Após um mês de inscrição, recebemos mais de 600 poesias, de todas as regiões do Brasil e de alguns países, como, Portugal e Japão. Com 473 poesias validadas, foram selecionadas 20 poesias. Trabalho duro da Comissão julgadora!
No início da década de 1990, quando as servidoras da Biblioteca Municipal Luiz Eugênio Botelho lançaram o primeiro Concurso de Poesias Augusto dos Anjos, poucas pessoas poderiam imaginar que o evento tomaria a proporção atual.
Capitaneadas pela servidora municipal Maria Helena Vieira, a equipe lutou com bravura, adquirindo um tal grau de aprimoramento que já na quarta edição o certame teve âmbito nacional, e no ano seguinte, através da Lei nº 2.844, passou a fazer parte do calendário oficial do município.
Ao longo destes 24 anos, Leopoldina tem vivido momentos especiais de culto à poesia, através dos inúmeros poetas e declamadores que atualmente se apresentam na solenidade que marca o julgamento final deste concurso. Os autores locais têm, assim, oportunidade de conhecer seus pares, ouvir novas vozes, sentir outras emoções. E muitos pequeninos começaram a trilhar a estrada literária estimulados pela vivência deste acontecimento.
Neste 2015, quando pela segunda vez a Academia Leopoldinense de Letras e Artes participa da organização do concurso, a grande vencedora da noite foi a poeta Fernanda Hamann de Oliveira, da cidade do Rio de Janeiro com o pseudônimo de Joana Amarante, com a poesia ‘Avatares de nós dois’ , interpretada pela declamadora Angélica Vargas Santana:
AVATARES DE NÓS DOIS
O fascínio pela escrita
é o primeiro a me inspirar;
você, Jean-Paul Sartre,
eu, Simone de Beauvoir.
Eu trilhando o caminho
que os seus passos me apontarem;
você, Martin Heidegger,
eu, Hannh Arendt.
Você desejando me ter
numa ganância impertinente;
eu, Marilyn Monroe,
você, o presidente.
Eu dando vida e contorno
às cenas que você imagina;
você, Federico Fellini,
eu, Giulietta Masina.
Você criando homenagens
a um amor que nos faz existir;
eu, Gala, a musa,
você, Salvador Dalí.
Artista e modelo nus,
eternos no mesmo instante;
você, Pablo Picasso,
eu, a sua amante.
Nossa casa com jardim,
colorida na primavera;
eu, Frida Kahlo,
você, Diego Rivera.
Ai, quando tempo perdido
no gozo cego da fantasia;
eu sonhando acordada,
e você nem desconfia.
(*) Secretaria de Cultura