23/05/2020 às 10h39min - Atualizada em 23/05/2020 às 10h39min
O CASAMENTO DO GERALDO – Piacatuba – 1970 –
Também funcionário da Distribuidora Zona da Mata de Bebidas Ltda. como eu, Geraldo era alto; tímido; voz em tom médio; muito educado no trato com pessoas; atuava como “coringa” – pau pra toda obra - Geraldo era muito querido por todos nós, demais empregados da “Brahma”, naquela época.
Lá trabalhávamos Carlos Noguères, Oswaldinho Zema, Edson Inácio, Joaquim, Messias, Getúlio, José Aluízio, Nilson Rubens, Expedito e eu, geridos pelo proprietário, Sr. Francisco Fonseca de Souza Leal, ex-funcionário da empresa aérea Panair, esta, extinta pelos militares do golpe de 1964.
Geraldo namorava u’a moça natural de Piacatuba, porém residente em Leopoldina, e com o passar do tempo, noivos ficaram; preparando-se para se casar, noivo e noiva curtiam os momentos de montagem da futura morada do casal; Geraldo compartilhava conosco cada etapa superada; até que... chega a época do casório.
A cerimônia religiosa seria em Piacatuba, na bela igreja situada no alto de um monte, donde se avistava toda a paisagem local, por sinal linda e até hoje preservada, tanto arquitetônica quanto arbórea.
O padre celebrador do casamento? Padre Paulo Fadda, italiano de origem e piacatubense de coração e opção, pároco em Piacatuba durante grande parte da sua vida; era o conselheiro; o mentor; o estimulador; o árbitro; o “pai”; enfim, era de um valor imenso para aquela população, mas... suas palavras e decisões eram LEI!!!
Chega o dia do casamento e lá vamos nós, colegas de trabalho do Geraldo para Piacatuba compartilhar daquele momento tão importante para ele, para a noiva e, para nós, seus amigos.
Adentramos na igreja e lá já estava a postos o Padre Paulo Fadda aguardando pelo início da cerimônia; convidados acomodados; música; Geraldo num “estica” de dar gosto; adentra a noiva... linda, sorridente e feliz; com seu livreto para casórios, Padre Paulo inicia a celebração... e fala; e lê; e fala; e lê...; e o tempo passa... mais de uma hora de preleção!
Ápice da celebração: hora do SIM!!!
- Sr. Geraldo, ACEITA a senhorita (...) como sua legítima esposa?... Sim! Geraldo responde.
- Aceita MESMO?!... Sim! Ratifica Geraldo.
-Repetindo, aceita, PARA SEMPRE???!!! SIM!... Responde Geraldo, já quase sem fôlego.
À noiva são repetidas as mesmas perguntas e a cerimônia chega a uma hora e meia...ufa!!!
Aí o Messias, com um sorriso nos lábios, me cutuca com o cotovelo e me confidencia:
- Gomes, não tenho dúvidas de que a celebração feita pelo padre tem validade não só pro casamento, mas, também tem validade para os batismos dos três primeiros filhos do Geraldo.
Pois é! Assim foi! Eu garanto!!!
Divinópolis-MG – 01/2020