05/01/2018 às 11h05min - Atualizada em 05/01/2018 às 11h05min

A educação do homem verdadeiro

O método educacional para a formação do homem verdadeiro consiste, na verdade, na educação dos adultos. Por isso, antes de falar sobre como educar a criança, devo falar sobre a ética dos adultos.
 
      Para educarmos bem os filhos, devemos primeiramente orientar os pais. Grande é a influência do pensamento dos pais sobre os filhos.   Os pais e os professores são, frequentemente, responsáveis pelas más notas de um estudante. O sr. Kyunojo Ogura, professor primário de Shirozato Mura, província de Chiba, leu com profundo interesse um artigo da revista Sei -cho-No-Ie, escrito pelo sr. Hirashi Ohno, professor do Ginásio Feminino Hiji, da província de Oita, transcrito numa revista especializada em educação, imediatamente tornou-se assinante da revista Seicho-No-Ie. 

Um dia, ao visitar outra classe, viu a professora repreendendo um menino com palavras ásperas: "Que menino burro! Que preguiçoso! Você nunca presta atenção!". Quando terminou a aula, o sr. Ogura aproximou-se do menino e calmamente o elogiou, dizendo: "Você é um bom menino. Você é estudioso, e tenho certeza de que aprenderá bem". As palavras foram breves e simples, mas proferidas num tom que exprimia a sua firme confiança nas boas qualidades do aluno.
 
Desde então, o menino mostrou súbita mudança de caráter e passou a tirar ótimas notas. Vendo o que aconteceu, a professora confessou seu erro durante uma reunião dos professores, dizendo: "O meu modo de ensinar estava errado".
 
      Uma simples palavra de amor, uma palavra de confiança e elogio leva a criança a melhorar. Palavras como "Você é realmente um bom menino" têm poder suficiente para tornar o menino realmente bom. Por outro lado, palavras histéricas como "Que menino mau você é!" frequentemente o tornam    realmente  mau. Os alunos acreditam que sua professora é uma grande pessoa.
 
Se  essa importante pessoa disser ao aluno que ele é mau, este pensará que é realmente mau.Uma vez que acreditar que é mau, perderá o interesse pelos estudos  e, pensando que sua professora não gosta dele, nem gostará de ficar na classe.  E seu aproveitamento vai piorar cada vez mais.
 
Dependendo de uma simples palavra, o aluno poderá tornar-se bom ou mau. As notas no boletim escolar são  as notas do professor e dos pais, e não do aluno. O sr. Niro Hattori, escultor, cujos trabalhos são  aprovados todos os anos pela Exposição da Academia imperial, é um assíduo leitor da Seicho-No-Ie. Desde a infância, ele tinha grande talento para o desenho. Um dia, quando ainda era aluno do primário, sua professora distribuiu à classe quadrinhos para desenhar. 
 
Quando ela viu o trabalho do menino Hattori e notou a sua perfeição, disse:
 
- Acho que você decalcou o seu desenho.
 - Não. senhora - respondeu -. Fiz este trabalho olhando bem o desenho  do modelo.
- Você é um mentiroso - disse a professora. - Quer prova? - E pôs o desenho do aluno sobre o modelo e mostrou-os contra a luz. O trabalho de um gênio é  uma maravilha, pois não havia a menor diferença entre os dois.  Naturalmente não fora decalque: ele apenas observara atentamente o modelo. As palavras  da mestra magoaram-no tanto, que ele firmemente decidiu "nunca mais desenhar".
 
Se não fossem aquelas palavras da professora, o sr. Hattori poderia ter mostrado seu talento em desenho posteriormente. Seu gênio artístico desenvolveu-se na escultura, mas não posso negar o fato de que as palavras impensadas  da professora reduziram uma parte de seu engenho, porquanto o sr. Hattori  nunca mais desenhou desde então.
 
      Como se pode notar por esse exemplo, em se tratando de relacionamento entre o professor e o aluno, as palavras do professor exercem uma poderosa influência sobre o aluno, pois este acredita no professor como se fosse um Deus.
 
      O método educacional da Seicho-No-Ie, como tão bem explicou o prof. Kurihara, consiste em extrair, pelo poder da palavra, a natureza divina que se aloja nas crianças. Se elogiarmos a criança dizendo "Como você é boa", manifesta-se a sua natureza divina. Se repreendermos "Que menino malcriado", ele ficará cada vez mais malcriado. Muitos são os casos em que os esforços dos adultos para melhorar as crianças dão resultado negativo por não saberem o modo correto de usar as palavras.
 
      Doravante, a educação deverá extrair, com as palavras, somente boas qualidades e reconhecer, com a mente, somente boas qualidades. Assim procedendo, não há dúvida de que se conseguirão resultados surpreendentes. Esta é a pedagogia da Seicho-No-Ie.
 
Masaharu Taniguchi. A Verdade da Vida vol.13
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