09/04/2018 às 11h48min - Atualizada em 09/04/2018 às 11h48min

No final, eles sempre vencem!

Rafael Castro
No final, eles sempre vencem!
       O Estado brasileiro existe para privilegiar a classe dominante, a classe empresarial. O Estado serve aos interesses dessa classe e de fato Luiz Inácio Lula da Silva não se enquadra dentro desses interesses, há muito que ele não é mais parte dos planos desses que na prática controlam o país. Contudo, os Senhores do Engenho não previram que o voto poderia realmente perturbar esse esquema tão rentável que é controlar o Brasil, afinal de contas, o direito ao voto nunca ameaçou verdadeiramente aqueles que estão no poder. O direito ao voto funciona no Brasil como uma gorjeta, quem o recebe sente-se premiado, quando na verdade ela apenas é um incentivo para o pobre trabalhador servir melhor aos seus senhores. Em outras palavras, o voto somente legitima o poder daqueles que nunca perderam o poder.

       Foi de repente quando alguns pobres decidiram acreditar no poder do voto, por um instante a democracia lhes pareceu real. O Estado, porém, tão depressa corrigiu aquele lapso de fraqueza momentâneo. Romero Jucá foi o primeiro a perceber o absurdo inesperado, de pronto ofereceu uma solução: “Tem que ter impeachment. Não tem saída”. Os pobres insistem de novo, ainda confiam ingenuamente no poder do voto e, mesmo não sendo ele um homem incorrigível, Lula é a “bruta flor” da vontade popular. O fato é que Lula também é indesejável para os donos Brasil. Mas os pobres o querem como presidente, e eles são a maioria, o que fazer para resolver esse impasse de classes? Fácil, é só torná-lo inelegível, prendê-lo a todo custo – nem precisamos que o Jucá se pronuncie de novo.

Enfim, o voto só é válido quando serve aos interesses do Estado: “Você pode votar – eles dizem – mas não pode votar no Lula, satisfaça-se com a gorjeta que te demos e continue a nos servir!”. E assim se joga o jogo da democracia. No final, eles sempre vencem.

       Bem, nessas eleições que chegam, espero que votemos em qualquer outro tão indesejável quanto o próprio Lula, alguém que incomode os ricos e favoreça os pobres, daremos a eles ao menos o trabalho de redigir um novo impeachment.
 
Rafael Castro,
Mestre e Doutorando em Ciência da Religião pela UFJF
e-mail: [email protected]

 
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