18/09/2014 às 10h18min - Atualizada em 18/09/2014 às 10h18min

Os gênios e os esforçados

Ainda criança, assistindo aos jogos do Esporte Clube Ribeiro Junqueira, aprendi a mais importante lição de sucesso: a sorte não costuma premiar os gênios e sim os esforçados. Nas férias de Dezembro, vinham clubes renomados do Rio de Janeiro para amistosos contra o Dragão de Leopoldina.

As excursões eram prestigiadas pelo mestre Telê Santana, cidadão honorário de Leopoldina. Em memória àqueles tempos, a entrada do estádio do Dragão ostenta a seguinte frase dele: “Fiquei abismado ao ver um time jogar tão bem. Jogava por música. Esse time era o Ribeiro Junqueira” (fonte: Jornal do Brasil, 28/08/1994). Seu entusiasmo com o Ribeiro Junqueira era tão forte que, durante entrevista à extinta TV Cidade, mencionou a escalação do time que o encantou desde os tempos de juventude (confira em youtube.com/watch?v=bVbsDTZk8gY ).

E eis que, para as festividades dos 103 anos do Dragão, fui convidado a fazer uma palestra para os atletas adolescentes, que disputam atualmente um campeonato. O convite exigiu-me adaptar as ideias de meu livro à realidade do futebol. Mas a tarefa não foi difícil. Afinal, em muitos trechos da minha obra, e também neste Hoje em Dia, eu me vali de analogias entre concurso público e futebol. É o caso, por exemplo, dos artigos “concurso atlético do Atlético” (23/05/2013), “luta entre Davi e Golias” (30/05/2013), “Tinga, um concurseiro do gramado” (22/02/2014), “zebra na Copa, zebra nos concursos” (21/06/2014), “a batalha do Mineirão” (05/07) e “tensão de 2010, apagão de 2014” (12/07).

Iniciei meu discurso falando sobre aqueles tempos, quando eu assistia aos jogos contra times renomados, sem saber que, na mesma arquibancada, estava o futuro técnico da Seleção Brasileira. Esclareci que meu livro não é sobre esporte, mas é sobre vitórias. Aos poucos, vi uma plateia empolgada e atenta.

Ao final, a diretoria do clube convidou-me a fazer uma preleção para os atletas, antes de uma importante partida agendada para sábado, 30 de Agosto. Adiei o retorno a Belo Horizonte para atender a tão honroso convite. Minutos antes do jogo, relembrei a lição aprendida com os atletas junqueirenses do passado. Acrescentei que, ao longo da vida, vi muitos gênios se darem mal. Mas vi pessoas bem sucedidas, apesar da capacidade mediana, o que decorria de duas coisas importantes: ser esforçado e aproveitar as oportunidades. Portanto, concluí, não sejam gênios, mas sejam esforçados! Afinal, a oportunidade pode ser hoje. Estejam preparados para não perdê-la.

A garotada surpreendeu a todos e venceu a partida por 2 a 0. Enfim, o jogo foi uma metáfora do que ocorre com as pessoas bem sucedidas, inclusive os concurseiros: quem vence não é o gênio e sim quem sabe conjugar os esforços com as oportunidades.

 

(*) Professor de Direito, delegado federal e autor do livro “Como passei em 15 concursos”, da Ed. Método.

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