10/10/2014 às 10h30min - Atualizada em 10/10/2014 às 10h30min

A AGONIA DO VELHO CHICO

E a nascente do rio São Francisco secou! Mais importante que o seu desaparecimento temporário, é o simbolismo deste evento. Seca, queimadas, tudo contribuiu para o seu esgotamento. Com o retorno das chuvas o marco do nascimento de um dos rios mais importantes do Brasil retornará, mas não devemos esquecer da mensagem que ele nos envia: sequei! Uma seca temporária, mas sequei! Um aviso antecipado pois, daqui para frente, se nada for feito, poderá ser bem pior. Não apenas para o Rio e seus afluentes, mas para todos que dependem direta e indiretamente deste gigantesco manancial hídrico. Ele atravessa regiões extremamente quentes, áridas e secas levando água para saciar a sede das pessoas e animais, para agricultura, para navegação, ou seja, para todos. Sem as suas águas, mesmo que temporariamente, a vida na região poderá ser tornar insuportável e impraticável para animais e seres humanos. O abastecimento urbano, as indústrias, a lavoura e a pecuária, tudo ficará comprometido.

A representação simbólica da seca da nascente do rio São Francisco deve ser tratada de forma séria e responsável por todos: pelas autoridades, empresários, e as comunidades. O que devemos e podemos fazer em conjunto para evitar que uma tragédia ambiental se instale na sua bacia?

            O rio São Francisco nasce aqui em Minas Gerais, na serra da Canastra a uma altitude de 1.600 metros e desloca-se 2.700 km em direção ao Nordeste do Brasil. O rio atravessa parte do semi-árido do Nordeste, tendo uma grande importância regional dos pontos de vista ecológico, econômico e social. Atualmente, grandes hidrelétricas, irrigação, navegação, suprimento de água, pesca e aquicultura constituem os principais usos deste rio e de suas barragens. A bacia hidrográfica do São Francisco tem, aproximadamente 640.000 km22, e estende-se por regiões com climas úmidos, semi-árido, e árido. Os principais reservatórios do rio são Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó. Estes reservatórios produzem energia hidrelétrica que abastecem diversas regiões do Nordeste  transformando regiões antes pobres e sem perspectivas em polos regionais de desenvolvimento.

            O montante de água deste rio é fabuloso, variando de 2.100 a 2.800 m3 de água por segundo, atingindo  3.000 m3 de água por segundo próximo à foz, ou seja, três milhões de litros de água por segundo! Estes fluxos são naturais, ocorrendo atualmente regularizações através dos reservatórios, para otimização do uso nas cheias e secas.

            O rio São Francisco tem uma enorme importância regional, e pode ser considerado como um dos principais fatores de desenvolvimento não apenas do Nordeste brasileiro mas também de diversas regiões de Minas Gerais. Através de inúmeros planos de desenvolvimento, um conjunto de ideias de grande porte foi sendo construído gerando um plano integrado de desenvolvimento, envolvendo as agências do governo federal, governos estaduais e iniciativa privada. Mas, será que estas ideias estão saindo do papel? Será que recursos estão sendo investidos corretamente na gestão e recuperação da bacia? Será que as empresas localizadas na bacia estão cumprindo o seu papel ambiental? Nas próximas chuvas o rio voltará ao seu ritmo caudaloso mas, ele já enviou o seu recado, restando a nós a interpretação e a ação.

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