05/02/2021 às 06h00min - Atualizada em 05/02/2021 às 05h57min

Nova crise política do governo Pedro Augusto

Paulo Lúcio Carteirinho
O último artigo que escrevi falei sobre a primeira crise política enfrentada pelo governo Pedro Augusto. Em menos de um mês outra crise política.  Novamente uma crise criada pelo próprio  prefeito. Sendo novamente  por causa do vereador Suíno – o qual desde que sua esposa foi exonerada vem se tornando o maior opositor do governo Pedro.

A crise dessa vez foi uma tentativa de Pedro Augusto em anular o vereador Suíno, onde de forma descontrolada, dá para perceber isso através de sua fala e gestos, o prefeito resolveu comparecer na sessão ordinária da Câmara e enfrentá-lo ao vivo.

Mas o feitiço virou contra o feiticeiro. A tática de Pedro Augusto deu errado e ele tomou uma lição de moral dos vereadores. Isso é consequência da falta de experiência política do prefeito.

Ao ir à Sessão da Câmara enfrentar Suíno, como se a Câmara fosse um “Puxadinho” da prefeitura,  onde o prefeito tem poderes sobre  ela, o prefeito aprendeu uma lição que entrará para história da política de Leopoldina.

Para que o leitor entenda melhor esse caso narrarei o ocorrido. Tudo começou após o vereador Suíno apresentar dois requerimentos/indicações: 05/2021 e 06/2021, convidando algumas empresas que prestam serviços a prefeitura, assim como dois funcionários da prefeitura: Kalon (chefe do gabiente) e Pingüim (presidente do partido de prefeito)  para prestarem alguns esclarecimentos  aos vereadores.

Tendo em vista que o vereador Suíno desconfia de possíveis irregularidades envolvendo um jornal, feito pelo chefe de Gabinete da prefeitura (Kalon), o qual tem como patrocinadores empresas que prestam serviços para a prefeitura.

As suspeitas de Suíno surgiram após ele ir à prefeitura tentar conversar com o prefeito e ter encontrado na mesa do chefe de gabinete um rascunho relacionado ao jornal feito por Kalon.  O qual continha informações sobre possíveis patrocinadores. Sendo empresas que prestam serviços para a prefeitura. O vereador desconfia de que tal patrocínio tem alguma relação com contratos.

Sinceramente, tal suspeita do vereador, na minha opinião, não tem sentido algum. Tendo em vista que Kalon  tem esse jornal há tempos. Sendo os mesmos patrocinadores. Basta pegar as edições do jornal no período do governo Zé Roberto, assim como de outros governos  e comparar.

O jornal feito por Kalon  é um trabalho de cunho pessoal.  Sem ligação alguma com prefeitura.  Claro que agora por fazer parte do governo o jornal ganhe um novo formato. Passe a divulgar atos do governo. Mas longe de ser um jornal governamental. Até porque, Kalon tem um nome a zelar. Seu trabalho é de longa data. Suíno sabe disso.

Dessa forma, concordo em partes com que Pedro Augusto disse na Câmara. Tais acusações são levianas. O  erro do Kalon é ter levado  tais papeis para o seu local de serviço. Local de serviço não é local para assuntos pessoais. Mas nem por isso acho que Kalon cometeu irregularidades. Cabe a ele se policiar mais. Separar sua vida pessoal da política. Espero que tal fato não atrapalhe seu trabalho jornalístico, o qual sou fã. Seu jornal é um importante veículo de comunicação da cidade. Torço para que continue. Para isso, ele vai precisar de patrocinadores. Como sempre precisou.

A polêmica maior no meu ponto de vista nem foi tanto esse assunto relacionado a chefe de gabinete. Tendo em vista que repito, não vejo irregularidades nisso.  Problema maior foi a atitude do prefeito ter ido na Câmara  tentar defender o chefe de gabinete  atacando o vereador que apresentou tal denúncia.

Talvez Pedro Augusto  desconheça o artigo 2°  da nossa Constituição que diz: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

A ida de Pedro Augusto na Câmara sem ser convidado, ao ponto de sentar na cadeira destinada aos vereadores, sendo ao lado do presidente da Câmara, onde ele ataca um membro do Legislativo, criou uma crise nunca vista na política de Leopoldina.

