05/10/2015 às 00h00min - Atualizada em 05/10/2015 às 00h00min

87% dos leitores acham que poda de árvores não deve continuar durante a reprodução dos pássaros

Revoltada, a população reclama da falta de planejamento dos setores competentes e apela para uma tomada de posição do Conselho Municipal do Meio Ambiente.

Luiz Otávio Meneghite
Estamos em plena época de reprodução dos pássaros.

O próprio Ministério do Meio Ambiente reconhece que grande parte dos problemas que afetam o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas ocorre no município. Também é o Ministério que ensina que é  a partir do município que  podem ser empreendidas ações capazes de preveni-los e solucioná-los. Mais do que isso, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o município é o local onde se podem buscar caminhos para um desenvolvimento que harmonize o crescimento econômico com o bem-estar da população. A preocupação com a qualidade ambiental vem crescendo nos municípios brasileiros. Por isso, têm sido criados mecanismos para aumentar a consciência e promover a mudança de hábitos e de comportamentos. Cada vez mais a população, juntamente com o Poder Público, tem sido chamada a participar da gestão do meio ambiente. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é um órgão criado para esse fim. Esse espaço destina-se a colocar em torno da mesma mesa os órgãos públicos, os setores empresariais e políticos e as organizações da sociedade civil no debate e na busca de soluções para o uso dos recursos naturais e para a recuperação dos danos ambientais. Trata-se de um instrumento de exercício da democracia, educação para a cidadania e convívio entre setores da sociedade com interesses diferentes.

Para que serve

O Conselho Municipal de Meio Ambiente tem a função de opinar e assessorar a Prefeitura e suas secretarias e órgãos equivalentes nas questões relativas ao meio ambiente. Nos assuntos de sua competência, é também um fórum para se tomar decisões, tendo caráter deliberativo, consultivo e normativo.  Cabe ao Conselho: propor a política ambiental do município e fiscalizar o seu cumprimento; analisar e, se for o caso, conceder licenças ambientais para atividades potencialmente poluidoras em âmbito municipal; promover a educação ambiental; propor a criação de normas legais, bem como a adequação e regulamentação de leis, padrões e normas municipais, estaduais e federais; opinar sobre aspectos ambientais de políticas estaduais ou federais que tenham impactos sobre o município; receber e apurar denúncias feitas pela população sobre degradação ambiental, sugerindo à Prefeitura as providências cabíveis. Essas são algumas das atribuições possíveis, mas cabe ao município estabelecer as competências do seu Conselho de acordo com a realidade local.

Poda radical  das árvores urbanas

As árvores urbanas de Leopoldina formam um belo cartão postal da cidade

A poda dos oitizeiros e demais árvores urbanas de Leopoldina é feita por uma empresa terceirizada pela Prefeitura, que parece não conhecer muito do assunto, pois além da poda radical que está fazendo, mutilando um dos mais belos cartões postais da cidade, ela começou o serviço com atraso e já ultrapassou o período recomendável para a poda, que vai de maio a agosto, época de dormência das árvores, avançou pelo mês de setembro bem atrasada, invadindo a primavera e já estamos em outubro e, ao que parece, a poda está longe de terminar e já causa prejuízos ao meio ambiente, particularmente em relação à reprodução dos pássaros. Como já registrou Luciano Baia Meneghite, em artigo publicado no ano passado no Jornal Leopoldinense Online, com o surgimento de novos bairros, conseqüentemente aumentou o número de árvores. Muitas críticas surgiram pela forma como a poda passou a ser feita, ora muito radical, ora na época de choca dos muitos pássaros urbanos que se aninham nessas árvores. Tal atitude, segundo escreveu, cria um problema ambiental bem maior do que pode se supor, pois os pássaros atingidos pela poda fazem o controle do número de insetos.   Inúmeras vezes o jornal LEOPOLDINENSE registrou o problema e no ano passado houve certo esforço em se podar dentro do período adequado (de maio a agosto) o maior número possível de árvores. Este ano, já estamos em outubro e a poda que mais uma vez foi  iniciada com atraso. Estamos em plena primavera, período não recomendável por biólogos, pois já acabou  o período de dormência das árvores e é época de floração e da reprodução dos pássaros.

