10/02/2019 às 11h31min - Atualizada em 10/02/2019 às 11h31min

117 – João Funchal Garcia, o irmão jornalista.

Personagens Leopoldinenses

luja machado e nilza cantoni
Conforme ficou dito na quinzena passada, o Trem de História de hoje se ocupará com a vida e obra do filho caçula de Alfredo Garcia Ribeiro e Mariana dos Prazeres Funchal, o oitavo deles, João Funchal Garcia, nascido[1] no dia 11 de agosto de 1895 em Leopoldina.

E começa informando que em 1920 ele trabalhava[2] no Posto de Profilaxia de Além Paraíba, onde era colega de seu conterrâneo e amigo Luiz Rousseau Botelho, a quem conhecera na infância na rua Tiradentes.

João se casou com Zilca Macedo com quem teve, pelo menos, os filhos Carlos Alberto e Maria José, esta nascida[3] aos 14 de maio de 1925 em Leopoldina.
Iniciou sua carreira jornalística em 1927 quando escreveu para o jornal da terra natal a matéria intitulada[4] “A “Santa” existe?”, falando da aparição na Serra dos Andrés. O artigo descreve uma excursão que fez à localidade situada em território da atual cidade de Recreio (MG), bem ao estilo de um repórter em busca da notícia.

Naquele ano, João havia sido nomeado escrevente do Cartório do 3º Ofício de Palmyra, atual Santos Dumont (MG), onde também foi secretário[5] do jornal A Notícia. No ano seguinte, foi nomeado[6] Ajudante de Procurador da República na mesma cidade.

Em 1930, já no Rio de Janeiro, era[7] repórter de polícia do jornal A Pátria e em 1939 trabalhava como jornalista[8] no Diário Carioca onde conheceu Alberto Romero, que sobre ele escreveu[9]:
"No Rio pouca gente sabe hoje que o repórter Funchal Garcia optou pela rendosa profissão de mendigo para contar tudo mais tarde numa série de reportagens no DC. Funchal me disse que viveu não sei quantos meses do produto das esmolas. O salário do jornal era entregue à mulher dele, que ignorava a natureza da sua missão jornalística. O mais impressionante é que o velho Funchal chegou a tomar tanto gosto pela mendicância (ele próprio me confessou) que até pensou em abandonar o jornalismo, e certamente não faria mau negócio."
Anos depois um jornal carioca[10] registrava que João Funchal Garcia era um dos jornalistas que assinaram telegrama ao presidente Eurico Gaspar Dutra em apoio ao ato que extinguiu o jogo no Brasil. Vale lembrar que a proibição dos chamados jogos de azar, considerados uma prática degradante para a sociedade, ocorreu com a publicação do Decreto nº 9215, de 30.04.46, do presidente Dutra.

Em 1947[11], o então funcionário João Funchal Garcia foi transferido da Agência Nacional para o Departamento de Segurança. Mas o jornalista continuava ativo e mesmo residindo no Rio de Janeiro, em 1949 enviou matéria[12] especial pelo Dia do Aviador para jornal de Santos Dumont, com o título “Santos-Dumont e o dever patriótico de Palmira”.

Em 1958 recebeu[13] Medalha Comemorativa do II Congresso de Polícia pela cobertura jornalística do evento. Aposentou-se[14] em agosto de 1960 mas continuou sendo procurado pelos colegas do meio e em 1965 foi chamado a opinar sobre o livro[15] ‘O Assunto é Jornal’, publicando uma crítica no mesmo Diário Carioca onde trabalhou.

O jornalista João Funchal Garcia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 25 de maio de 1967.


Por hoje a história fica por aqui. No próximo Jornal o Trem de História trará a carga relativa à vida e obra do pintor e escritor (Manoel) Funchal Garcia. Aguardem!

 
Fontes consultadas:
1 - Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 06 bat fls 18 termo 586.
2 - BOTELHO, Luiz Rousseau, Dos 8 aos 80. Vega: Belo Horizonte, 1979 p. 293.
3 - Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 22 bat fls 9 termo 109.
4 - Gazeta de Leopoldina. 19 fev 1927 ed 224 p. 4 coluna 3.
5 - Jornal de Queluz. Conselheiro Lafaiete, MG, 24 nov 1928 ed 141 p. 1 coluna 5
6 - Correio da Manhã. Rio de Janeiro, RJ, 8 out. 1929 ed 10667 p. 7 coluna 9.
7 - Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 24 e 25 julho 1949 ed 172 2ª seção p. 2 coluna 4
8 - Diário Carioca. Rio de Janeiro, RJ, 1 dez 1939 ed 3522 p. 11.
9 - idem, 2 ago 1965 ed 11460 p. 8.
10 - A Manhã. Rio de Janeiro, RJ, 01 maio 1946, ed 1449, p. 2 coluna 8
11 - A Noite. Rio de Janeiro, RJ, 05 ago 47, ed 12635, p. 4, coluna 3
12 - O Sol. Santos Dumont, MG, 23 out 49, ed 1125, p. 3
13 - Diário Carioca. Rio de Janeiro, RJ, 27 maio 1958 ed 9161 p. 10 coluna 7.
14 - idem, 11 ago 1960 ed 9853 p. 6 coluna 5.
15 – idem, 2 ago 1965 ed 11460 p. 8.
Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA
Publicado na edição 369 no jornal Leopoldinense de 16 de dezembro de 2018
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