16/11/2016 às 10h12min - Atualizada em 18/11/2016 às 22h16min

Hermes assume presidência do Clube dos Cutubas

Veterano Elpidio é o presidente do Conselho Deliberativo

Américo Silva(e) transferiu a direção a Hermes Patrocício(d).
Na última terça-feira, dia 15 de novembro, feriado da Proclamação República foi realizada a posse da nova diretoria do Clube dos Cutubas, que terá o mandato de 2016 a 2018. O ex-Presidente Américo da Silva na ocasião fez o uso da palavra e realizou a entrega das chaves com a prestação de contas para o Presidente eleito Hermes Patrocínio da Silva e sua nova Diretoria e para o senhor Elpidio Rodrigues, como  Presidente do Conselho Deliberativo.


Elpidio Rodrigues, (d) é o  Presidente do Conselho Deliberativo.

Clube dos Cutubas – Qual futuro de tanto passado?

Luciano Baia Meneghite

Quem tem menos de 30 anos, talvez nem imagine que o salão localizado na Rua Sete de Setembro no centro de Leopoldina tenha tanta importância na história do nosso carnaval e na própria história da cidade.

O  Cutubas foi fundado em 1º de janeiro de 1925. Alguns registros citam o operário e pastor presbiteriano Cândido Augusto Veloso como principal fundador, outros citam Alípio Assunção, José Inácio de Souza, Roberto de Souza Filho, Nestor Maximiniano, Francisco e José Martins de Oliveira também como fundadores. Teve suas primeiras reuniões no Sitio do Domingão do Orfanato Lenita Junqueira, na casa do Paulo Açougueiro.  Nos primeiros anos transferiu-se para vários lugares, como a casa de D. Alexandrina de Sousa, Chácara do Virgílio Areia, no antigo prédio do Grupo Ribeiro Junqueira, (onde hoje é o Bar Ki-Vita), Alfaiataria do Sr. Capdeville, no local do posterior Bar do Onalde, na Ubol e Casa Elite. Em 1934 adquiriu a sede da Rua Sete de Setembro. Anos depois construiu o atual prédio.

Em sua primeira reunião, tomaram parte o Srs. Antônio Augusto, Antônio Custódio, José Inácio de Oliveira, Nestor Maximiniano, José Augusto, Francisco Martins (que deu o nome ao clube) e José Rodrigues (pai dos músicos Henrique e Elpídio).  Numa cidade com forte presença de negros, mas conservadora e reacionária como Leopoldina, o preconceito falava alto e em muitos lugares, como o vizinho Clube Leopoldina, pessoas “de cor” não eram bem vistas, chegando até a serem impedidas de freqüentá-lo. Depois, estas mesmo, se sentindo pouco à vontade em tais locais, acabaram por transformar o “Clube dos Cotubas” (grafia da época) num ponto de encontro e resistência da cultura negra da cidade.

O nome de origem tupi,Kutu-Baé, Cutuba ou cutubas significa excelente, valente; importante, forte; inteligente, bonito.  O Cutubas, através de seus bailes, serestas, e principalmente seu carnaval de salão e desfiles, arrastava multidões. Entre as atrações do carnaval estavam três bonecos criados nos anos 30, o Rei Momo, a Lourinha e principalmente a Baiana que ficou na memória dos antigos foliões. Além destas promoções sociais, o clube foi sede de diversos eventos como reuniões de sindicatos, cooperativas e cursos. Políticos, artistas, misses e diversas personalidades nacionais visitaram o clube, como os candidatos à presidência General Lott e Janio Quadros em 1960. 

Em finais da década de 1970 inicio da de 1980  do século passado, o carnaval de rua dos Cutubas já não era mais o mesmo, outras agremiações cresceram como a Princesa Leopoldina, Unidos dos Pirineus,  Unidos da Vila entre outros. O Cutubas, ainda com certo sucesso, concentrou-se mais em seus bailes, serestas, discotecas e funk’s, passou alguns anos sem desfilar com tímidos retornos às ruas. 

O Clube, declarado como de utilidade pública, sendo um dos mais antigos clubes sociais   negros de Minas Gerais, nos últimos tempos foi arrendado para forrós e igreja evangélica. Houve um retorno aos desfiles em 2010 e 2011, ano em que escrevi o enredo e minha mãe Maria José, compôs o samba que falava justamente da história do Cutubas. Em um dos versos  dizia: “ Pra mostrar a toda essa gente que o tempo do Cutubas não passou.” Infelizmente a realidade fazia crer o contrário.

A sede necessita de uma reforma completa.  Alterações nas questões de segurança foram feitas, mas ainda há precariedade das instalações, principalmente da cozinha e banheiros. O salão também é cedido para ensaios de grupos musicais e outros eventos O Cutubas ainda sobrevive do aluguel de nove salas comerciais no segundo pavimento.  Nem todas ocupadas.  Em recente entrevista ao Leopoldinense o então presidente Merquinho reclamava da falta de interesse tanto por parte de membros do clube quanto das autoridades municipais em ajudar a recuperar o Cutubas. Há quem culpe os membros mais velhos e recentes diretorias pela situação de abandono. Segundo freqüentadores,alguns  oportunistas quiseram apenas  usurpar o clube sem realizar nada em benefício da entidade. O desafio da nova diretoria  é garantir que o Cutubas que teve tanto passado ainda tenha um grande futuro.(Texto publicado em 2012 e atualizado)


Fontes: Calendário Histórico da Cidade de Leopoldina - Luiz Raphael Domingues Rosa
              Revista Hora H, arquivo do jornal Leopoldinense


 

 


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