Ao abaixar a bandeira que carregou durante a eleição, na qual pintava com cores bem diferentes das apresentadas pelos tucanos, Dilma atordoou sua militância − a base social constituída pelo conjunto dos trabalhadores que foram às ruas e a elegeram –, o diferencial que permitiu a vitória.
O governo Dilma, de fato, até agora colocou em prática a agenda derrotada nas eleições com aumentos sucessivos na taxa de juros; com as MP’s 664-665, que restringem o acesso dos contribuintes a benefícios previdenciários; com um aumento dos impostos sobre o consumo; com a não correção da tabela do imposto de renda; com os cortes na educação; bem como com a recusa em se manifestar pelo imposto sobre grandes fortunas e pela Assembléia Constituinte da Reforma Política. Nós, trabalhadores e trabalhadoras, não a elegemos para isso!
O quadro, a meu ver, retraiu os militantes que estiveram nas ruas, distanciou ainda mais a direção do PT de sua base social, a qual o levou ao poder quatro vezes. Por outro lado, a despeito de uma surpresa inicial, a oposição e o PMDB se agigantaram e hoje agem como os detentores do novo mandato. Dilma e a direção do PT, por sua vez, se calam, e insistem no cumprimento da agenda de seus opositores, acreditando numa pacificação do enfrentamento político e social cada vez mais candente no país . Não! Isso não acontecerá, Dilma!
Ao manter esse posicionamento, que tem como conseqüências imediatas duros golpes na renda e no emprego dos brasileiros, o governo e a direção do PT alimentam a distensão em relação à sua base sindical, social e popular e fornecem combustível para a fogueira que seus opositores preparam com muito esmero. Dilma não faz um governo defensável!
Por que a elite deste país se empenha em espalhar o ódio e destruir o PT, mesmo que este esteja se empenhando em atender suas exigências, em última instância? Porque aos primeiros não interessa apenas impor sua política neoliberal, interessa também desarticular o partido como um todo e junto com ele sua base social, sindical e popular. Estes últimos, os protagonistas das principais conquistas dos trabalhadores nesta última década. O Partido dos Trabalhadores nada seria e nada conquistaria sem os Trabalhadores!
Desta forma me posiciono. Não defendo o que faz este governo, como também não compactuo com a crítica à direita, golpista em seu conteúdo, orquestrada pelos partidos oposicionistas e pelo próprio PMDB, com auxílio dos grandes grupos de mídia.
A saída que apoio é pela via democrática, é pela mobilização nas ruas, exigindo que Dilma, eleita com mais de 50 milhões de votos, cumpra seus compromissos de campanha, retirando das costas dos trabalhadores toda a responsabilidade de arcar com a crise do capitalismo.
Por isso apoio o ato deste dia 13 de março de 2015, encabeçado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Movimentos Sociais. Ato este que sai na defesa de pontos claros. São eles:
- Não às MP’s 664-665, que dificultam o acesso dos trabalhadores a benefícios previdenciários.
- Defesa da Democracia e da Constituinte Exclusiva pela Reforma Política.
- Defesa da Petrobrás e da Caixa Econômica 100 % estatal.
- Não à política econômica regressista e de caráter recessivo adotada pelo governo.
NENHUM DIREITO A MENOS! DIREITO SE AMPLIA, NÃO SE RETIRA!
CORRUPÇÃO SE COMBATE COM REFORMA POLÍTICA!
REFORMA POLÍTICA SE FAZ COM ASSEMBLEIA CONSTITUINTE EXLUSIVA E SOBERANA!
A PETROBRÁS É NOSSA, FOI CONQUISTADA NA LUTA E SERÁ DEFENDIDA NA LUTA!
CEF – 100% PÚBLICA
NÃO À POLÍTICA ECONÔMICA RECESSIVA!
Allony R. de C. Macedo