17/05/2019 às 16h01min - Atualizada em 17/05/2019 às 16h01min

124 – Acréscimos e Correções

Imigrantes Italianos em Leopoldina

Luja Machado e Nilza Cantoni
 
O Trem de História tem informado que esta série de artigos é uma revisão dos estudos realizados sobre a imigração em Leopoldina e que foram publicados em 2010. O objetivo é trazer os acréscimos descobertos após o fim daquele projeto, bem como corrigir dados à vista de novas fontes encontradas.

Uma destas correções é a que trata da movimentação dos imigrantes.

Entre 1994 e 2009, o acesso às fontes era mais restrito e muitas vezes foi necessário adotar técnica semelhante à dos “mapas conjecturais”, comum em estudos de cartografia histórica. O método consiste em fazer um estudo comparativo entre as fontes disponíveis e, onde houver lacunas, formular hipóteses baseadas nas conclusões possíveis.

 
 
A família Camerini foi um desses casos. Dadas as profundas alterações ortográficas nos registros disponíveis, somente com a colaboração de familiares foi possível estabelecer algumas hipóteses que permitiram localizar a entrada da família no Brasil e o casamento de Francesco Camerini com Assunta Antonelli, realizado em 1914 no distrito de Providência.

A colaboração dos leitores foi muito utilizada, não só com o fornecimento de documentos de datas posteriores ao período estudado, como também por relatos obtidos de seus pais e avós. Entretanto, em alguns casos aconteceram conclusões inadequadas.

Um dos pontos que precisam ser esclarecidos se refere à afirmação de colaboradores sobre o local de residência de noivos que se casaram na Paróquia de São Sebastião, mas que não moravam no município. Posteriormente foi verificado que as famílias realmente residiam em Leopoldina na época do casamento e se transferiram mais tarde para outras localidades.

Por outro lado, foram encontrados casamentos realizados em Piacatuba entre noivos que residiam em Itamarati de Minas, mas que antes foram moradores do município de Leopoldina.

Outro ponto surgiu de declarações sobre pessoas constantes nos registros de hospedaria como tendo sido contratados por fazendeiros do município de Leopoldina e que teriam ido para municípios vizinhos. Nesse caso, foram identificados assentos paroquiais de batismo envolvendo tais imigrantes, ficando demonstrado que realmente aqui residiram por algum tempo e depois migraram.

Na maioria desses casos, o problema decorreu do desconhecimento das famílias a respeito da trajetória de seus ancestrais e das profundas alterações na grafia de nomes e sobrenomes em assentos paroquiais, impedindo a imediata identificação.

Também é necessário esclarecer os procedimentos utilizados para identificação do local de nascimento dos imigrantes. Para os que chegaram a partir de meados da década de 1890, muitas vezes a lista de passageiros resolveu a questão por trazer o nome da localidade. Outra fonte foram os assentos paroquiais nos quais algumas vezes constou o local de origem dos noivos ou, dos pais da criança batizada. Quando a família preservou os documentos de seus antepassados, o local de nascimento foi descoberto pelo passaporte. E se o imigrante vivia no Brasil no início da década de 1940, foi chamado a registrar-se segundo normas legais de 1938 e no requerimento teve que declarar a naturalidade.

Observe-se, porém, que não havia um procedimento padronizado por parte dos encarregados dos diversos registros. Razão pela qual, no levantamento concluído em 2003 constavam a localidade de origem de apenas 27% dos imigrantes italianos encontrados e eles estavam distribuídos em 14 regiões da Itália. Das demais nacionalidades, não chegou a 10% o total de identificações de naturalidade.

Atualmente, após consulta a muitas fontes antes indisponíveis, sabe-se que os imigrantes italianos que viviam em Leopoldina procediam de 18 das 20 regiões administrativas em que a Itália está dividida. E o total de identificações chega, agora, a 43%, embora existam diversos casos em que só foi encontrada a província, sem o local exato de nascimento.

Ressalte-se que todos os números aqui apresentados são provisórios, já que a pesquisa não está encerrada e novas informações podem surgir a qualquer momento.

Reitera-se, portanto, o que foi declarado em 2010: se depois de todo este tempo de pesquisa ainda não se sabe tudo sobre todos os imigrantes que aqui viveram antes de 1930, abandonar o material já reunido seria desistir de comunicar aos moradores de Leopoldina o conhecimento adquirido até então.

E assim o Trem de História faz mais uma parada e informa que na próxima estação será embarcado o arquivo da Colônia Agrícola da Constança, instituição que acolheu muitos dos imigrantes que viveram em Leopoldina, cuja fundação ocorreu há 109 anos, no dia 12 de abril de 1910. Aguardem!
Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA
Publicado na edição 377 no jornal Leopoldinense de 1 de abril de 2019
 
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