19/06/2021 às 18h51min - Atualizada em 19/06/2021 às 18h47min

Melhoria no transporte em Leopoldina

Paulo Lúcio Carteirinho
O transporte público em Leopoldina não é bom (Foto: Luciano Baía Meneghite/Arquivo)
No último artigo que escrevi, falei sobre o reajuste da passagem de ônibus em Leopoldina, que teve um aumento de R$ 0,30, passando de R$ 2,45 para R$ 2,75.

Conforme citei, até entendo que era necessário reajustar a tarifa, tendo em vista que a mesma estava congelada por anos, sendo que nos últimos anos os preços dos combustíveis, energia, água, peças...aumentaram demais. Só espero que junto com esse aumento venham também melhorias, que a política de  governo do Pedro Augusto para o setor de transporte não se limite a apenas aumentar o valor da passagem de ônibus,  olhando só para o lado empresarial. O prefeito tem que olhar também para o lado da população.

O transporte público em Leopoldina não é bom. Deixo destacado que não estou falando mal da empresa, estou me referindo ao modelo, que é definido pelo setor público, a empresa só coloca em prática aquilo que está previsto, porém com a pandemia isso não vem acontecendo.

Segundo o proprietário da empresa, em visita a Câmara dos vereadores, no dia 12 de Abril desse ano, estão circulando apenas 3 ônibus – fiquei na dúvida se seriam 6 pois são pronuncias parecidas. Esses ônibus atendem a 11 linhas, onde cada um está fazendo 2 a 3 linhas. O que explica o longo período de espera nos pontos.

Colocar 11 ônibus para rodar, com 11 motoristas e 11 cobradores, de modo atender todas as linhas, realmente é complicado. Ainda mais em alguns horários, onde o fluxo de pessoas é pequeno. Nesse sentido, a própria empresa vem fazendo alterações no transporte, definindo quantidade de ônibus que vão circular, assim como  horários, além de pressionar o setor público por  reajustes e até mesmo rever algumas gratuidades.
 
Percebo  muita interferência do setor privado na prestação do serviço. O setor público não pode ficar refém da iniciativa privada. Pedro Augusto tem que tomar as rédeas, fazendo com que a prefeitura passe a definir como será prestado o serviço, afinal foi eleito para isso. Volto a repetir, espero que a política do prefeito Pedro Augusto não se limite a apenas aumentar o valor da passagem, até porque, isso não melhora o serviço.

Nesse sentido, tem um projeto que acho muito interessante, que é Projeto de Integração.  Algo moderno, eficiente e prático  que vem sendo implantado em várias cidades. O Projeto de Integração é um modelo que unifica todas as linhas de ônibus, interligando toda a cidade. Ao invés dos ônibus circularem de bairro x bairro, passariam circular bairro x centro.

Para facilitar o entendimento vou citar um exemplo. Hoje a linha 08  faz   Serra Verde X Pedro Brito, circulando  por 9 bairros: Serra Verde, Limoeiro, Alto Cemitério, Bandeirantes, Centro, Pinguda, Alto Ventania, Quinta, Pedro Brito.  Com a redução dos ônibus, esse ônibus que deveria voltar para o bairro Serra Verde,  costuma fazer  outra linha, por exemplo a linha 6, Pedro Brito X Nova Leopoldina, que circula por 10 bairros: Pedro Brito, Quinta Residência, Alto Ventania, Praça da Bandeira, Seminário, Centro, Bela Vista, Nova Leopoldina e  Cidade Alta . Muitas das vezes, esse ônibus já entra em outra linha e por aí vai.

Como podem ver, um mesmo ônibus faz 2 a 3 linhas. Começa numa ponta da cidade e para em outra, onde emenda em outra linha que liga a outro extremo, por fim chega a rodar de 17 a 25 bairros, onde perde-se muito tempo cortando quase toda a cidade. Fica até difícil para a população entender esse modelo, pois uma hora o ônibus que passa no bairro vai para um lugar, outra hora para outro lugar, com isso as pessoas acabam sendo obrigadas a decorar todos os horários e rotas para conseguirem andar de ônibus. Quem é de fora da cidade ou mora aqui   mas não decorou ou usa pouco o ônibus, fica perdido e vai pro ponto sem saber que horas o ônibus vai passar e para onde ele vai.

No Projeto de Integração fica mais fácil entender, afinal, os ônibus circulariam apenas do Bairro x Centro, fazendo o bate volta.  Por exemplo, o ônibus que sai do bairro Cidade Alta, passaria pelo Nova Leopoldina, Bela Vista e Rodoviária, retornando novamente para a Cidade Alta, passando pelo centro.  Rodaria por apenas 3 bairros mais o centro, até porque, boa parte das pessoas que utilizam o ônibus vão para o centro, poucos vão de um bairro a outro.