O que dizem os leitores

A leitora Iris Meirelles, durante reunião na Câmara Municipal sobre a Segurança Hídrica, no dia 29 de setembro último, falou da situação da poda de forma radical e inadequada justamente agora que as árvores atingem todo o seu potencial que é proporcionar uma melhor qualidade do ar, manutenção do clima e dar a sombra aos veículos e pedestres. Estão sendo podadas inclusive ao lado dos mananciais que tem legalmente a garantia de preservação das espécies. Caso ocorra a poda devido a rede elétrica que se preserve o outro lado da rua. Lamentável a situação!!!

Uma senhora, que vamos identificar apenas pelas iniciais M.E.L.S., disse que quase chorou ao encontrar um filhote de sabiá caído sobre o passeio da rua Tiradentes, um dia após a poda. Segundo ela, o ninho ficou desprotegido e o sol quente tratou de matar o filhote. Da rua Presidente Carlos Luz chega um telefonema de um senhor identificado pelas iniciais D.O.U., dando conta de estão visíveis dezenas de ninhos que ficaram expostos após a poda feita há poucos dias naquela região. “É uma covardia”, reclama. A leitora identificada pelas iniciais M.G.P.S. envia e-mail à redação para lembrar que já passou da época apropriada para a poda dos oitizeiros que enfeitam as ruas de Leopoldina. Diz ela em sua mensagem: “Todo ano é a mesma correria, a prefeitura começa a podar as árvores com atraso e depois ultrapassa o período recomendado para realizar o serviço que é de maio a agosto, quando as árvores estão em estado de dormência. Depois disso vem a primavera, a choca dos pássaros e ai os podadores começam a derrubada dos ninhos com filhotes interrompendo o ciclo da vida. Nunca é demais lembrar que os pássaros se alimentam dos insetos exercendo um controle natural sobre esses bichinhos”, diz com propriedade a leitora. A população questiona por e-mail’s enviados á redação ou por telefonemas, por que não treinar funcionários da própria prefeitura para poda como era feito no passado. Enquanto não é dada a resposta, alguns moradores por conta própria vêem podando algumas árvores; nem sempre de forma adequada. Na maioria das ruas, no entanto, os oitis crescem desordenadamente se enroscando nos fios de alta tensão, escondendo luminárias e atrapalhando a circulação de ônibus e caminhões.  A quem cabe reclamar? Seria ao Conselho Municipal do Meio Ambiente? Seria à Polícia Militar do Meio Ambiente? Seria à Secretaria Municipal do Meio Ambiente? Seria aos vereadores?

Nota da Redação: Quando deve começar a poda das árvores urbanas?

A poda deve ser realizada por uma empresa ou pessoa especializada e a melhor época para fazer a poda, é em períodos mais secos, de maio a agosto.  A poda feita no período chuvoso pode contribuir para que a árvore, com a exposição do corte, possa ser contaminada com fungos e bactérias resultando no seu apodrecimento. O cupim aproveita os galhos previamente apodrecidos pelos fungos para se alojar nas árvores como registra a foto de João Gabriel Baia Meneghite.

Grande parte dos oitizeiros de Leopoldina já estão apodrecendo em virtude de fungos e bactérias. (Foto: João Gabriel B. Meneghite)

No verão, quando as temperaturas se elevam é que sentimos o valor e a importância de uma árvore, pois as suas sombras amenizam a temperatura. O  oitizeiro,  árvore que predomina na arborização urbana de Leopoldina, é uma espécie fornecedora de ótima sombra, devido a sua copa frondosa, com folhagem compacta que varia do amarelo ao verde intenso, possuindo por isso, elevado valor ornamental. Possui madeira de boa durabilidade, e por isso é perfeita para o plantio em praças avenidas e jardins, além de ser recomendada para reflorestamento misto de áreas degradadas. Existe uma recomendação de não deixar o oitizeiro com copa alta, podando-a com altura de 3 a 3.5 metros de altura. A primeira poda deve ser feita de forma educativa para evitar o seu crescimento desordenado e os possíveis transtornos futuros.

Apesar de suas vantagens, o oitizeiro é uma árvore de muitos galhos, muitas folhas o que proporciona uma cidade que se suja facilmente, o que exige varrição diária e contribui também para o entupimento de galerias de águas pluviais, além do perigo de arrebentamento de cabos e fios elétricos que sua copa oferece.

A enquete colocada à disposição dos leitores do  Jornal Leopoldinense Online, no período de 26/09/2015 a 03/10/2015 perguntou: A poda das árvores urbanas deve continuar na época de reprodução dos pássaros?  O resultado está no infográfico de João Gabriel Baia Meneghite abaixo:

Fonte de informações: Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Arquivo do Jornal Leopoldinense.


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