27/09/2017 às 10h31min - Atualizada em 27/09/2017 às 10h31min

83 - Romão Pinheiro Corrêa de Lacerda - Américo, o filho mais velho

Personagens Leopoldinenses

Luja Machado e Nilza Cantoni
Único filho do primeiro casamento de Romão, Américo Antônio de Castro Lacerda ficou órfão de mãe aos sete anos de idade.
Seu avô materno, Mateus Alberto de Souza Oliveira e Castro, faleceu em Ouro Preto antes de 1831, onde trabalhava na Contadoria da Província. A avó materna, Feliciana Cândida Esméria da Fonseca, continuou residindo em Ouro Preto. Ao que se sabe, dois irmãos de Ana Severina de Oliveira e Castro, a mãe de Américo, casaram-se com pessoas ligadas a antigas famílias de Leopoldina (Monteiro de Barros e Moretzshon). Mas o menino só deve ter tido contato esporádico com parentes maternos.
Os avós paternos de Américo faleceram bem antes de seu nascimento. Um irmão de Romão, que morou por algum tempo no Feijão Cru, migrou para a província fluminense antes de Américo nascer. Portanto, da família de seu pai ele teria convivido apenas com a família de Albina Joaquina de Lacerda, meia irmã de Romão que chegou a Leopoldina por volta de 1846.
Assim, pelo que se apurou até aqui, é de se supor que Américo tenha tido um convívio familiar mais estreito com o próprio pai e os parentes do segundo casamento dele.
Por outro lado, as referências localizadas indicam que Américo teve atuação destacada em Leopoldina. Em 1865 foi citado no Almanaque Laemmert como Fazendeiro de Café. E entre outros fatos de sua vida pública, foi eleito Juiz de Paz em 1868 e 1872. Em 1877 colaborou com a Comissão de Socorro às vítimas das inundações em Portugal, assim como outros proprietários rurais de Leopoldina, provavelmente estimulados por Comissários de Café com quem tinham negócios no Rio de Janeiro. Em 1887 foi eleito vereador. Participou da Instalação do Banco de Leopoldina, em 1891, com 50 ações. Em 1897 foi nomeado Tenente da 1ª Cia do 70º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional e do qual era Oficial em 1898.
Sendo filho único, foi herdeiro majoritário dos bens de seu pai. Segundo descendente de um de seus meio irmãos, teria permanecido na administração da Fazenda Memória, onde sempre viveu.
Américo se casou com Filomena Josefina Cândida da Gama, filha de Joaquim Antonio de Almeida e Gama e Maria Josefina Cândida de Jesus , de quem já se falou no Trem de História nº 51, publicado na edição nº 307, de 01.07.16, do Jornal O Leopoldinense. Destaque-se que Joaquim Antonio formou a Fazenda Floresta que fazia divisa com a Fazenda Memória, formada pelo pai de Américo.
Filomena nasceu a 28 Dez 1847 e faleceu a 4 Jan 1916 em Leopoldina, MG. No batismo de uma de suas filhas, Filomena aparece com o nome de Prudenciana Josefina da Gama Lacerda.
Américo e Filomena tiveram os dez filhos, dos quais pelo menos dois estudaram no Colégio Caraça, antiga instituição situada no atual Parque Natural do Caraça, em Santa Bárbara, MG. O colégio foi construído por volta de 1820 e funcionou por mais de um século, recebendo alunos de várias regiões, muitos deles nomes de destaque na história de Minas Gerais. Na primeira década dos anos novecentos foi transformado em Seminário. Após um incêndio em 1968, que destruiu grande parte de sua memorável biblioteca, foi parcialmente restaurado e desde 1991 funciona como hotel turístico.
O Trem de História precisa dar uma parada, não sem antes mencionar as fontes  consultadas para o estudo dos descendentes de Romão Pinheiro Corrêa de Lacerda que continua nas próximas edições.

Fontes:
 
Almanack do Arrebol. Leopoldina: 1984-1985. ano 2, nº 6, p. 6.
Almanak Laemmert. Rio de Janeiro. 1911 p. 3127 e 1915. v. 2, p. 3150
Almanaque de Leopoldina. Leopoldina: s/nº, 1886. p. 18.
Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina- Livros do século XIX de Alistamento Eleitoral, Atas de Eleição de Juizes de Paz e Vereadores, Juramento e Posse de autoridades diversas
Arquivo da Diocese de Leopoldina livros 1 a 18 de batismos e 1 a 6 de casamentos.
Arquivo do Fórum de Mar de Espanha, ano 1846, inventário de Ana Severina de Oliveira Castro, cx 1.
Arquivo Público Mineiro cx 03 doc 04, 1843, Mapa da População do Feijão Cru fam 156
BROTERO, Frederico de Barros. A Família Monteiro de Barros. São Paulo: s/nº, 1951. cap 24 p. 466 e 467.
Cartório da 4ª circunscrição do Rio de Janeiro, lv 126, termo 29768 fls 245-v
Cartório de Registro Civil de Belo Horizonte, MG, 3º subdistrito, 1963, lv 4 óbitos fls 45.
Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG, lv 2 nasc fls 139v termo 175
Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 2 cas fls 117.
Cartório de Registro Civil de Recreio, MG, lv 1 nasc fls 106/112 e 162.
Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina , lv 1880-1887, lv 1904-1920,  lv 1963-1975, lv 1975-1977, lápides em túmulos
Colégio do Caraça. Livro de matrículas 1885.
Diário Oficial da União, 11 nov 1893 seção1 p. 6; 10 dez 1897 seção 1 p. 2 e 4; 08 jul 1935 seção p. 36.
FREITAS, Mário de. Leopoldina do Meu Tempo. Belo Horizonte: Página, 1985. p. 62.
Gazeta de Leopoldina, 21 abril 1917 e 26 maio 1979.
Igreja Madre de Deus do Angu, Angustura, Além Paraíba, MG, lv 1 bt fls 66.
Legislação Federal. Decretos nº 10442 de 18 setembro de 1913 e nº 10.947, de 24 de junho de 1914, com respectivas Atas de Assembleias.
MARTINS, Antonio de Assis. Almanaque Administrativo, Civil e Industrial da Província de Minas Gerais. Ouro Preto: s/nº, 1875. p. 438 e 451.
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O Mediador (Leopoldina, MG), 24 mai 1896, ed 32, p. 2.
O Paiz (Rio de Janeiro) 18 novembro 1912, ed 10270, p. 7; 22 set 1913, ed 10577 p. 6; 9 fev 1901, p.5.
O Pharol (Juiz de Fora), 4 jan 1916 ed 3 p. 2
PAMPLONA, Nelson V. A Família Werneck. Rio de Janeiro: particular, 2010.
PEREIRA, Mauro de Almeida. Anotações Históricas de Leopoldina. Leopoldina, MG: s.d.t
RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI, Nilza. Nossas Ruas, Nossa Gente. Rio de Janeiro: particular, 2004.
 
Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA
Publicado na edição 337 no jornal Leopoldinense de 16 de agosto de 2017
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