Quem vai de um bairro para outro, no Projeto de integração é até melhor, afinal, o usuário terá acesso a toda cidade pagando apenas uma passagem. O que seria até uma economia para a população, que muitas das vezes, por falta de ônibus que liga seu bairro a outro, acaba tendo que pagar duas passagens, indo para o centro ou algum ponto que passa o outro ônibus, sendo que essa pessoa acaba ficando no meio da rua, em pontos sem nenhuma estrutura, sem   banco para sentar e proteção contra sol e chuva, esperando por horas, muitas das vezes com vontade de ir no banheiro. A falta de infraestrutura é outro problema do transporte em Leopoldina.

Muitos querendo economizar, ao invés de pagar duas passagens, acabam indo a pé até um ponto que passa o outro ônibus. Um morador da Cidade Alta que queira ir para o Solar, Imperador, Tomé Nogueira, Fortaleza, Três Cruzes, Posto Puris... acaba tendo que ir a pé até o viaduto do Bela Vista para pegar o ônibus na Avenida. Os que não podem ir a pé, pagam duas passagens.

Dentro do Projeto de Integração ninguém vai precisar andar a pé para economizar, como também não vai pagar duas passagens para chegar onde quiser, tendo em vista que será criado uma plataforma com estrutura tendo:  bancos, cobertura, banheiro, internet, TV e até lojas. Temos um local muito bom para isso, o estacionamento da rodoviária. Pode acabar com ele que não vai causar tanto impacto, até porque, aquela região da rodoviária tem muitas vagas. Do Cefet a garagem do Zé Brás o que mais tem são vagas. O acesso ao antigo SESI também é repleto de vagas e temos ruas próximas com bastantes vagas.

O estacionamento da rodoviária viraria Plataforma de Integração, onde todos os ônibus passariam por lá, rodando Bairro x Rodoviária, passando pelo centro. Algo muito mais rápido e econômico até para a empresa de ônibus, tendo em vista que ao invés de 11 linhas, que temos hoje,  com 6 linhas toda a cidade é atendida. Ou seja, ao invés de 11 ônibus, como deveria ser,  com 6 ônibus a empresa consegue prestar o serviço, ou seja, metade das linhas.  Uma economia  para a empresa.

Sendo as Linhas:

Linha 1: Tome Nogueira- São Sebastião– Solar – Imperador– Rodoviária/Centro

Linha 2: Cidade Alta –Nova Leopoldina – Bela Vista – Rodoviária/Centro.

Linha 3: Serra Verde – Limoeiro – Alto Cemitério- Bandeirantes- Seminário -  Praça do Rosário  - COHAB Velha– Centro -Rodoviária 

Linha 4 : Popular – Vale do Sol – Eldorado –COHAB Nova–Mina de  Ouro-  Praça da Bandeira - Rodoviária/Centro

Linha 5: Posto Puris – Quinta – Pedro Brito –Alto Ventania- Pinguda – Rodoviária /Centro *  - Via Alto da Serra

Linha 6:   Fortaleza/Oxalá – Três Cruzes –São Cristóvão - Rodoviária/Centro. Via Bahamas
 
Como podem ver, com 6 linhas rodando você consegue ligar toda a cidade, garantindo que todos os bairros  da cidade tenham ônibus com uma frequência maior. Já que os ônibus não vão rodar de um extremo ao outro, mas sim bairro ao centro, fazendo o bate e volta, com isso, não perde muito tempo.

Não poderia deixar de falar também das desvantagens desse modelo, afinal, não existe modelo perfeito. Todos têm falhas. No caso do Projeto de Integração eu destaco o gasto com a criação da plataforma, assim como seu funcionamento, mas para mim isso não é gasto, mas sim investimento. Outra desvantagem será para alguns usuários que acostumaram ir de um bairro a outro, onde no seu bairro tem ônibus direto e que no Projeto de Integração seriam obrigados a soltar na rodoviária e embarcar em outro, as vezes tendo que esperar um pouco. Em alguns casos, esse deslocamento é um pouco maior, por exemplo, uma pessoa que está na Praça da Bandeira e que queira ir para o Vale do Sol, ela teria que ir para a Rodoviária e de lá pegar o ônibus, gastando mais tempo que se fosse direto da Praça da Bandeira para o Vale do Sol, como é atualmente.  

Analisando os prós e os contras, acho que o Projeto de Integração muito melhor que o modelo atual, tanto para a empresa quanto para usuários. Afinal, será mais econômico para ambos. Espero que a prefeitura estude o projeto com carinho.  Discuta com a empresa de ônibus a possibilidade de isso ser implantado, debata com os vereadores, faça audiências públicas, referendo, consulta pública, enquete...

Cabe ao prefeito Pedro Augusto movimentar, não ficar parado, dormindo no ponto. Do contrário, vai passar o tempo  e o que ele terá para oferecer para a população será outro aumento na passagem.

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