08/10/2020 às 10h37min - Atualizada em 08/10/2020 às 10h37min

ESCOLA DE DATILOGRAFIA - Leopoldina-MG – Anos 1960 –

Datilografia é a técnica de digitar sem olhar muito para as teclas e com certa velocidade, ou, como era antigamente, datilografia é a técnica de escrever com máquina datilográfica.

No evoluir da civilização, boa caligrafia era essencial para quaisquer atividades que demandassem registrosde quaisquer espécies: históricos, contábeis, cartorários, atas, etc., porém inventada, divulgada e utilizada, a máquina datilográfica mostrou-se um equalizador de oportunidades de trabalho, representando padronização de trabalhos e registros gráficos.

Percebendo o potencial da relação ensino-aprendizagem da técnica datilográfica, em Leopoldina e pioneiramente foi criada pelo Professor Haroldo J.B. Freire, a Escola Dactilográfica Virgílio Bastos, então situada na Rua Gabriel Magalhães, próxima do Ginásio.

Numa crônica anterior relatei que, na minha juventude, ao terminarmos o curso ginasial – hoje 8ª série – estaríamos aptos a entrar no mercado de trabalho; iniciar nossas vidas adultas; porém as boas oportunidades de trabalho em bancos, escritórios de indústrias e comércio, e em outras áreas exigiam prática datilográfica, comprovável através de datilografia de texto.

No concurso que prestei para o Banco do Brasil, era-nos apresentado um texto composto de npalavras; num total de 900 toques; a ser datilografado em 10 minutos, incluído o preparo do papel na máquina; com o mínimo de erros possível; sujeito a uma nota final; ... minha nota foi 5, representando toda a tensão que aquele momento infligia aos concursandos.

Lembranças à parte, o certo é que a escola do Professor Haroldo foi responsável direto nos saltos empregatícios de leopoldinenses, haja vista os inúmeros alunos que por lá passaram durante o longo período do seu funcionamento.
Ao lá matricularmos adquiríamos uma apostila, elaborada pelo fundador, cujo título, creio,era Método Prático de Datilografia, composto de textos, fotos indicando posturas corretas e ergonômicas para o trabalho, etc., através da qual os alunos auto conduziam seus treinamentos; em máquinas cujos teclados eram cobertos por uma aba de papelão, impedindo sua visão direta; devidamente acompanhados por um monitor ou monitora que vistoriava os textos datilografados; e determinava se aptos a passar para a fase seguinte.

A... S... D... F... G... Ç...L...K...J...H...a...s...d...f...g...ç...l...k...j...h  Assim eram as primeiras lições, aliás, as primeiras letras que datilografávamos, buscando exercitar e desenvolver nossas habilidades motoras das mãos e dedos, sendo que, para mim, aquelas letras e respectivos dedos acionadores continuam presentes na memória após quase 60 anos. Das demais letras e sinais? Não sou capaz de defini-los ou enumerá-los... de cor nem salteado, corretamente.

Professor Haroldo era violinista, poeta, escritor e, mais do que tudo isso, foi um “preparador” de datilógrafos para o mercado de trabalho e, no meu caso, após aposentadoria, um meio registrador de fatos e pessoas, datilografados em textos como este.

Esta crônica foi “despertada” e escrita após eu acessar e ouvir no Youtube a peça musical clássica Homenagem à Máquina de Escrever, que nesta oportunidade e em homenagem ao Professor Haroldo, convido a cada um dos seus ex-alunos... ou não, a ouvi-la... vale a pena!

À Escola Dactilográfica Virgílio Bastos, ao Prof. Haroldo e aos monitores(as), minha gratidão.
Lá estudei.   Durante a vida, usei.  Aqui datilografei.

Edson Gomes Santos, julho/2020
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