23/03/2015 às 14h27min - Atualizada em 23/03/2015 às 14h27min

A NOSSA COTA DE POLUIÇÃO

O Brasil está, desesperadamente, tentando pegar novamente o trilho do desenvolvimento econômico. Para isto temos que gerar cada vez mais matéria prima para as indústrias, estimular a sua atividade, gerar mais empregos, exportar, aumentar o consumo interno, dentre outros fatores específicos que deixo para os economistas comentarem. Mas, pagamos um preço muito caro por um crescimento sem planejamento, principalmente o setor ambiental e a população, e não precisamos ir muito longe para relembrarmos as nossas tragédias sociais e ambientais.

Cubatão, localizada na Grande São Paulo foi marcada por duas tragédias geradas pelo desenvolvimento desordenado. Nas décadas de 70 e 80, por conta da poluição das indústrias e a grande emissão de gases e partículas na atmosfera, diversas mulheres deram a luz a crianças com anomalias que se desenvolveram durante o período de gestação, principalmente sem cérebro e crianças que nasciam sadias adquiriam diversas doenças por conta da poluição atmosférica. Para complementar, uma tubulação que passava no meio da favela formada por operários e suas famílias explodiu matando dezenas de pessoas. E o amianto? Em suas minas no Brasil diversos operários adquiriram doenças relacionadas a este mineral, principalmente devido a exposição ao pó. Vários operários morreram, mas muitos ainda sobrevivem, em agonia, com câncer, principalmente nos pulmões, agonizando com dores contínuas, falta de ar, comprometimento da visão e dos movimentos. Não há indenização financeira que pague por este sofrimento.

Apesar de todo este nosso histórico de agressão ambiental e de comprometimento da saúde do ser humano, das leis ambientais existentes e dos órgãos fiscalizadores, atualmente em várias regiões do Brasil ainda é praticada a política de crescimento econômico selvagem, ou seja, o dinheiro pelo dinheiro. Os dados estatísticos clínicos, conforme descrito por profissionais da área de saúde, são claros. Indicam um maior número de atendimentos em postos de saúde e internações, principalmente de crianças e idosos, com problemas respiratórios em áreas onde a poluição atmosférica por conta das atividades industriais e de exploração, como a mineração, são mais intensos.

Será impossível crescer sem poluir? Será que não existem tecnologias de filtros e outros controles de poluição, principalmente do ar, que permitiriam a instalação de industrias gerando empregos e desenvolvimento, sem poluir? E os órgãos ambientais? Poucos fiscais, leis permissíveis e outros fatores que geram brechas possibilitando os empreendimentos produtivos poluir sem serem incomodados. Enquanto isto as populações das regiões com maior atividade industrial e de extração sofrem, não pela falta de emprego mas pela falta de saúde.

Enquanto o setor econômico exploratório no Brasil continuar e não investir na qualidade de vida de sua população, e no aprimoramento dos processos de redução da poluição, os processos chamados de P+L ou produção mais limpa, estaremos fadados a permanecer no 3º mundo dos países poluidores.

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