28/05/2018 às 12h43min - Atualizada em 28/05/2018 às 12h43min

A GREVE DOS CAMINHONEIROS: “O BRASIL VOLTOU VINTE ANOS EM DOIS” – breve ensaio sobre dominação e controle social nas sociedades contemporâneas.

Edmundo Gouvêa Freitas
No atual contexto do país, nossa coluna no JL não poderia abordar outra questão senão o louvável movimento grevista dos caminhoneiros – servindo-me dos fatos ocorridos nas últimas semanas como mote ao presente texto.

Com os reflexos dos dias contínuos de caos provocado por crise institucional anunciada – já que não se sustenta no Poder o governo não legitimado pelo povo – o Brasil assiste bestificado o cenário habitualmente vivenciado antes da promulgação da Constituição Federal de 1988.

A gafe na estratégia de marketing do ‘ílegítimo’ presidente Michel Temer (MDB), que comemorou seu biênio com o mambembe slogan: “ O Brasil voltou, 20 anos em 2”, foi certeiro presságio do que estava, brevemente, por vir.

Ao que parece, a ideia seria misturar as campanhas publicitárias “o campeão voltou” e “cinquenta anos em cinco ( de Juscelino Kubitscheck)”, mas o resultado foi catastrófico na grande mídia.

Um governo que adota gestão de sucateamento da educação pública, aviltando crônico do valor do trabalho de Professores, pugnando pela construção de uma massa iletrada e alienada, não seria tão óbvio que a imprescindível pontuação na frase seria sequer notada?

Por ironia do destino, o deficiente grau de letramento das atuais gerações corroborou a semântica da primazia da realidade, ou seja, nosso país retrocedeu 20 anos.

Assim, é preciso lembrar que há cerca dos sugeridos 20 anos, vivenciávamos o período de emenda da reeleição presidencial, onde o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ‘comprou’ votos de parlamentares objetivando êxito de seus interesses junto ao Poder Legislativo – e conseguiu!

Foi amplamente noticiado nas mídias independentes que um político do Acre (que ora chamaremos de X) recebeu cerca de R$200.000,00 (o valor do salário mínimo nacional em 1998 era de meros R$130,00) para votar favorável à emenda. Em decorrência da mencionada negociação o deputado “X” foi monetarizado. Assim, quem deveria figurar como representante de interesses da coletividade, exigia 2x (R$400.000,00); 5x (R$1.000.000,00) etc, para aprovar a aludida Emenda  Constitucional. É de se envergonhar!!!!!

 Certamente, não era o início – que começou no Brasil Colonial, mas já se operava o Mensalão Institucionalizado, edificado por um sistema complexo de corrupção, apoiado na burocracia e ineficiência do Estado, em que a atual ‘Jurisdição de Curitiba’ necessitou de técnicas do Direito Penal Inquisitório para promover algum efeito de efetividade processual.

Não bastasse tudo isso, hodiernamente, é clara a disseminação ideológica para manipulada Intervenção Militar. PASMEM! Como exemplo de que, nem de longe, seria a solução; temos a atuação dos militares no Estado do Rio de Janeiro, articulada pelo Executivo Central para ocultar as sucessivas derrotas no Congresso Nacional (que apenas optou por não correr risco da imagem abalada no período eleitoral), sem qualquer impacto na melhoria dos padrões de qualidade de vida da população carioca e fluminense – frustrando expectativas de leigos e especialistas até mesmo na Segurança Pública.

Combatendo a dita estratégia de oligarquia, vale chamar os mais jovens a pesquisarem a história de nomes como do escritor Rubem Paiva e do jornalista Vladimir Herzog para entender um pouco do que foi, em verdade, a Ditadura Militar.

O ambiente anárquico da rede mundial de computadores (internet), em sentido positivo, desconstruiu o discurso da televisão – consolidadamente associado aos interesses das classes dominantes.  

É hora para conclamar a população para defesa do ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, da manutenção das GARANTIAS FUNDAMENTAIS e do respeito às LIBERDADES PÚBLICAS.

Em remate, a solução para o Brasil não virá de uma mera escolha ou opção pautada exclusivamente na pessoalidade, mas somente através de um PROCESSO, no qual o CIDADÃO deverá atuar como parte indissociável, exigindo, inexoravelmente, seus direitos e interesses da coletividade, com representação outorgada através de ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA.

Correlacionando tudo isso, que no momento do voto analisemos o histórico e acervo dos candidatos, pois que grande parcela de culpa por tudo isso, temos nós por eleger corruptos ao poder.

Em última análise, recebam, os caminhoneiros, o sincero e afetuoso abraço do Povo Brasileiro pela consciência e atitude de combater o menosprezo do Governo aos verdadeiros e legítimos anseios do tecido social pátrio.
 
Edmundo Gouvêa Freitas é Mestre em Hermenêutica e Direitos Fundamentais,  Especialista em Direito Processual Civil Contemporâneo, Bacharel em Direito, Docente do Ensino Superior (RJ e MG), Autor de livros na seara jurídica,  Árbitro e Mediador, Advogado e Consultor Jurídico.
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