01/12/2014 às 08h54min - Atualizada em 01/12/2014 às 08h54min

A incapacidade dos gestores públicos

A grande maioria das cidades brasileiras poderia oferecer uma qualidade de vida muito melhor para os seus cidadãos e não vou entrar na seara da corrupção e da farra com o dinheiro público mas apenas na questão da gestão pública. Infelizmente muitos prefeitos e demais gestores espalhados por este Brasil não cuidam das contas e dos gastos municipais como se fosse em sua casa mas como se fosse na casa do vizinho.  Muitos, ao perderem uma eleição para um rival político tratam de “bagunçar” o máximo possível as contas da prefeitura entregando uma máquina administrativa totalmente desmantelada para o seu sucessor e rival político. Muitas vezes, a atitude mesquinha chega a ponto de ter como motivação a raiva da população que não o reelegeu ou não elegeu o seu aliado político. Por sua vez, muitos prefeitos sucessores não complementam obras em andamento por ter sido iniciada na gestão anterior, optando por destruí-la, iniciando uma nova obra.

Por conta destas e de outras atitudes atitudes, as dívidas públicas aumentam a cada gestão com benefícios mínimos para a população.  A maioria dos nossos gestores gasta muito, gasta mal, não sabe captar recursos e não se preocupa com as contas públicas.  Fazem obras superficiais apenas para agradar aos olhos da população, mas obras sem qualquer qualidade técnica  e que em pouco tempo, terá que ser arrumada ou até mesmo refeita. Em muitos casos, as decisões políticas são muito mais importantes que as decisões técnicas. Rede de esgoto ou show de música sertaneja na praça e de graça? O segundo é claro, afinal rende mais votos.

Muitos municípios brasileiros precisam de muita coisa: precisam de escolas de qualidade, professores melhor remunerados, segurança alimentar para suas crianças e grupos de vulneráveis, empregos, atração de investimentos produtivos nos setores industriais e na agropecuária, comércio forte, parques, jardins e áreas de lazer de qualidade, serviços públicos eficientes como coleta de lixo, de esgoto, água tratada nas torneiras, ruas iluminadas, calçadas, hospitais e postos de saúde eficientes com médicos e enfermeiros, segurança pública, ciclovias e transporte urbano eficiente. Parece que estou descrevendo o “país das maravilhas” e que esta “cidade perfeita” não existe, mas na realidade existe. Podem não ser 100% perfeitas mas chegam próximo a isto. Muitos países cobrando uma fatia muito menor de impostos conseguem oferecer para sua população uma qualidade de vida muito melhor em relação a que é oferecida aqui. Porque temos que construir nossas casas com muros altos, colocando cercas eletrificadas que parecem campos de concentração enquanto em várias cidades da Europa e dos Estados Unidos as casas nem muro tem? Porque em várias cidades européias os ciclistas podem pedalar tranquilamente nas ciclovias para o trabalho e lazer enquanto aqui temos que dividir  espaços com carros e motos com elevado risco de sofrer um acidente?  Porque somos obrigados a conviver com esgotos nos rios enquanto nos países mais desenvolvidos todo o esgoto é tratado?

Novamente, podemos afirmar que no Brasil não falta dinheiro mas falta gestão. Enquanto os nossos gestores continuarem a pensar como políticos e não como gestores oferecendo apenas migalhas a população, a nossa gestão pública estará fadada ao fracasso.

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