13/09/2014 às 18h43min - Atualizada em 13/09/2014 às 18h43min

LOTERIA ESPORTIVA – 1

Já casado, cheguei para Leopoldina na segunda metade da década de 60.

Na época, em todos os dias úteis, havia, no “Arranca-toco”, hoje Estádio Otacyr Lacerda França, uma sadia pelada, sem restrição de número de participantes. Quem lá aparecesse, entrava e, por isto, em algumas vezes, de cada lado, atuavam até mais de 20 “atletas”, muitos de técnica praticamente zero e alguns que, pelo trato com a bola, pareciam nem saber que ela era redonda.

O MADRUGADA não era um time, mas um aglomerado de pessoas de boa índole que lá compareciam apenas para se divertir. Ali ninguém cometia falta merecedora sequer de um cartão amarelo, se tal advertência já existisse.

O Juiz praticamente apenas servia para apitar a autorização para a saída inicial e após cada um dos muitos gols diários, eis que não havia a regra do impedimento e os goleiros não eram nenhum Castilho, nem Genivaldo, nem Campeão. 

Atípico também era o horário, pois o treino do MADRUGADA começava sempre antes do alvorecer, quando trabalhadores subiam o morro para se divertir antes do início da lida diária. Indo brincar no MADRUGADA a convite do Wilson Guide, conheci os irmãos Honório e Sebastião Lacerda, os “donos da bola” e aí nasceu minha boa amizade com eles.

Em quase todas as ocasiões em que vou ao Empório Bem Viver, na Getúlio Vargas, número 342, para lá comprar uma viciante broinha de fubá, coincide de lá estar o Sebastião Águido de Lacerda, sempre cortês, se excedendo em gentilezas, convidando os fregueses de sua sobrinha Helena a tomar um delicioso cafezinho-cortesia, servido por ele mesmo.

O termo “ganhar na loteria esportiva” se popularizou e nem sempre representa ganhar dinheiro apostando no jogo de 14 palpites sobre que time vai vencer, empatar ou perder alguma disputa esportiva.

 Hoje,  “ganhar na loteria esportiva” é também sinônimo de arranjar um bom casamento, comprar um automóvel zerinho ou uma possante motocicleta, passar em algum concurso público, escapar incólume de qualquer ação desonesta ou criminosa.

Eu considero que, ao me encontrar com a extraordinária figura humana que é o Sebastião Lacerda, estou ganhando na loteria esportiva. Todos passamos por imprevistos e muitos não conseguem esconder aborrecimento com o mais leve contratempo. Sebastião Lacerda está sempre transmitindo alegria, contando casos divertidos de uma vida voltada para o trabalho e para a família, profetizando para todos dias melhores.

Nosso amado bispo dom Reis era até redundante em dizer “se eu entrego uma tarefa para o Sebastião Lacerda eu fico tranquilo, porque, se ele tratar, sei que tudo será realizado com perfeição total, a tempo e a hora”.

Perde coisas boas da vida quem se encontra com ele sem parar demoradamente para um bate-papo sadio. A presença física do Sebastião Lacerda é um inesgotável manancial de otimismo, é um cartão premiado de acumulada loteria esportiva. 

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