21/04/2021 às 09h12min - Atualizada em 21/04/2021 às 09h03min

​O retorno da fome!

Paulo Lúcio Carteirinho
Recentemente, a Câmara dos vereadores aprovou o projeto de Lei 21/2021, de autoria do prefeito Pedro Augusto, o qual pediu autorização para  abertura de crédito no orçamento no valor de R$ 200 mil para compra de cestas básicas, as quais serão doadas as famílias que necessitam.

Quando vejo Pedro Augusto, um liberal, defensor do Menos Estado, que durante a campanha repetiu várias vezes a frase do ex-presidente americano  Ronald Reagan,   “o melhor programa social é o emprego”, enviar  para análise dos vereadores um projeto de lei  para doar alimentos para a população, uma política de Mais Estado, populista,  é sinal de que as coisas não estão boas.  

Realmente as coisas não estão boas. Estamos tendo de volta o retorno da fome no Brasil. Em Leopoldina não é diferente. Várias pessoas começam a depender de ajuda, principalmente, do Estado. O que explica o projeto de lei enviado por Pedro  Augusto.
 
Acredito que esse foi o primeiro de muitos que o prefeito Pedro Augusto terá que enviar para a Câmara dos vereadores. Cada vez mais as pessoas vão precisar de doação de alimentos.  O que  me faz lembrar de uma fala do deputado federal  Reginaldo Lopes (PT),  que apoiou a campanha do candidato petista Vanderlei Pequeno, a  prefeito de  Cataguases,   e na época o alertou dizendo:  caso ganhe,  espreme  todo o orçamento do município e transforma  em comida, porque a partir do segundo semestre de 2021 a fome vai bater com força nesse país.

Reginaldo Lopes não é nenhum profeta. Até porque, não precisa ser profeta para adivinhar esse tipo de coisa. Basta analisar os números. De acordo com as pesquisas, a insegurança alimentar atingiu 27% da população no ano passado. O que representa 58 milhões de pessoas. Para esse ano, as pesquisas mostram que esse número vai aumentar.

Para vocês terem ideia do grau de gravidade, em 2004, quando Lula criou o Bolsa Família, a insegurança alimentar atingia 16% da população. Com a criação do Bolsa Família e de outros benefícios sociais, assim como o PAC, que transformou o Brasil num canteiro de obras, inclusive sediando Copa do Mundo e Olimpíadas, fez até obras em outros países, o Brasil viveu um período onde a fome quase que sumiu. Tanto que nesse período a ONU retirou o Brasil do Mapa da Fome mundial.

Falando em obras, aproveito para abrir um parêntese e falar dos excessos cometidos pela Operação Lava-jato, que, deixo claro, teve seu papel importante no combate a corrupção, porém, causou também problemas econômicos, ao paralisar obras e atacar empresas, o que gerou muito desemprego. O Brasil que vivia o pleno emprego, onde a frase que Pedro Augusto tanto gosta, “o melhor programa social é o emprego”, fazia sentido, inclusive, com a menor taxa de desemprego da história do país, se transformou num caos.  
 
Veio a crise econômica mundial (2008), a qual a princípio foi uma marolinha, mas que somada a crise política brasileira e a corrupção, sim teve corrupção, na verdade,  está tendo nos dias de hoje também -   virou um tsunami. Principalmente, depois das eleições de 2014, onde muitos não aceitaram o resultado das urnas e começaram agir de modo revertê-lo. Dando início na política do “quanto pior melhor”. 

O impeachment de Dilma não resolveu os problemas do Brasil. Pelo contrário, só agravou. Tendo em vista a agenda liberal que veio a seguir, como as reformas trabalhistas que tiraram direitos e reduziram salários dos trabalhadores, a reforma da previdência que dificultou a aposentadoria, além da PEC do Teto dos Gastos, que limitou investimento via Estado, pioraram a situação.  

Com menos dinheiro circulando, devido a agenda liberal, o resultado não poderia ser diferente: aumento do desemprego. Automaticamente, aumento da fome.  Veio a pandemia e agravou o que já era grave.

Esse cenário, que não é bom, tende a piorar. O que traz o retorno da fome no Brasil. Mais do que nunca as pessoas vão precisar de ajuda. Principalmente do Estado, através do Auxílio Emergencial, o qual deve voltar ao seu valor inicial R$ 600, sendo pago enquanto durar a pandemia. Assim como do Bolsa Família, o qual deve ser ampliado e reajustado. Vamos precisar também da ajuda do governo do Estado, que deve também lançar o auxílio-emergencial estadual, como vêm fazendo outros estados. Assim como das prefeituras, como fez Pedro Augusto doando cestas básicas, o qual deveria fazer mais vezes durante ao ano.

Além das ajudas de várias outras instituições. Aproveito para parabenizar a APA Confecções, que recentemente doou para todos os ex-funcionários, demitidos no ano passado, uma quantia em dinheiro. Parabenizo também o PT de Leopoldina pela campanha PT Solidário, o qual está recolhendo alimentos e distribuindo cestas básicas.
 
Precisamos criar uma rede solidária forte para enfrentar o que está por vir. Vamos viver um dos piores momentos da nossa história. Volto a repetir, com o retorno da fome.  Mais do que nunca precisaremos ser solidários.  
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