18/05/2020 às 19h02min - Atualizada em 18/05/2020 às 19h02min

E agora Pedro?

Pedro Augusto Junqueira Ferraz é uma das “novidades” da política. Coloquei novidades entre aspas, tendo em vista que, apesar de nunca ter disputado  uma eleição, o que podemos dizer que é novo, ao mesmo tempo traz consigo sobrenomes que têm muita história na política, com isso, podemos dizer que ele também  experiente na  política.
 
Pedro assina Junqueira. Mas também têm outros sobrenomes, os quais ele não assina, mas faz parte dessas famílias. Como os Monteiros e os Reis. Famílias influentes na política. Aproveito para contar um pouco da história dessas famílias na política.
 
Começo pelos Monteiros, de sua vó materna Maria Luiza Monteiro de Castro. Fizeram parte da  primeira gestão administrativa de Leopoldina (1855),  Manoel José Monteiro de Castro  e José Joaquim Ferreira Monteiro de Barros. Nessa época a Câmara era composta por sete vereadores. Não havia prefeito, quem administrava a cidade era a Câmara de vereadores. O  vereador mais velho, no caso  Manoel Monteiro, ocupava o cargo de Administrador Municipal, correspondente ao atual cargo de prefeito. José Monteiro, além de vereador, foi também juiz, sendo o primeiro juiz de Leopoldina.
 
Além dos vereadores  Manoel Monteiro e José Monteiro, outros Monteiros participaram da  primeira equipe administrativa de Leopoldina: Antônio Jose Monteiro de Barros, Domiciano Matheus Monteiro de Castro (primeiro Delegado de Polícia de Leopoldina), Jose Augusto Monteiro de Barros, Lucas Monteiro de Barros, Miguel Eugênio Monteiro de Barros. Alguns desses nomes e seus descendentes vieram a ser prefeitos  e vereadores em Leopoldina nos anos seguintes. (Fonte site da Câmara Municipal)

 
Saindo dos Monteiros e indo para os Junqueiras, vou me ater a  poucos  nomes, para não alongar muito esse texto. Afinal, muitos deles participaram da política. O mais famoso deles foi José Monteiro Ribeiro Junqueira, popular Ribeiro Junqueira, que foi deputado estadual (1895 a 1900), deputado federal (1903 a 1930) e senador da república (1935 a 1937). Destaco também Ormeu Junqueira Botelho, deputado federal  (1962) e presidente da Companhia Força e Luz Cataguases – Leopoldina, hoje Energisa.
 
Ainda falando  dos Junqueira, cito também os Reis.  Com destaque para  o ex-prefeito Darcílio Junqueira Reis (1971 a 1973), além  de seu pai, o ex-prefeito Jose Ribeiro dos Reis (1948 a 1951 e 1955 a 1959), popular Zequinha Reis. Trazendo  para mais próximo dos dias atuais, destaco  Guilherme Junqueira Reis, primo de Pedro,   que por duas vezes foi vice-prefeito: 1988 a 1992  (prefeito Márcio Freire) e  2000 a 2004 (prefeito Zé Roberto).
 
Não poderia deixar de citar a ligação de Pedro com ex-presidente do Brasil, Carlos Luz. O qual foi casado com Maria José Dantas Graciema Junqueira, parente de Pedro.  Carlos Luz foi vereador e prefeito de Leopoldina no período de 1923 a 1932. Deputado federal (1935 a 1937 - 1947 a 1955).  Chegou a presidência no Brasil após o suicídio de Getúlio Vargas (1954) e o afastamento de seu sucessor, o vice-presidente  Café Filho, que por questões de saúde se licenciou da presidência.  Carlos Luz nessa época (1955) era presidente da Câmara, estava na linha sucessora. Com isso,  ocupou a presidência do Brasil. Ficou apenas três dias, mas entrou para história do Brasil como Presidente Carlos Luz.
 
Como podem ver, apesar de Pedro Junqueira nunca ter participado da política, a política participa da vida dele.  Deixando de lado sua família, falando dele, além da experiência política que citei,  Pedro tem também muita experiência no setor público e privado. Como funcionário público,  empresário, agropecuarista e líder classista.
 
