29/04/2020 às 12h02min - Atualizada em 29/04/2020 às 12h02min

E agora Ricardo?

Devido a pandemia do  COVID 19, dei um tempo com minhas análises políticas a respeito dos pré-candidatos. Tendo em vista que não tinha  clima para escrever sobre política nesse momento. Até porque, tinha dúvidas se teríamos eleições esse ano.
 
Inclusive, tramita na Câmara e no Congresso, um antigo desejo de alguns, que é fazer Eleições Gerais. Eleição para todos os para todos os cargos no mesmo período: Presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais, deputados  estaduais e vereadores. Para isso, os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores  prorrogariam por mais dois anos. Vamos analisar isso na prática. A eleição desse ano seria cancelada, o  prefeito Zé Roberto e os vereadores ganhariam mais dois anos de mandato, as eleições ocorreriam em 2022, para todos os cargos.
 
Mas pelo visto essa não essa ideia não vai adiante. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, as eleições desse ano estão mantidas. Até o momento segue o calendário eleitoral. O prazo para se filiar aos partidos terminou no dia 4 de Abril. Agora, os partidos têm até o dia 15 de Agosto para definirem os candidatos e as coligações. A partir do dia 16 de Agosto começa oficialmente as campanhas. A votação ocorrerá no dia  4 de Outubro.
 
Ainda de acordo com Rodrigo Maia, caso não  seja possível cumprir o calendário eleitoral por causa do coronavírus, podem ocorrer alterações nas datas, mas a ideia é que a eleição  ocorra ainda esse ano.
 
Já que as eleições estão mantidas, resolvi retomar minhas análises. Dessa vez, falando  da pré-candidatura de Ricardo da Paf Pax.  Empresário que resolveu sair do “isolamento” e entrar na política. Sendo uma das novidades dessa eleição. Assim como Cláudia Conte (PT), Marcos Paixão (REDE) e Pedro Junqueira (PL). Todos esses participam pela primeira vez de uma eleição.
 
A diferença entre eles é que Ricardo nunca atuou no setor público. Cláudia Conte, por exemplo, é professora de Educação Básica e Especialista da Educação/ Supervisora Pedagógica há mais de 30 anos. Atualmente, é Diretora da Escola Estadual Enéas França (Bela Vista), já foi vice-diretora do Conservatório.  Pedro Junqueira  foi funcionário de carreira do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o qual trabalhou por 25 anos, ocupando importantes cargos.  Marcos Paixão já ocupou cargos públicos em cidades do norte de Minas, nas cidades de Engenheiro Navarro (gestão do prefeito Sileno Lopes), Guaraciama (prefeito Adevaldo Praes) e Bocaiúva (prefeitos Alberto Caldeira e Ricardo Veloso).
 
Os demais pré-candidatos  têm  bagagem política. Brenio Coli já foi vereador por cinco  mandatos (1988,1992, 1996, 2000 e 2008), sendo três vezes presidente da Câmara. Por duas vezes foi   vice-prefeito (2004-2012), ambas  ao lado de Zé Roberto. Na eleição passada (2016) concorreu ao cargo de prefeito contra Zé Roberto. Kélvia está no seu segundo mandato de vereadora (2012-2016). Rodrigo Pimentel foi vereador (2012) e concorreu a vice-prefeito (2016) ao lado de Brenio Coli.  Godelo nunca ocupou cargo, mas  concorreu  eleição para vereador três vezes (2008- 2012- 2016) e deputado estadual (2018).  Marco Antônio também não, mas  por duas vezes concorreu como vice-prefeito (2008-2012) e foi candidato a deputado estadual (2018).
 
Como podem ver, Ricardo da Pax Paf é o único pré-candidato  que não é do meio público e político. O que pode  ser algo bom ou ruim. Ele vê como algo bom, tendo em vista que  se considera o candidato da mudança.   Como ele disse na entrevista ao Jornal Leopoldinense: “Não tenho nenhuma trajetória política, tampouco qualquer experiência como gestor público. Essa condição, aliás, é que me colocou na condição de pré-candidato. Nunca participei da política partidária. Isso foi essencial para que meu nome pudesse integrar esse novo projeto. Não basta roupagem ou o nome de novo. Tem que ser novo, realmente”.
 
A falta de experiência política seria um dos maiores problemas de Ricardo, porém, ele está sabendo lidar muito bem com isso. A começar pela questão partidária. Ricardo filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que tem como representante na região o deputado federal Júlio Delgado,  que apoia sua pré-candidatura. O PSB  apesar de carregar no nome o termo socialista, não tem muito de esquerda. Podemos considerar de centro-esquerda, mas ultimamente vem flertando com a centro-direita. É um partido  de centro.
 
