20/04/2015 às 20h16min - Atualizada em 20/04/2015 às 20h16min

Historiadora chama a atenção para que antigo Fórum não seja descaracterizado

A professora e historiadora Natania Nogueira em texto publicado no blog históriaememóriaconhecer, elogia a transformação do prédio do antigo Fórum da Comarca de Leopoldina em espaço cultural, mas chama a atenção para o risco de descaracterização do mesmo. Quem passa pela Praça Félix Martins defronte ao prédio, só percebe que as cores antigas, branca e bege estão sendo substituídas por tons mais avermelhados, sem outra alteração visível.  A preocupação maior estaria com o interior do prédio, que naturalmente passará por algumas adaptações.  

Reforma do Fórum de Leopoldina: O nascimento de um novo espaço cultural

Natania Nogueira

O antigo Fórum de Leopoldina (MG) foi cedido à municipalidade para que seja transformado em um espaço cultural. Um presente para cidade, uma iniciativa que, com certeza, eleva o nível da nossa Secretaria de Cultura. Para o Fórum será transferida, por exemplo, a Biblioteca Municipal, que irá ganhar mais espaço. A cidade ganha, ainda, um auditório para palestras e apresentações teatrais, uma gibiteca e espaço para várias outras atividades lúdicas, culturais e educacionais.

Só temos o que comemorar, claro.

Mas é preciso também estar atento. O Fórum é um patrimônio arquitetônico da cidade. É preciso que o Conselho de Patrimônio esteja ativo verificando se a reforma irá, de alguma forma, descaracterizar o edifício. É preciso inclusive, se ainda não está em processo, levantar a possibilidade de tombamento.

É necessário ter em mente que o edifício possui uma trajetória, uma memória que precisa ser contada e preservada. Ele por si só merece atenção especial.

Este tipo de preocupação deve partir da comunidade. Os órgão municipais cumprem as normas técnicas, fazem o serviço burocrático, mas nem sempre, possuem pessoas com sensibilidade ou mesmo disponibilidade para se atentar a pequenos detalhes, que no final fazem muita diferença. Não desmerecendo os envolvidos no projeto. Todos são competentes nas áreas em que atuam, dos pedreiros aos funcionários da Secretaria de Cultura. Mas nem todos podem se dar ao luxo de concentrar toda a sua atenção a apenas um projeto, no caso aqui a reforma do Fórum.

Daí insisto novamente na importância da participação e do interesse da comunidade, que irá usufruir futuramente do espaço. É essa participação, este interesse que vai fazer a diferença. Ela é o indicativo que vai nos revelar o grau de consciência patrimonial que a cidade possui. É neste momento que iremos perceber se a educação patrimonial está sendo eficiente, se ela está rendendo frutos.

Na escola os professores devem debater sobre o tema. Seria um ótimo momento, no mês em que comemoramos o aniversário da emancipação do município e da criação da Vila de Leopoldina. Professores, convidem seus alunos a conversar e opinar sobre os rumos que a cidade está tomando, levantando questões como a preservação patrimonial e o incentivo à cultura. E se o exemplo que aqui cito é de Leopoldina, o tema em si é universal e pode ser aplicado às mais diversas regiões e realidades brasileiras. Afinal, onde neste país não é necessária a implantação de projetos de educação patrimonial?


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