26/06/2020 às 11h48min - Atualizada em 26/06/2020 às 11h48min

ARTIMANHAS COMERCIAIS

Jacy Rodrigues da Silva convidou-me para ir com ele a Belo Horizonte, de carro, comprar sapatos para revender em seu Armarinho Brasília em Leopoldina e na filial em Além Paraíba.
 
Dormimos na friorenta Barbacena e, ao acordar, saímos sem lavar o rosto, pois a água estava gelada demais.  Jacy me falou que a fábrica não tinha variedades, sendo padronizados seus modelos.
 
Chegando à fábrica, o dono logo reconheceu o Jacy e veio a nosso encontro.
 
- O que tem para vender, senhor?
- O de sempre, tenho um total de 500 pares a preços bons.
- Quanto está custando cada par?
- CR$ 40,00
- E se eu levar 100 pares?
- Faço a Cr$ 35,00
- E se levar 200 pares?
- Faço a Cr$ 30,00
- E se levar sem a caixa?
- Faço a Cr$ 28,00
- E se levar sem nota fiscal?
- Faço a Cr$ 25,00
- E se eu levar de todos os números, sem fazer escolhas?
- Faço a Cr$ 23,00
- E se eu levar todo o estoque?
- Faço a R$ 20,00
- E se eu encostar o caminhão agora, pagar em dinheiro?
- Faço a Cr$ 15,00.
 
Pertinho dali, numa pracinha, o Jacy contratou um caminhão e lotou a carroceria de sapatos sem caixa, sem nota fiscal e viajamos na traseira dele até Além Paraíba, onde foi descarregada parte dos sapatos.
 
No trajeto para Leopoldina, o Jacy comentou “o Bastiãozinho da Loja Marabi vai ficar doido, pois os viajantes não vendem um sapato destes para ele por menos de R$ 50,00 e ele sobre este valor tem que jogar despesas e ainda tirar lucro”.
 
Eu fui a minha casa fazer um lanche e, quando passei defronte a loja do Jacy (Cotegipe, número 204), já havia, minutos depois de nossa chegada, espalhados na calçada centenas de sapatos sob um cartaz: “liquidação total, apenas CR$ 30,00 o par”.  
Vendeu tudo em poucos dias. 
 
Nelsinho
Edição n°218 de 
05.02.2011 
 
 
 
 
 
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