13/12/2020 às 10h34min - Atualizada em 13/12/2020 às 10h31min

Resultado da eleição de 2020 vai influenciar 2022?

Muito se comenta sobre o resultado das eleições de 2020, no sentido de entender o recado das urnas e a partir dele analisar os efeitos nas eleições de 2022.

Minha avaliação das eleições de 2020  é que quem saiu derrotada foi a “Nova Política”. Esse termo sequer foi usado na campanha. Os poucos candidatos novos que concorreram não repetiram o feito de 2018, onde muitos foram eleitos. Dessa vez, a população optou por políticos mais experientes.

Cito alguns exemplos: a volta do  ex-prefeito Eduardo Paes no RJ,  a reeleição de Covas em SP, a reeleição de  Kalil em BH, Margarida Salomão em Juiz de Fora, Bráulio Braz em Muriaé,  José Henriques, filho do ex-prefeito Tarcísio Henriques, em Cataguases...
 
Aqui em Leopoldina não foi diferente. Foi eleito Pedro Augusto, que de certa forma tem experiência na política, tendo em vista pertencer a família Junqueira. Apesar de Pedro Augusto não ter usado o sobrenome, todos sabiam sua origem e  como a população optou pela experiência, a relação de sua família com a política, assim como  sua experiência de vida, tanto no setor público como no privado,  o ajudou.

Na disputa do Legislativo tivemos o mesmo cenário. Vou me ater a Leopoldina. Dos 15 vereadores eleitores, 9 deles têm relação com a política. 4 foram reeleitos: Didi da ElétricaIvan NogueiraJosé Augusto e Suíno. Dois ex-vereadores retornaram: Rodrigo Pimentel e Edvaldo. Outros três tem ligação com política: Bernardo Guedes  (filho do ex-prefeito Bené Guedes), Jose do Carmo Piacatuba (irmão do vereador Didi de Piacatuba) e Gilmar Pimentel (sobrinho do vereador e futuro vice-prefeito Totonho Pimentel).

Dos 6  novatos, 3 deles já disputaram outras eleições: Julius Cesar, Elileia e Carlos André. Novato mesmos só 3: Queijinho do Povo, Alexandre Badaró e Inezinha. Tirando esses três, os demais novatos não se saíram tão bem. Principalmente, aqueles que apostaram na mesma tática de 2018, uso das redes sociais e polêmicas. Como: Wilian Bunitinho (155 votos), Instrutor Ronildo (28 votos),  Katsumi Dan ( 23 votos) e Fernando Ollivier (7 votos).

Dessa vez a população não quis arriscar. Acredito que a pandemia tenha contribuído para isso, tendo em vista que muitos perceberam a importância da política e do Estado na vida das pessoas. Afinal, são os políticos eleitos que definem se o comércio vai abrir ou não, que cobram  uso de máscaras,  se terá aula ou não, se vai ter ajuda financeira (auxílio emergencial), se vai ter vacina... Isso tudo fez com que as pessoas levassem a política um pouco mais a sério.  A pandemia recuperou um pouco do prestígio da política.
 
Além da derrota da “Nova Política”, tivemos também nessa eleição a “derrota” de alguns campos políticos. É o caso da esquerda, em especial grupos ligados ao PT e Lula, e a extrema-direita, grupos ligados a Bolsonaro.

Coloquei derrota entre aspas, pois  apesar da redução de eleitos desses grupos, temos que reconhecer que não foram tão mal assim como alguns estão falando. Tendo em vista que disputaram muito forte em vários lugares estratégicos.

Em Recife (ES) por exemplo, Marília Arraes (PT)  perdeu  para seu primo João Campos (PSB), que é da centro-esquerda. Ou seja, de alguma forma a esquerda ganhou. E Marília mesmo derrotada fui muito bem.

Em SP, Boulos (PSOL), acabou se tornando o representante da esquerda no 2º turno. Perdeu, mas teve uma votação impressionante. O mesmo ocorreu no Rio Grande do Sul, onde  Manoela D’Ávila (PCdoB), que foi vice do Haddad,  mesmo derrotada teve uma boa votação.