Essa flexibilidade do partido é positiva para Ricardo. Permite a ele dialogar com todas as forças políticas: direita e esquerda. E ele vem fazendo muito bem isso. É sem dúvida o pré-candidato que mais conversa com outros pré-candidatos, lideranças,  partidos e grupos. Conseguindo atrair bastantes pessoas para o seu lado. Destaco o apoio do ex-vereador Paulo Celestino, que deixou o PT para apoiá-lo. Destaco também o encontro que teve, no 15 de maio de 2019, com o deputado estadual Braulio Braz, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), estando presente o ex-vereador Ricardo Ávila (PTB),  garantindo apoio do partido a sua pré-candidatura. No dia 28 de Novembro de 2019, teve um encontro  multipartidário,  com a presença de quatro partidos:  PSB  (do grupo do Ricardo) ,  PV (Rodrigo Pimentel),  PTB (Ricardo Ávila) e PDT (Bené Guedes). Essa reunião marcou a união desses partidos e grupos, que caminharam  juntos por algum tempo, porém, alguns acabaram saindo. É o caso do grupo do  Bené Guedes, que foi para o lado do Brenio Coli.
 
A saída do grupo do  Bené não desanimou Ricardo e os demais que continuaram no grupo multipartidário. Eles continuaram  dialogando com outras forças, recentemente, conseguiram  trazer para o lado deles o partido Republicanos (antigo PRB) – do grupo do Dr. Marco Antônio. Com isso, esse grupo volta a ter novamente quatro partidos: PSB, PTB,  PV e Republicanos. Segundo eles, todos com chapa para vereador.
 
O fato de Ricardo conseguir está com essas pessoas mostra que ele não está sozinho. Tem com ele um grupo. Como disse na entrevista ao Jornal Leopoldinense: “Represento um grupo de amigos, das mais variadas classes de nossa sociedade, que deseja mudanças de verdade e que entende que Leopoldina necessita urgentemente de um modelo de gestão participativa, longe da política tradicional, capaz de transformar nossa cidade em um lugar melhor para que nós e nossos filhos possamos viver.”
 
Ricardo tem pela frente alguns desafios.  Primeiramente  manter esses quatros partidos juntos: Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),   Partido Verde (PV),  e Republicanos. Assim ele se iguala ao grupo do  Zé Roberto, que até onde apurei tem  também  quatro partidos: Partido Social Liberal (PSL), Partido Social Cristão  (PSC),  Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Partido Progressista (PP). Segundo bastidores políticos, Breno Coli tem apoio de cinco partidos: Partido Social Democrático (PSD), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Democratas (DEM), Avante (Antigo PTdoB)   e  Podemos (PODE – antigo PTN que se uniu ao PHS). É bom lembrar que não tem nada certo. As convenções partidárias ainda não ocorreram, como disse anteriormente, os partidos  tem até o dia começo de Agosto para definirem seus rumos,  mas já dá para ter uma noção mais ou menos onde cada um deles está.
 
A diferença do Ricardo para os grupos do Zé Roberto e Brenio Coli é que os partidos que compõem o grupo dele possuem outros pré-candidatos. No grupo do Breno Coli seu nome é dado como certo. Já no grupo do Zé Roberto, a aposta é Kélvia. Não escutamos outros nomes nesses grupos. Já no grupo onde está Ricardo, o  PV tem como pré-candidato Rodrigo Pimentel e os Republicanos tem Dr. Marco Antônio. Será que Ricardo vai conseguir fazer com que esses pré-candidatos abram mão de suas candidaturas para apoiá-lo? Será que eles vão continuar com Ricardo ou podem apoiar outros pré-candidatos, podendo ser vice ou quem sabe receber convite para ocupar cargos num possível governo?
 
Além de tentar manter o que está junto, outro desafio de Ricardo é conseguir  apoio de outros partidos, que até o momento, não estão com ninguém. Seguem carreira solo. Isso ocorre pois esses partidos também possuem pré-candidatos. É o caso do PT (Cláudia Conte), PCdoB (Godelo), REDE (Marcos Paixão)  e PL (Pedro Junqueira). Esses conversam entre si e também com outros grupos. Eles vão manter suas pré-candidaturas?
 
Será que Ricardo conseguirá fazer com que esses  partidos abram  mão de suas pré-candidaturas para apoiá-lo? Construindo assim a terceira via, que é algo muito comum na política de Leopoldina. Desde a redemocratização (1985), a cidade nunca teve mais de três candidatos. Normalmente, disputam as eleições três candidatos. Foi assim 1992: Zé Roberto X Pachá X Zé Turquinho; 1996: Marcio Freire X Jose Newton X Terezinha; 2004: Zé Roberto X Bené X Iolanda; 2008: Bené X Jose Newton X Marcinho. 2012: ZÉ Roberto X Marcinho X Bretas. Em apenas duas eleições tivemos dois candidatos: a 2000: Zé Roberto X Jose Newton. 2016: Zé Roberto  X Brenio.
 
E a eleição de 2020, quantos candidatos teremos?  Dois, três, quatro, cinco...? Ricardo vai conseguir fazer com que Rodrigo Pimentel e Dr. Marco Antônio abram mão de suas pré-candidaturas para apoiá-lo? Vai conseguir também que outros pré-candidatos, em especial, Cláudia Conte, Marcos Paixão , Godelo e Pedro Augusto abram mão e o apóiam, construindo assim a terceira via? Teremos o Bloco Progressista?   A dúvida que não quer calar: E agora Ricardo?

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