatou, “ficou bem impressionado ao perceber que o Hospital conseguiu diminuir o tempo de espera pelo atendimento no Pronto-Socorro, que agora conta com dois médicos em plantões 24 horas”.

Edvaldo Franquido também quis saber se o convênio entre a CCL e a Prefeitura já havia sido assinado e o motivo pelo qual o hospital de Leopoldina não vem realizando cirurgias eletivas. Na ocasião, o administrador Wolney Aguilar prestou esclarecimentos em nome da instituição. “A Casa de Caridade é uma empresa privada, sem fins lucrativos, mas existe um convênio com o Governo Estadual onde há um limite contratado para a realização de cirurgias eletivas, de urgência e emergência. No caso da CCL, a pactuação é de 45 cirurgias por mês e 540 por ano. No entanto, ainda assim, o hospital tem feito 67% a mais de intervenções que são autorizadas. Ou seja, não fazemos mais porque não tem quem pague por esses excedentes”, esclareceu Wolney, completando: “Queremos e temos condições de fazer mais cirurgias, mas para isso é preciso que alguém nos dê recursos porque o hospital não tem como arcar com esse déficit”.

Já o vereador Paturi, que também é membro da Comissão de Saúde, lembrou que precisou recorrer a uma cidade vizinha para fazer uma cirurgia de catarata e quis saber por que o hospital de Leopoldina deixou de fazer o mutirão de cirurgias. De acordo com a diretora técnica da CCL, a médica Hellen Bedin Bonin, em 2014 a CCL fez em três meses 480 cirurgias através do mutirão. Segundo ela, o projeto não avançou em virtude da falta de pagamento.

-O Governo Estadual criou um mutirão, assinamos um contrato que nos autorizou a fazer as cirurgias e no meio do programa o Governo avisou que não tinha dinheiro. Para atender à demanda, o Hospital investiu R$ 90 mil reais em equipamentos e compra de materiais, contratou médicos e enfermeiros e recebeu pelos serviços prestados quase um ano depois. Retomamos o mutirão em agosto e o repasse só foi feito somente em fevereiro deste ano. Infelizmente, tivemos de parar porque a Hospital não tem como arcar com esses custos-, explicou a médica.

Com relação às cirurgias, Hellen Bonin ratificou as palavras de Wolney Aguilar e foi taxativa: “Solicitamos ao Secretário de Estadual de Saúde um aumento do teto de cirurgias, mas não conseguimos. Por isso, vejo que a solução para esse problema tem de ser dada pelos gestores da saúde. Todas as verbas que vêm dos Governos Estadual e Federal estão atrasadas e ainda assim todos os meses o Hospital faz além do que é permitido e ninguém paga por isso. A demanda é enorme, gostaríamos de atender a todos, mas infelizmente não temos condições financeiras”, completou Hellen Bonin.     

Em seguida, Edvaldo Franquido perguntou à provedora da CCL se o convênio entre o Pronto-Socorro e a Prefeitura havia sido assinado e se o mesmo estava sendo pago em dia. “Assinamos o novo convênio dia 17 de março, no valor de R$ 202.368,00. Não achamos o valor justo, porque o Pronto-Socorro tem um déficit que vem sendo custeado pelo Hospital, mas é o que a Prefeitura pode pagar e entendemos que a situação também está difícil para o município. Há um atraso de R$ 100.000,00, mas o prefeito se comprometeu a pagar ainda no mês de março”, explicou Vera Pires.

Aproveitando o gancho, o vereador Oldemar Montenari questionou sobre o valor que seria necessário para cobrir os gastos com o Pronto-Socorro. “Fizemos uma proposta de R$ 220.000,00. Hoje, o Hospital contribuiu com R$ 25.000,00 por mês para manter todos os serviços do Pronto-Socorro. Além disso, a verba da Rede de Urgência e Emergência está atrasada três meses. Este mês chegamos a um meio termo e ficou acordado que além da verba de R$ 202.000,00, a prefeitura vai arcar com os custos de dois plantões semanais, o que chegaria a um total de R$ 214.000,00”, explicou Wolney Aguilar, completando:

-Infelizmente, esse não é um problema exclusivo da CCL. O sucateamento da saúde pública é um problema crônico, que afeta todo o país. Cerca de 88% dos hospitais públicos mineiros devem à Caixa Econômica e ao Banco do Brasil porque as contas não fecham no final do mês. Hoje, a CCL faz uma média mensal de 3.800 atendimentos ambulatoriais, 300 internações e mais de 70% desses atendimentos são do SUS, que nos oferece uma tabela totalmente defasada. Ainda assim, apesar das dificuldades, conseguimos atender a todos.

 


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