16/11/2015 às 20h25min - Atualizada em 16/11/2015 às 20h25min

‘Avatares de nós dois’ foi a grande vencedora do 24º Concurso de Poesias Augusto dos Anjos

Wendell Nogueira(*)
A final atraiu um bom público ao Museu Espaço dos Anjos

Após um mês de inscrição, recebemos mais de 600 poesias, de todas as regiões do Brasil e de alguns países, como, Portugal e Japão. Com 473 poesias validadas, foram selecionadas 20 poesias. Trabalho duro da Comissão julgadora!

No início da década de 1990, quando as servidoras da Biblioteca Municipal Luiz Eugênio Botelho lançaram o primeiro Concurso de Poesias Augusto dos Anjos, poucas pessoas poderiam imaginar que o evento tomaria a proporção atual.

Capitaneadas pela servidora municipal Maria Helena Vieira, a equipe lutou com bravura, adquirindo um tal grau de aprimoramento que já na quarta edição o certame teve âmbito nacional, e no ano seguinte, através da Lei nº 2.844, passou a fazer parte do calendário oficial do município.

Ao longo destes 24 anos, Leopoldina tem vivido momentos especiais de culto à poesia, através dos inúmeros poetas e declamadores que atualmente se apresentam na solenidade que marca o julgamento final deste concurso. Os autores locais têm, assim, oportunidade de conhecer seus pares, ouvir novas vozes, sentir outras emoções. E muitos pequeninos começaram a trilhar a estrada literária estimulados pela vivência deste acontecimento.

Neste 2015, quando pela segunda vez a Academia Leopoldinense de Letras e Artes participa da organização do concurso, a grande vencedora da noite foi a poeta Fernanda Hamann de Oliveira, da cidade do Rio de Janeiro com o pseudônimo de Joana Amarante, com a poesia ‘Avatares de nós dois’ , interpretada pela declamadora Angélica Vargas Santana:

 

AVATARES DE NÓS DOIS

O fascínio pela escrita

é o primeiro a me inspirar;

você, Jean-Paul Sartre,

eu, Simone de Beauvoir.

 

Eu trilhando o caminho

que os seus passos me apontarem;

você, Martin Heidegger,

eu, Hannh Arendt.

 

Você desejando me ter

numa ganância impertinente;

eu, Marilyn Monroe,

você, o presidente.

 

Eu dando vida e contorno

às cenas que você imagina;

você, Federico Fellini,

eu, Giulietta Masina.

 

Você criando homenagens

a um amor que nos faz existir;

eu, Gala, a musa,

você, Salvador Dalí.

 

Artista e modelo nus,

eternos no mesmo instante;

você, Pablo Picasso,

eu, a sua amante.

 

Nossa casa com jardim,

colorida na primavera;

eu, Frida Kahlo,

você, Diego Rivera.

 

Ai, quando tempo perdido

no gozo cego da fantasia;

eu sonhando acordada,

e você nem desconfia.

 

(*) Secretaria de Cultura


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