Sei que alguns acham legal o prefeito  participar  dos atos do Legislativo. Mas a forma que Pedro agiu foi totalmente diferente disso. Já que ele nitidamente tentou pautar o legislativo. Como se fosse proibido os vereadores investigarem atos cometidos pelos funcionários da prefeitura.

A  Câmara é um órgão independente. Tem como principal papel investigar o Executivo. Goste o prefeito ou não. Dessa forma, Suíno está cumprindo com o seu papel levando tal suspeita para ser tratada na Câmara. Compete a seus pares investigarem ou não.

Pedro Augusto errou ao querer tratar de tal assunto dentro da Câmara. Caso ele não concorde com os vereadores, cabe procurar outros meios de rebater as críticas feitas pelos vereadores.  Jamais ir à Câmara de vereadores para fazer isso.

Aproveito para fazer uma crítica ao presidente José Augusto, que ao dar voz ao prefeito confundiu liberdade com libertinagem. Tendo em vista que é previsto no regimento interno da Câmara que somente os vereadores podem falar. Afinal, eles são os representantes do povo. O prefeito fala através do Executivo. Não compete a ele falar também através do Legislativo. Como diz uma música do funk: “ado, a ado, cada um no seu quadrado”.

Se o presidente José Augusto quer permitir que outras pessoas falem nas sessões legislativas,  basta  mudar o regimento interno e implantar a Tribuna Livre. Aproveito para falar que passou da hora da Câmara dos vereadores tornarem a Tribuna Livre mais democrática. Dando voz a todo CIDADÃO LEOPOLDINENSE. Algo que hoje é restrito. O ultrapassado regimento interno dificulta a presença de populares. Na Casa do Povo o povo não pode falar. Prevalecer aquilo que um  ex-vereador disse: “Aqui o povo deve ficar calado”.

Modificando  a Tribuna Livre, tornando ela mais popular, todos vão ter acesso a fala na Câmara. Inclusive o prefeito. Mas é claro, com regras. Sem ofender ou atacar membros do Legislativo. Podem até se fazer criticar aos vereadores, mas de forma respeitosa. Coisa que Pedro Augusto não fez.

Tal atitude do prefeito Pedro Augusto me lembrou o discurso do ex-ministro da Educação do governo Dilma, Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, que numa ida na Câmara dos Deputados atacou o presidente Eduardo Cunha, o chamando de “achacador” e deputados de “oportunistas”.

Apesar de concordar com quase tudo que Cid Gomes falou, tal atitude não contribuiu em nada ao país que na época vivia uma crise política. O final dessa história a gente conhece. Cid Gomes pediu demissão e Dilma sofreu o impeachment.

Pedro agiu da mesma forma que Cid Gomes. Sua ida na Câmara foi trágica. Ele pensou que ao enfrentar o vereador Suíno enterraria o assunto. Mas acabou jogando mais gasolina no fogo.  Tornando um assunto até então desconhecido, tendo em vista que – infelizmente - poucos acompanham as Sessões da Câmara, no assunto mais comentando da cidade.

Agora  boa parte da população está sabendo do caso. Fazendo com que o vereador Suíno, até então um vereador muito criticado pela população, se transformasse numa espécie de “herói”. Líder da oposição.

Por falar em Suíno, a resposta que ele deu a Pedro Augusto vamos reconhecer foi incrível. Ele deu uma aula ao prefeito sobre o trabalho do Legislativo. Mostrando ao prefeito que o vereador está cumprindo com seu papel, que é fiscalizar. Ao ponto do próprio prefeito reconhecer isso e parabenizá-lo. Apesar de não gostar da postura do nobre vereador, tenho que reconhecer que dessa vez ele se saiu muito bem.

Pedro Augusto aprendeu uma lição a qual jamais vai esquecer. Resta saber as consequências dessa nova crise política. A qual pode trazer problemas para o governo. Cabe a equipe política do prefeito, se é que tem, ou o próprio Pedro Augusto, se policiar mais. Ouvir mais o Legislativo. Afinal, esse é o órgão mais importante da República. Já que os vereadores são os representantes do povo.

Tem um ditado popular  que diz: “Deus deu ao homem dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos”. Pedro Augusto deveria usar mais os ouvidos e os olhos ao invés da boca.


Segue abaixo a fala do prefeito  na Câmara: 

 

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