09/02/2022 às 20h21min - Atualizada em 09/02/2022 às 20h21min

A polêmica do transporte escolar

Paulo Lúcio Carteirinho
Caminho da Escola (YouTube)
Depois do polêmico decreto que queria suspender o transporte de ônibus intermunicipal de circular dentro da cidade, obrigando a população ir até a rodoviária, o governo Pedro Augusto se vê numa nova polêmica, novamente envolvendo o transporte, dessa vez o transporte escolar.

Essa semana tivemos o retorno das aulas, onde alunos e seus pais foram surpreendidos com a suspensão do transporte escolar. Dessa forma, muitos alunos, que até então iam de transporte escolar, estão tendo que ir e voltar a pé. Fato que vem revoltando a muitos, como vem mostrando as redes sociais. O caso foi parar na Câmara dos Vereadores onde foi amplamente discutido e muitos dos representantes do povo manifestaram contra a atitude do governo e esperam que seja mantida o transporte escolar como estava.

Tentando minimizar as críticas, a prefeitura soltou uma “Nota Oficial” pra lá de confusa. Sequer tem assinatura de quem fez. Como diz o ditado: “filho feio não tem pai”.  Sem contar que não esclareceu nada, assim como nada também mudou pós ela. Muitos alunos, que volto a repetir, tinham acesso ao transporte escolar continuam sem ter acesso ao mesmo.

Eu não sei o que está por de trás da falta do transporte escolar nesse começo de ano. Espero que seja por questões burocráticas, como renovação de contrato ou realização de licitação. Não posso acreditar que exista a ideia de querer mudar as regras do transporte escolar deixando vários alunos sem acesso a ele.

Se alguém do governo Pedro Augusto teve a ideia de cortar o transporte escolar para alguns alunos, fique sabendo que foi uma péssima ideia, assim como foi a ideia de querer proibir o ônibus de circular dentro da cidade.
 
Se de fato essa ideia existe, esse tipo de coisa só pode partir de quem desconhece a realidade da cidade, assim como desconhece as dificuldades que um pobre passa para conseguir manter seu filho na escola. Quem propõem um corte desse muitas das vezes mora no centro da cidade ou se mora no bairro possui veículo que permite levar e buscar seus filhos/netos na escola ou consegue pagar transporte particular para isso, sem contar que na grande maioria das vezes esses alunos estudam em escola particular e não na escola pública.

 Duvido muito que uma pessoa que mora um bairro afastado e tem seu filho matriculado em escola pública apresentaria uma ideia dessa. Infelizmente, muitos que estão à frente do setor público não sabem por exemplo que um estudante que mora no bairro Popular ou Vale do Sol, que não tem escola no seu bairro, tem que ir até bairro Eldorado ou Quinta Residência para estudar.  Que um estudante que mora no bairro Serra Verde tem que ir até o Alto Cemitério ou no Centro para estudar. Assim como quem mora nos bairros Condomínio Verônio e Thomé Nogueira tem que ir até o Bela Vista.

Vale destacar que muitas das vezes o bairro onde moram até tem escola, porém a mesma, não suporta a quantidade de alunos que tem que receber. É o caso das   escolas dos bairros Bela Vista e São Cristóvão, que atendem alunos dos bairros:  Bela Vista, São Cristóvão, Cidade Alta, Nova Leopoldina, Jardim Bela Vista, Imperador, Solar, São Sebastião, Thomé Nogueira,  Condomínio Verônio. Quase que metade da população de Leopoldina.

Como poucas escolas, onde muitas escolas não aguentam uma demanda tão grande, muitos acabam tendo que estudar em escolas do centro ou em bairros distantes. Sem contar que os pais têm o direito de matricular seus filhos onde quiserem, muitos têm  preferência por uma escola específica e a partir do momento que a prefeitura corta de propósito o transporte escolar, deixa claro que visa obrigar os pais a matricular seus filhos nas escolas perto de casa e não onde eles acham que é melhor para seus filhos, os quais até podem ser matriculados onde os pais querem, mas não terá apoio da prefeitura, o que é lamentável.

Vale destacar que estamos falando de crianças, ao não fornecer transporte escolar muitas terão que ir e voltar sozinhas. Quando tem o transporte escolar, seus responsáveis levam até o ponto perto de casa e está resolvido. Quando não tem, esses responsáveis têm que se virar para levar e buscar na escola.

É bom destacar que muitos pais trabalham e com isso não conseguem levar e buscar seus filhos. Dessa forma, sem o transporte escolar muitos desses alunos se forem estudar e acredito que irão, terão que ir sozinhos. Correndo risco. Sem contar a questão do cansaço, já que terão que caminhar longa distância até a escola. Muitas das vezes, quase que de madrugada, tendo em vista que o primeiro horário de manhã é muito cedo, normalmente pegam 7 horas. Dependendo de onde moram, tem que sair bem cedo para tentar chegar no horário.  Tendo o transporte escolar, fica muito mais fácil.

E nos dias chuvosos, imagine o sacrifício que é ir e voltar da escola. Até mesmo nos dias ensolarados. Bom lembrar que estamos falando de crianças, que desde cedo aprendem como é difícil a vida do pobre.

Ao propor mudanças no transporte escolar, sem sequer apresentar as novas regras, debater com o conselho municipal, professores, sindicato, associações, pais, alunos e até mesmo com os vereadores, através de uma audiência pública, ouvindo o outro lado, a gestão do prefeito Pedro Augusto mostrou-se autoritária. Digna da política do coronel.

Mudar as regras do transporte escolar tornou a escola menos atrativa. Inclusive, incentivando a evasão escolar, assim como as faltas durante o ano letivo. Se não bastasse a pandemia que contribuiu por isso. Inclusive, essa semana vi uma pesquisa alarmante, que mostrou o aumento da evasão escolar, onde o número de crianças que não sabem ler e escrever aumentou em 66%. Será que Pedro Augusto quer aumentar esse número?

Dificultar o acesso ao transporte escolar tende a piorar a educação, por mais que o prefeito invista.  Do que adianta a escola ter ar condicionado se os alunos não vão nela ou vão menos que deveriam ir. Se chegam cansados, molhados, suados....  Não seria muito melhor investir no transporte escolar?

O governo Pedro Augusto está indo na contramão. Enquanto muitos governos visam facilitar o acesso a escola, como fez o presidente Lula criando o programa Caminho da Escola, enviando para os municípios diversos ônibus, inclusive temos vários em Leopoldina, o governo Pedro vem fazendo o contrário.  

Está mais do que provado que essa política de Menos Estado não funciona.  Ainda mais na educação, que é uma economia burra. Todo dinheiro aplicado na educação não deve ser visto como gasto, mas sim como investimento. Bom lembrar que o barato sai caro.

Espero que o prefeito Pedro Augusto volte atrás caso haja de fato mudanças no transporte escolar, mantendo como estava. Ninguém está pedindo nada demais, apenas a manutenção do serviço. Não tem porque mudar, ainda mais mudar para pior.

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