Fato que também aconteceu com alguns candidatos apoiados por Bolsonaro. Apesar  de derrotados, muitos deles foram bem. Logo, não vejo que Bolsonaro e a esquerda se saíram derrotados.

Por outro lado, temos que reconhecer que o centro, seja centro-direita e centro-esquerda, muito mais a centro-direita, o famoso Centrão, foram os grandes vencedores dessa eleição. Com destaque para os grupos ligados a Ciro Gomes e Rodrigo Maia, os dois saíram fortalecidos nessa eleição.

A tradicional direita, formada por MDB e PSDB, apesar de não terem  se saído também bem, mantiveram a hegemonia. O MDB foi o partido que mais fez prefeitos, sendo 774 ao todo. Seguido de PSDB com 512. Como podem ver, apesar do avanço da centro-direita, a direita continua muito forte dentro do seu campo.  

Deixando de lado as eleições de 2020, falando de 2022, há quem  acredite que a eleição de 2020 influenciará as eleições de 2022. Eu discordo em parte. Sei que o uso da máquina pública é importante na política. Agora, se  quantidade de prefeitos ajudasse a eleger presidente, o MDB elegeria presidente sempre. Afinal, sempre foi o partido com mais prefeitos no Brasil. Por outro lado, Bolsonaro, assim como Collor, eleitos  sem partido organizado, jamais seriam presidente caso eleição para prefeito influenciasse.
Para mim, o que vai influenciar as eleições de 2022 não será 2020, mas sim 2022. Como o Brasil vai estar no ano da eleição: desemprego, inflação, preço dos alimentos, valor da gasolina, preço do dólar, saúde, segurança, educação...

Finalizando essa análise, não poderia deixar de falar de como serão as composições. Muita gente vem defendendo a união. Criação de frentes amplas. Tanto na esquerda, quanto na direita. Sobre tais uniões,  acho muito difícil de acontecer.

A política do Brasil é muito diversificada. Multipartidária.  Temos mais de 30 partidos. Sendo de todos os campos políticos: extrema-esquerda, esquerda, centro-esquerda, centro-direita, direita e extrema-direita. Onde é comum termos dentro desses campos mais de um candidato.

Na última eleição por exemplo, do campo da extrema-direita teve 3: Bolsonaro (PSL), Amoêdo (NOVO)  e cabo Daciolo (PATRIOTAS). Da direita  2: Alckimin (PSDB) e Meirelles (MDB). Centro-direita 2:   e Álvaro Dias (PODEMOS) e Eymael (Democracia Cristã).  Extrema-esquerda 2: Boulos (PSOL) e Vera (PSTU).    Da esquerda Haddad (PT).  Centro-esquerda 3: Ciro Gomes (PDT) , Marina Silva (REDE) e João Goulart Filho (Partido Pátria Livre). 

Como podem ver, é difícil unir partidos do mesmo campo político. Imagina então unir de polos opostos. Isso ocorre por vários motivos, destaco o fato de a eleição poder ter 2 turnos. Isso faz com que muitos deixem a união para o 2 turno.

No primeiro turno muitos optam em ter candidatura própria, tendo em vista que além da eleição para presidente, ocorre também eleição  para governador, senador e deputado (federal e estadual), onde os partidos disputam uns contra os outros nos Estados, o que dificulta uma união a nível nacional.

Vejo 2022 com o mesmo cenário de 2018. Muitos candidatos. Com todos os campos tendo representantes. Afinal, para muitos deles, mesmo sabendo que dificilmente serão eleitos, a eleição é a oportunidade de passar sua mensagem, expor seu pensamento, sua ideologia. Mesmo que com poucos segundos, como faz o PSTU : “Contra burguês vote 16”. Quem bate cartão não vota em patrão”. Ou como fazia Enéas: “Meu nome é Enéas”.
 
A eleição presidencial é para muitos o melhor momento para apresentar suas ideias. Ficar em evidência. Quem vai querer abrir mão disso?


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