Dr. Orlando Codo Guimarães Por Edson Gomes Santos
Homens de visão, polivalentes, por assim dizer, sempre deles há e o Dr. Orlando, sob minha óptica, foi um deles, pois, além de médico já conceituado àquela época, também presidia a Cooperativa e iniciou o processo de diversificação dos já tradicionais produtos LAC.
A pasteurização do leite LAC vendido no varejo iniciou-se por volta de 1958/59 e o varejo compreendia as vendas na loja da Cooperativa, lá na Praça Félix Martins, onde nossas vasilhas eram supridas por funcionários trajando alvíssimos jalecos e toucas brancas.
Havia também, desde o início da pasteurização, a venda ambulante realizada pelas ruas da cidade pela “Vaca Leiteira” – caminhão Ford 1937, com tanque inox, refrigerado, acoplado à carroceira – cujo proprietário e vendedor era o empresário e idealizador Aníbal Oliveira Braga, pai do Lúcio e da Maria Lúcia Braga.
Leopoldina era privilegiada bacia leiteira e quase a totalidade do leite então produzido era exportado para o Rio de Janeiro, através de caminhões-tanque terceirizados.
Durante a gestão do Dr. Orlando a Cooperativa adquiriu dois cavalos-mecânicos Scania e carretas-tanque refrigeradas e, assim, a Cooperativa passou a “ganhar”, também, no transporte do seu principal produto para o Rio de Janeiro, o leite “in natura”.
A marca LAC produzia, em baixa escala, somente queijo, manteiga e requeijão, e a diversificação era exigência do mercado, onde surgiam o iogurte, a muçarela, o queijo prato.
Ele foi a Juiz de Fora – Escola de Laticínios Cândido Tostes – e, de lá, trouxe para a expansão dos produtos LAC, o Professor Aluízio, profundo conhecedor das potencialidades e carências dos produtos e subprodutos lácteos, a quem Dr. Orlando deu “carta-branca” para agir.
Prof. Aluízio vinha somente aos sábados e domingos e, logo, tornou-se, quase, mais um filho da nossa terra, Leopoldina. Era comunicativo, agregador, simples, sem deixar de ser um rigoroso, leal e competente gestor de recursos lácteos, humanos ou não.
Sob suas ordens foram construídas diversas câmaras frigoríficas; durante a safra e, com excesso de leite e baixos preços, investiu na produção de muçarela que, sabiamente, era armazenada nas novas câmaras frigoríficas. ...Uns diziam que ele era doido; outros que era mais um “mamador” de recursos da Cooperativa; mas o estoque subia dia a dia.
Começa a produção do iogurte LAC, acondicionado e vendido em frascos de vidro, em cuja primeira compra os consumidores pagavam pelo frasco e conteúdo. A partir da segunda compra levavam os frascos vazios, trocavam-nos por frascos cheios e lacrados, e pagavam somente pelo produto acondicionado. ...As vendas “explodiram” e o produto muito bem aceito e consumido.
Chega a entressafra; a LAC inicia venda das muçarelas estocadas; mercado em alta; preços compensadores; as câmaras frigoríficas são totalmente amortizadas com as vendas realizadas; e, no final do contrato com o Prof. Aluízio – segundo os comentários de então – este “entregou” à LAC um lucro representado pelo estoque de 35.000 kg de muçarela nas câmaras.
Ao Dr. Orlando e em sua memória, resumidamente registro o que eu soube sobre sua passagem pela LAC.
Edson Gomes Santos – Ribeirão Preto-SP – 10/2018