Pedro é  formado em Administração, com especialização em Marketing. Já ocupou importantes cargos. Fez parte da Secretaria de Indústria e Comércio do Governo de Minas Gerais,  foi diretor de Bens e Imóveis do Estado, funcionário de carreira do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), superintendente do Banco Crédito Real e do Banco do Estado de Minas Gerais (BEMG),   Conselheiro da Itambé. Atualmente, é presidente da Coopleste – Cooperativa Agropecuária Região Leste de Minas Gerais.
 
Pedro quer levar sua experiência de para a política. Sendo um dos pré-candidatos. De acordo com ele, “pretende com propostas e projetos viáveis, diálogo aberto e articulações coerente, chegar à Prefeitura, onde, com um novo projeto político, possa promover novas oportunidades para a população leopoldinense, através do crescimento econômico”. Fonte Jornal Leopoldinense.
 
Para isso, em maio de 2019, se filiou ao Partido da República (PR), o qual tem como presidente Francisco de Assis Antônio, popular “Pingüim”. Dias após Pedro se filiar ao partido, o mesmo muda de nome, passando a se chamar Partido Liberal (PL). Na verdade, o partido retomou seu antigo nome. Aproveito para contar um pouco da história do partido.
 
O Partido Liberal foi criado em 1985, após o fim da  Ditadura Militar (1964 a 1985), a qual proibia criação  de partido. Durante o período ditatorial, só podiam participar da política dois partidos: Aliança Renovadora Nacional (ARENA) – dos militares -  e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – da oposição.
 
A    redemocratização (1985)  permitiu a criação de novos partidos. No mesmo ano, foi criado  o Partido Liberal (PL), com o número 22. O partido tinha grande força nacional. O vice de Lula (PT), o empresário José de Alencar, da nossa vizinha Muriaé, era do Partido Liberal.
 
Com a  crise do mensalão, a qual atingiu  vários membros do PL, o partido perdeu força. Muitos deixaram o partido. O próprio vice-presidente, José de Alencar, em 2005 deixou a  legenda e se filiou  ao Partido Municipalista Renovador (PMR). No ano seguinte, o PMR muda de nome e passa a ser chamar Partido Republicano Brasileiro (PRB).  Recentemente, o PRB mudou de nome novamente, passou a se chamar: Republicanos. Em Leopoldina, esse partido está com o grupo do Dr. Marco Antônio.
 
Para acabar com a crise que atingiu o partido, em 2006, o Partido Liberal  se une ao Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), do famoso “meu nome é Enéas”,  criando o   Partido da República (PR) . O partido trocou de nome, mas não de direcionamento. Continuou  apoiando governos de esquerda: Lula e Dilma. O “namoro” do PR com a esquerda acabou nas eleições de 2018, quando o  partido resolveu apoiar  a candidatura de Geraldo Alckimin (PSDB).  Nesse momento percebemos mudança ideológica do partido, que passa a apoiar a direita novamente. Com o crescimento  das ideias liberais,  da “Nova Política”, o partido resolveu  voltar para seu antigo nome. No dia 7 de Maio, poucos dias após Pedro se filiar, o partido deixa de chamar se Partido da República (PR) e volta a se chamar Partido Liberal (PL).
 
Voltando ao Pedro,  um dos desafios para viabilizar sua candidatura é conseguir apoiadores.  Ele vem fazendo sua parte. Freqüentando reuniões nos bairros, indo a igreja, conversando com lideranças... Vai precisar também de apoio de outros grupos e políticos.  Algo nada fácil. Inclusive, recentemente, seu partido perdeu duas grandes lideranças: os  vereadores,  Elvécio - o  mais bem votado da história de Leopoldina - e Rogério Suíno.  A saída desses vereadores já era prevista. Principalmente, Suíno, onde no dia 6 de janeiro de 2020, o partido emitiu uma nota de repúdio contra ele, após um vídeo que fez criticando  a Casa de Caridade e os médicos. Outra fato que contribuiu para a saída deles, é que eles fazem parte da base do  prefeito Zé Roberto. Inclusive, se filiaram no Partido Social Cristão (PSC).
 
