23/08/2015 às 13h10min - Atualizada em 23/08/2015 às 13h10min

RJ eu sou de coração

José Roberto Lima*

No próximo dia 27, Leopoldina estará em festa: o Esporte Clube Ribeiro Junqueira completará 104 anos. Em 1971, quando completara 60 anos, acompanhei os festejos. Aos 11 anos de idade aprendi a mais importante lição de sucesso, transcrita numa das dedicatórias que lancei no meu livro.

Além de dedicá-lo à “meia dúzia de três” entre os que tentaram me atrapalhar, além de dedicá-lo às minhas tias com as quais aprendi várias virtudes contidas na bondade, além de dedicá-lo a minha família, também o dediquei aos atletas do Dragão de Leopoldina: “Aprendi com vocês que a vitória nem sempre é alcançada pelos mais capazes, mas pelos mais esforçados”.

Nas férias, o Mestre Telê Santana era um dos técnicos que prestigiavam os amistosos contra jogadores famosos do Rio de Janeiro. Para a garotada do RJ, era a grande chance de impressionar os “olheiros”.

Era evidente a superioridade dos cariocas. Porém, os mais esforçados eram os junqueirenses. Neste contexto, vi o RJ vencer em ocasiões improváveis. Foi assim que muitos jovens saíram de Leopoldina para fazer sucesso no Flamengo, Botafogo, Grêmio, São Paulo, etc.

Sem ser injusto, cito apenas um, hoje radicado em Dallas (EUA), onde dirige uma equipe de futebol: José Márcio Pereira da Silva, o Zequinha, que passou pelos times aqui citados e pela Seleção Canarinho. Por causa de seus dribles, era chamado de “Zeca Diabo”, numa referência ao personagem do mesmo nome, da obra de Dias Gomes.

O esforço daqueles jovens fez crescer uma legião de torcedores. O próprio Telê Santana, cidadão honorário de Leopoldina, sabia a escalação do nosso time. Quando perguntado sobre a Seleção de 1982, respondeu que se inspirou no Ribeiro Junqueira.

Assistindo àqueles jogos, aprendi a importância do esforço. Afinal, não tenho inteligência superior. Não venho das classes privilegiadas. Desde cedo, tive de trabalhar para frequentar escolas e estudar à noite.

A diferença em relação aos jogadores leopoldinenses é que, em vez de entrar em campo buscando uma grande chance, fiz dos concursos minha grande chance. E, a cada triunfo, eu rememorava aquelas vitórias improváveis.

É por isso que muito me emocionou o convite do Guto e do Juquinha, da diretoria do RJ, para fazer uma preleção antes de uma partida, durante as comemorações de 103 anos. Deu certo: vencemos por 2x0. 

Naquela ocasião eu disse que, “nesta longa estrada da vida”, vi muitos gênios se darem mal. Aliás – fala a verdade, leitor – todo mundo conhece um gênio que fracassou porque não soube usar sua genialidade. Mas duvido que você conheça alguém que se esforçou e se deu mal.

Nas entrelinhas da minha preleção estava a primeira estrofe do hino junqueirense, repetida pelos torcedores para motivar os “dragões” em campo. E, para motivar os concurseiros, faço questão de transcrevê-la: “RJ eu sou de coração”.

*Advogado, mestre em Educação, professor de Direito e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. Escreve aos domingos.


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