10/02/2019 às 12h10min - Atualizada em 10/02/2019 às 12h10min

119 – A produção literária de Manoel Funchal Garcia.

Personagens Leopoldinenses

luja machado e nilza cantoni
Chega a vez do Trem de História descarregar o material sobre a obra literária de Funchal Garcia. É hora de se conhecer o trabalho desse grande artista leopoldinense, que em 1979, poucos meses após sua morte, recebeu homenagem de sua cidade natal nomeando[1] a avenida do bairro São Cristóvão que segue paralela ao córrego Jacareacanga, criando assim um monumento à memória desse nosso artista.


Funchal Garcia, com se pode observar pelos artigos anteriores, atuou em várias áreas. Os que viveram em Leopoldina nas décadas de 1940 e 1950 certamente se lembram da inesquecível dupla carnavalesca formada pelos saudosos Funchal Garcia e Dr. Irineu Lisboa. Dois artistas do melhor teatro.

Por outro lado, quem hoje anda pela Praça Félix Martins conhece o mural do conjunto da concha acústica, que retrata a lenda do Feijão Cru e provavelmente sabe que foi pintado por ocasião do centenário da cidade, conforme registra Barroso Júnior[2]. Talvez saiba também que, conforme as palavras de Mário de Freitas[3], aquela obra é de autoria do “laureado pintor Funchal Garcia”.

É sabido que diversos trabalhos seus a lápis, a bico de pena, a óleo, aquarela ou pastel, receberam elogios e alguns deles, prêmios. A tela “Pontão da Bandeira”, por exemplo, em 1939 foi escolhida[4] para exposição na Galeria de Ciências e Artes da Feira Mundial de Nova York e na Exposição Internacional de São Francisco, na Califórnia.

O que poucos sabem é que o pintor também escreveu comédias e novelas e como jornalista se destacou publicando matérias em diversos jornais e revistas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, marcando importante presença nessa área, conforme consta na introdução do seu livro “Cachimbo e Cachaça...”[5]
Em 1937 Funchal Garcia publicou o seu primeiro livro: Memórias de Ivan Trigal, uma autobiografia que mereceu a seguinte nota[6] do Diário da Noite:
“Além de folhetos e artigos de imprensa, Funchal Garcia não tinha publicado ainda um volume. Com o “Memórias de Ivan Trigal”, oferece-nos muito mais do que um livro de reminiscências. Figuras simbólicas personificando virtudes ou defeitos ombreiam com as pessoas reais que vivem dentro do livro como no próprio mundo, falando uma linguagem simples, às vezes crua no seu naturalismo, escondendo crimes e perversidades, cultivando pequenas manias, irradiando simpatia ou pureza. Avulta, entre eles, a extraordinária sensibilidade de Ivan Trigal, em que o autor fixou os traços mais característicos da própria personalidade e os impactos culminantes de uma fase de sua vida.”
Do Litoral ao Sertão é seu segundo livro[7], no qual relata suas viagens pelo interior do país, em especial, a sua estada em Canudos, onde obteve o depoimento de testemunhas remanescentes da tragédia conhecida como Campanha ou, Guerra de Canudos.

Depois escreveu Retalhos da Minha Vida[8], em que retorna ao assunto do seu primeiro livro e a passagens de sua vida. Dois anos depois lançou Cachimbo e Cachaça, Verdade e Fumaça[9] de cuja introdução se conclui que ele deixou inéditos “livretes e livros”.

O Trem de História de hoje fica por aqui. Mas resta um vagão de Funchal Garcia que virá com um pouco mais sobre o que se publicou a respeito deste importante personagem leopoldinense. Até lá.

Fontes consultadas:
[1]- Lei Municipal nº 1.393, de 16.11.79.
[2] BARROSO JÚNIOR. Leopoldina e Seus Primórdios. Rio Branco-MG: Gráfica Império, 1943. rodapé da p.14
[3] FREITAS, Mário de. Leopoldina do Meu Tempo. Belo Horizonte, 1985. p.199.
[4] Diário de Notícias. Rio de Janeiro: 1 nov 1939, ed 5220, p. 3, primeira seção, coluna 5.
[5] FUNCHAL GARCIA, Manoel. Cachimbo e Cachaça, Verdade e Fumaça. Rio de Janeiro, GB: autor, 1971.
[6] Diário da Noite. Rio de Janeiro: 31 ago 1937 ed 3022 p. 2 col.7
[7] FUNCHAL GARCIA, Manoel. Do Litoral ao Sertão. Rio de Janeiro: Bibliex, 1965.
[8] FUNCHAL GARCIA, Manoel. Retalhos da Minha Vida. Belo Horizonte, MG: autor, 1969.
[9] FUNCHAL GARCIA, Manoel. Cachimbo e Cachaça, Verdade e Fumaça. Rio de Janeiro, GB: autor, 1971.
Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA
Publicado na edição 372 no jornal Leopoldinense de 16 de janeiro de 2019
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