Pode ser que lá na frente esses dois vereadores apoiem Pedro. Afinal, Pedro precisará de apoio para sua candidatura. Tendo que conversar com outros grupos e partidos. Inclusive, com o grupo do Zé Roberto. O qual tem com ele  quatro partidos: Partido Social Liberal (PSL), Partido Social Cristão  (PSC),  Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Partido Progressista (PP). Quem sabe Pedro não venha ser o candidato desse grupo. Mas para isso, terá que enfrentar a vereadora Kélvia, que é também pré-candidata a prefeita.
 
Além do grupo do prefeito Zé Roberto, Pedro pode conversar com outros grupos, mas a conversa com eles tende  ser mais difícil. É o caso do grupo do Brenio, que tem com ele cinco partidos: Partido Social Democrático (PSD), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Democratas (DEM), Avante (Antigo PTdoB)   e  Podemos (PODE – antigo PTN que se uniu ao PHS).  Tudo indica que Brenio será o candidato desse grupo. Acho pouco provável Brenio abrir mão de sua pré-candidatura para apoiar Pedro. O mesmo vale para os partidos que até o momento estão com ele. Acho pouco provável eles deixarem de apoiar Brenio para apoiar outro candidato.
 
Tem ainda o grupo formado  pelos  partidos: Partidos  Socialista Brasileiro (PSB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),   Partido Verde (PV),  e Republicanos (PRB) . A conversa com esse grupo é mais difícil ainda. Afinal, eles têm três pré-candidatos a prefeito: Marco Antônio, Ricardo Paf Pax e Rodrigo Pimentel.   Não sei Pedro  conseguiria fazer com que esses três pré-candidatos abrissem mais de suas pré-candidaturas para apoiá-lo. Resta saber se esse grupo vai se manter unido, até porque, dois deles terão que abrir mão de suas pré-candidaturas. Dependendo da conversa, alguns podem sair desse grupo e ir para outro,  quem sabe apoiar Pedro, sendo um vice ou participando de outra forma do seu possível governo.
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Tem ainda outros pré-candidatos na mesma situação de Pedro, que são: Cláudia Conte (PT),  Godelo (PCdoB), Marcos Paixão (REDE). Esses partidos estão sozinhos.  Dialogando com outros grupos e partidos.  Pedro poderia tentar  unir com esses pré-candidatos  que estão sozinhos e montar uma frente. Porém, com PCdoB e PT talvez tenha um pouco de dificuldades, devido esses partidos serem do campo da esquerda e Pedro é do campo da direita. Tem inclusive no seu facebook, uma foto com o presidente Bolsonaro, postada no dia 16 de Outubro de 2018, poucos dias da votação do segundo turno. Além disso, no dia 16 de janeiro desse ano, esteve reunido com o grupo Aliança pelo Brasil – Leopoldina. Grupo formado por apoiadores do presidente em Leopoldina. Talvez isso tende afastar Pedro de partidos de esquerda. Mas na política a gente não duvida de nada.  Inclusive nas últimas três eleições esses partidos apoiaram candidatos a prefeito de direita. Em 2008 PT apoiou Zé Newton (PMDB), lançando seu vice (Dr. Marco Antônio)  enquanto  PCdoB apoiou Marcinho Pimentel (PP); 2012 PT apoiou Marcinho (PP), lançando seu vice (Dr. Marco Antônio) enquanto  PCdoB Zé Roberto (PSC); 2016 ambos apoiaram Breno Coli (PSD). Esse ano,  devido a  polarização que estamos vivendo, a esquerda tende apoiar alguém do seu campo. Não tá querendo apoiar candidato de direita. 
 
Como podem ver, Pedro tem muito desafio pela frente. Visando montar um grupo. Atrair outros partidos. Formar uma frente. Caso não consiga, terá que sair  sozinho. Só com o Partido Liberal. Fazendo chapa pura. Lançando um vice dentro do seu próprio partido.   O que nunca ocorreu em Leopoldina.  Mas tudo tem sua primeira vez. Talvez aconteça nessa eleição, não só com Pedro, mas também com outros pré-candidatos, que estão na mesma situação que Pedro. Com tantos desafios, a pergunta que não quer calar: E agora Pedro?

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